Homem de cor, mulher de cor, senhor de cor, senhora de cor, menino de cor, menina de cor, gente de cor. Provavelmente, fora prova em contrário, são também cidadãos e cidadãs de cor, numa comunidade, numa cidade ou estado. Com essa marca registrada, atualmente em desuso, mas nos anos dourados quando era usada, só era substituída por crioulo, uma designação mais próxima e mais inspiradora para se referir aos pretos. Negro ou de cor?
Muito difícil para as pessoas da raça negra se encontrarem na sua construção de identidade, na nova terra, baseando-se principalmente na maneira como os brancos que tinham preconceito até de pronunciar as expressões ‘gente preta’, ‘gente negra’. Disfarçavam o preconceito, mas acirraram o racismo, porque evidenciavam, que a substituição para as palavras não pronunciadas eram principalmente por causa da cor da pele. E assim é até nos dias de hoje.
Usavam alcunhas aparentemente carinhosas como negão, negona, neguinho, neguinha, meia-noite, da lua, chocolate. E numa semântica desconhecida da maioria, tentavam cordialidades sem saber que estavam apenas trocando as palavras e dizendo de outra forma a mesma coisa. Parecia a eles mais suave e menos agressiva, o que na realidade deixava os negros entediados por serem detentores de tantos apelidos, sem necessidade e totalmente dissonantes da sua verdadeira identidade e/ou personalidade.
Consciência de classe seria consciência de cor? Todos sabemos que não. Apesar do silêncio e delírio, acredito que “Memória Viva Negra” soaria melhor, porém, quando o peso da nossa filosofia colidir com a realidade de que a vida é um caos e a mente mais ainda. Não coincide. A sabedoria do homem é o que enlouquece a Deus.
Os fortes podem sucumbir diante de uma situação real que se mostre ou apareça. É o eco que sempre escutamos, mas as vezes nos negamos a ouvir. O maior inimigo é o próprio peso dos nossos pensamentos. Ninguém quer ficar como se dizia antigamente, com peso na consciência…
Como uma pessoa que passa anos falando de superação, é afrontado pela sua própria impotência? Não devemos desafiar os limites da existência, nada para transcender as fraquezas humanas, diante da mentalidade do mundo, a fragilidade da vida.
Estamos fazendo o possível, continuaremos propagando nossas ideias, espalhando nosso contentamento com os resultados que já alcançamos com políticas públicas e vamos adiante com o afrofuturismo, brotando novas sementes, florescendo belos sorrisos, para que o pretagonismo alcance seus objetivos, consciência e intencionalidade, para coibirmos certos comentários e escrevermos a que viemos e porque estamos aqui.
Qual o nosso lugar na escalada dos nossos direitos e os verdadeiros valores no ato contínuo da igualdade? Todo revés é preparação para um evento maior.
Não confundam semente com semântica. Não se pode olhar para o mar, tentando visualizar e atingir de cara o fundo. Ele poderá nos engolir e fazer com que isso aconteça, antes que alcancemos nosso intento. No entanto, não enfrente a vida, só vá em frente. Devagar, devagarinho, sabendo onde quer chegar. Como a sabedoria milenar do povo africano e o acalorado samba-enredo Quizomba, da Vila de Noel e do Martinho: Valeu Zumbi, o grito forte dos Palmares!
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CONSCIÊNCIA E INTENCIONALIDADE
Ou o poema de minha autoria para fortalecer essa fala: “Não ria da quizomba, é só uma dança primitiva de Angola. Senão, vais cair na quizumba. E saiba que hiena não é onça. Falo do Exu com exuberância. Africanidades históricas devem ser respeitadas. Afinidades histéricas devem ser reprimidas. Respeito é sinal de elegância”. Lugar de preto é na excelência das grandes conquistas!(Foto: PNW Production/Pexels)
LUIZ ALBERTO CARLOS
Natural de Jundiaí, é poeta e escritor. Contribui literariamente aos jornais e revistas locais. Possui livros publicados e é participante habitual das antologias poéticas da cidade.
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