O vereador Paulo Sérgio Martins(PSDB) se emocionou, na sessão do último dia 8, quando revelou que não concorrerá nas eleições à Câmara em 2028. “Esta é a minha última legislatura”, afirmou de supetão. Mais tarde, o parlamentar explicou que ficou comovido não pelo fim do ciclo mas pelas vitórias que conseguiu no Legislativo. Ele se elegeu pela primeira vez em 2009, quando emplacou propostas polêmicas como o Aumento Zero para vereadores e o Voto Aberto. Depois de 2009 se reelegeu em 2012, 2016, 2020 e 2024. O Jundiaí Agora entrevistou Paulo Sérgio Martins:
O senhor disse, na sessão do dia 8, que o corpo e a mente não estão ajudando mais. O senhor está com problemas de saúde?
Não estou doente. Estou cansado e por enquanto dá para tocar os trabalhos na Câmara e na Polícia Civil. Estou respondendo por dois distritos, o 4º e o 6º, que foram unificados. Tive um câncer. Tirei um rim. O outro não trabalha por completo. Não é isso que me atrapalha. Acho que já dediquei meu tempo o suficiente. Ainda tenho 240 projetos tramitando e quero ‘matá-los’ nesta legislatura.
Na legislatura passada havia vereadores com discurso religioso. O senhor disse, inclusive, que se sentia vítima de preconceito por ser umbandista. Nesta legislatura está claro que há vereadores de extrema direita. Isto tudo está afetando sua cabeça?
Minha cabeça é forte. Os discursos de direita, de esquerda, de intolerância religiosa me irritam, mas não me afetam. Toda vez que houver desrespeito responderei no mesmo tom, inclusive com aparo legal e eventual medidas cabíveis. Mas não é este o caso. Os vereadores desta legislatura estão muito respeitosos. Entendo a fraqueza de cada um…
Paulo Sérgio, do seu primeiro mandato até hoje, o nível dos debates na Câmara caiu?
O nível de debates no Legislativo de Jundiaí tem altos e baixos. Procuro apaziguar os ânimos nas discussões mais acaloradas, nas questões ideológicas, partidárias ou quando se discute problemas que não afetam a cidade. Sempre tivemos vereadores bons e temos aqueles que precisamos respeitar a opinião…
A sua saída da vida política coincidirá com a aposentadoria na Polícia Civil?
Não. Pode ser que saia da Polícia Civil antes de terminar esta legislatura. Vamos ver até quando aguento. São 49 anos de polícia. Adoro o que faço, adoro ser delegado. Porém, preciso já me preparar para eventual aposentadoria nas duas atividades. Se tiver que aguentar mais um tempão na polícia, eu aguento. Porém, a minha promessa pública é de que essa será a minha última legislatura na Câmara.
Hoje a Câmara conta com vereadores progressistas. Até o ano passado, o senhor era o único parlamentar que defendia os direitos dos LGBTs e dos praticantes de religiões de matriz africana. Deve ter recebido muitos votos destas comunidades. Se em 2028 ninguém que tenha este perfil for eleito, como ficará a representatividade destas comunidades?
Sou da Umbanda e da maçonaria. Faço parte das duas. A maçonaria me ajuda muito e isto precisa ser exaltado. Quando se é espiritualista, umbandista, maçom, a responsabilidade e postura devem ser muito maiores. Vamos procurar quem da comunidade poderá continuar este trabalho, inclusive defendendo a pauta LGBT+. Neste caso, não se trata de uma pauta progressistas. É algo que existe e todos devem respeitar. Pode não gostar, não entender. Mas, o respeito é primordial. E isto também se aplica à Umbanda, Espiritismo ou Candomblé.
Se receber pedidos do seu eleitorado poderá mudar de opinião, Martins? Mais: poderá se candidatar a deputado nas eleições de 2026?
Meu eleitorado entende que meu ciclo está acabando. Consegui o que eu queria na Câmara. No dia 8 me emocionei porque sempre briguei pela sessão noturna, fim dos votos secretos e Tribuna Livre. Quando falam que a Tribuna Livre é uma pauta ideológica é mentira. Em 2009, quando fui eleito pela primeira vez, já pedia isto. Não tenho pauta nem da extrema direita nem da extrema esquerda. Mas existe progressismo tanto na direita como na esquerda. Quanto a uma possível disputa para deputado, é muito difícil. Estamos conversando internamente no PSDB para que o partido tenha protagonismo nas duas próximas eleições. Contudo, não será através de mim. O PSDB não é um partido de aluguel e precisa ter discussões mais democráticas. O PSDB é raiz em Jundiaí. Algumas pessoas usaram a sigla para se elegerem e não entenderam que a cidade não é de esquerda ou direita. Jundiaí é centro direita. Infelizmente, o partido foi usado e depois deixado de lado por questões pessoais e perdemos o protagonismo. Temos nomes muito bons como o Miguel Haddad, Wagner Ligabó, Romildo Antônio e muitas outras.
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