O Diretório Municipal do Novo foi extinto em Jundiaí. A ordem veio de cima, do Diretório Nacional, e é o que mais incomoda os filiados locais, segundo o ex-presidente Luiz Biondi(foto). O processo passa pela volta ao partido do deputado federal Ricardo Salles, o ex-ministro do Meio Ambiente do governo Jair Bolsonaro, e que é lembrado pela frase infeliz: “vamos deixar a boiada passar” para mudar regras da pasta que comandava, enquanto a imprensa estava preocupada com a cobertura da pandemia de Covid. Biondi conta que está no Novo desde 2018. No ano passado, foi eleito presidente e através de suas articulações trouxe de volta Ricardo Benassi. A partir daí, costurou a composição entre o Novo, o União Brasil de Gustavo Martinelli e outros partidos. O resultado foi a vitória no segundo turno das eleições municipais. Segundo os bastidores políticos, Salles quer que o ex-vereador e ex-candidato a vice-prefeito pelo PL, Antônio Carlos Albino, assuma o Novo de Jundiaí. Biondi enfatiza que não tem nada contra nenhum nome. Para ele e para os filiados, o problema está na forma como todo o processo foi conduzido, sem democracia, sem transparência e sem respeitar o mérito dos que conseguiram vencer as últimas eleições municipais. Luiz Biondi conversou com o Jundiaí Agora:
Quando e por que o diretório municipal do Novo foi extinto?
Oficialmente não recebemos o comunicado oficial, embora já tenhamos pedido informações ao Diretório Estadual, ao nosso presidente, Christian Lohbauer, que não é conivente, até onde sei, com esta atitude tomada pelo Diretório Nacional. Precisamos lembrar que há algum tempo, quando o então deputado do PL, Ricardo Salles, veio para o Novo, houve um acerto com Diretório Nacional. Salles exigiu que em algumas cidades, os indicados dele estivessem à frente dos diretórios locais. São seus companheiros, por exemplo, das eleições de 2022, quando ainda estava no partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. Jundiaí é uma destas cidades e não aceitamos isto. A pessoa indicada por Salles, pelo que sabemos, não é nem filiada ao Novo. O Estatuto do partido veta isto. Para se dar um jeito burocrático, o Diretório Nacional extinguiu o diretório de Jundiaí para colocar o nome indicado por Salles à frente da sigla na cidade. Isto vai contra todos os valores do Novo. Sem contar que fui reeleito democraticamente em março último. O Diretório Estadual chancelou a nossa vitória. E, para nossa surpresa, o Diretório Nacional não concordou. Como a pessoa indicada por Ricardo Salles não é filiada ao partido, optaram por extinguir o Diretório Municipal. Jogaram fora o trabalho do Novo local que existe há 10 anos e cobra mensalidade de quase 200 filiado. Ainda não ocorreu a formalização mas já perdemos o acesso à gestão do partido. Somos agora todos meros filiados à mercê da escolha do deputado. Fizemos uma reunião com os filiados e decidimos que continuaremos filiados até o momento que não for mais possível…
Como avalia essa decisão?
Para mim é um contrassenso político. Como agiram, desprestigiaram o grupo político do vice-prefeito Ricardo Benassi. E eu me incluo nesta situação já que entrei para a presidência do partido para trazer o Ricardo de volta ao partido. Fizemos a campanha que foi vitoriosa. Entre os vices do Novo eleitos em todo Estado, Jundiaí é a maior cidade. Por outro lado, o deputado Ricardo Salles vem do PL, o partido que perdeu as eleições em Jundiaí no ano passado. Creio que Ricardo Benassi deveria ter tido a prioridade. Ele deveria ter sido consultado sobre as mudanças. O acordo feito não levou em consideração a nossa vitória, número de votos, e o mérito da nossa conquista. O Novo sempre pregou a meritocracia, o fazer valer, o valorizar. Infelizmente, este não é o caso para Jundiaí neste momento. Continuo acreditando no Novo. Porém, algumas pessoas que estão no partido não nos representam já que fui eleito e represento a vontade da maioria dos filiados locais.
