A vivência de denúncia e perdão de Daniel Pittet (foto acima), 58 anos, nascido em Friburgo, na Alemanha, causou-me impacto. Quando criança, sofreu abuso sexual, dos nove aos 13 anos, pelo frade capuchinho suíço Joël Allaz. Passou, segundo ele, por quase “200 atos de violação”, mas que bastaria apenas um para destruir a vida de uma pessoa. Após uma longa terapia decidiu narrar os fatos de maneira direta. Lançou o livro: “Te perdoo, padre” e o Papa Francisco o prefaciou.
Joël Allaz, com quem esteve em 2016, foi condenado em 2011 a uma pena de dois anos de prisão com suspensão condicional da sentença após um julgamento. Allaz reconhece ser “este pedófilo monstruoso que deixou uma série de vítimas”, mas garante que não tem mais “este tipo de impulso”.
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O autor afirma que muitas pessoas não conseguem entender que ele não o odeia. Perdoou-o e construiu sua vida em cima daquele perdão. No prefácio, o Papa Francisco escreve: “… que outros possam ler hoje o seu testemunho e descobrir a que ponto o mal pode entrar no coração de um servidor da Igreja. (…) Como pode uma padre, a serviço de Cristo e de sua igreja, causar tanto mal? Como pode ter consagrado a sua vida para conduzir as crianças a Deus e acabar, pelo contrário, por devorá-las naquilo que chamei de ‘um sacrifício diabólico’, que destrói quer a vida da vítima, como da Igreja?”
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Infelizmente, a pedofilia se encontra em diversos segmentos da sociedade e existem também leigos que cometeram esse “sacrifício diabólico” e, travestidos de bonzinhos, quando detidos, não se incomodam em tentar prejudicar, para sua defesa mentirosa, a família das vítimas. E há quem creia nesses tipos que se escondem atrás de pele de cordeiro e, na realidade, são procriadores das seitas satânicas.
Constantemente, volto ao tema em repúdio à tolerância a esse tipo de crime. Como disse Jesus Cristo: “Quem provocar a queda de um só destes pequenos que creem em mim, melhor seria que lhe amarrassem ao pescoço uma pedra de moinho e o lançassem no fundo do mar” (Mateus 18, 6). (foto acima: TV 2000it/Youtube)
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE
Com formação em Letras, professora, escreve crônicas, há 40 anos, em diversos meios de comunicação de Jundiaí e, também, em Portugal. Atua junto a populações em situação de vulnerabilidade social. Acesse o Facebook de Cristina Castilho.