Como fica a situação de Ricardo Benassi e de outros integrantes do Novo que hoje fazem parte da Administração?
Sobre eles e os outros filiados, os valores princípios do Novo são também valores de todos. O Novo só é o Novo por causa das pessoas que fazem parte dele. Por isto tínhamos o método de seleção de ingresso, análise do currículo. Não era aceito qualquer tipo de filiado já que o interessado deveria estar aliado aos valores do partido. Além disto, a pessoa deveria estar preparada para assumir responsabilidades. Enfim, no Novo, não era qualquer um que poderia ser filiado e nem todo filiado poderia ser candidato. Em Jundiaí, com a ordem unilateral do Diretório Nacional, isto não foi respeitado. Esta ordem feriu tudo o que acreditamos. Agora, estamos pensando em grupo. A permanência ou saída vai depender de cada um. E cada um deverá arcar com as consequências. Somos liberais. Ricardo Benassi, assim como eu, gosta muito dos ideais do partido. Eu permanecerei filiado até um segundo momento. Permanecerei como uma liderança junto aos filiados raiz. Estas pessoas estão indignadas com a decisão do Diretório Nacional. Hoje temos especulações de quem seriam os indicados. Contudo, sendo por indicação e não por mérito e democracia, esta decisão vai contra o que acredito.
Quem irá assumi-lo? O ex-vereador e ex-candidato a vice-prefeito, Antônio Carlos Albino, conforme comentários de bastidores?
Pode ser que seja ele. Pode ser que seja alguém do grupo deles. O que sabemos que é será alguém do PL. Ainda não há nada oficial. E que fique bem claro: não tenho nada contra estas pessoas. Sempre fui bem recebido por todos. O problema é como todo o processo aconteceu, de forma autoritária, unilateral, extinguindo o atual diretório. O outro será composto de forma provisória, com pouca relevância no meio político porque não terá nem CNPJ. Tudo isto porque o atual grupo político que representa o Novo não atende as expectativas do Ricardo Salles. Ele quer que o grupo dele, do PL, assuma. Isto pode ser comum em outros partidos mas vai contra tudo o que o Novo prega. Eu não concordo com este processo que, na verdade, deveria ter sido feito de forma democrática. Houve até um movimento de desfiliação em massa, o que não é nosso interesse agora. Fizemos uma carta aberta que deixa claro que o problema não tem a ver com a pessoa que assumirá e sim a maneira como a situação foi tratada pelo Diretório Nacional, que conversou com o deputado, que não é do Novo, e tomaram uma decisão que foi enfiada ‘goela abaixo’ do partido em Jundiaí. Não aceitaremos que isto ocorra. A democracia é sempre a melhor ferramenta. Uma pena o Novo estar vivendo isto hoje aqui na cidade…
Qual será o futuro do Partido Novo em Jundiaí?
Torço muito para que tenha sucesso. Tenho admiração e apoio a deputada federal Adriana Ventura, que melhor representa Jundiaí na Câmara, em Brasília. Sei dos valores dela. Seria um prazer enorme trabalhar para ela, caso fosse candidata aqui da região. Tenho certeza que estes acordos de bastidores não teriam ocorrido se ela estivesse participando de todo o processo que terminou com a extinção do nosso diretório. Temos muitos outros, como o governador Zema. Mas temos que tomar cuidado com o pragmatismo e atropelo do Diretório Nacional, que não é composto por eleitos. Este episódio na cidade, apesar de triste, reforça o quanto nós crescemos e como estamos incomodando. A ponto de um deputado que nem é de Jundiaí ter um interesse enorme no partido porque sabe do valor que temos. Quando ele foi candidato nunca teve interesse no Novo de Jundiaí. Será que éramos o patinho feito e viramos um cisne laranja, bonito, que faz brilhar os olhos de outras pessoas? Não deveríamos ceder a estes caprichos. Pelos filiados, irei até onde me for permitido. Não farei nada ilegal, nada imoral, para combater um adversário que hoje, infelizmente, está dentro do nosso partido.
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