Vivemos uma transformação profunda, impulsionada pelas redes sociais, onde o critério de valor não é mais o mérito ou a profundidade, mas sim a visibilidade e o engajamento. Assistimos todos os dias uma enxurrada de conteúdos, muitas vezes falsos e enganosos, levando muitos a crerem em coisas que em essência não são verdadeiras. Por isso a necessidade de cuidados com as redes sociais.
Sobre esse tema, gostaria de apresentar um resumo de um artigo que enfrenta com muita propriedade esse tema. Sob o título “O Amadorismo Medíocre Querendo Impressionar na Era das Redes Sociais”, do autor e escritor Oliver Harden, encontramos um diagnóstico dessa época como a da “incompetência que se traveste de autenticidade”, onde a mediocridade, antes silenciada pelo constrangimento, agora utiliza “megafones luminosos e algoritmos a seu favor”.
O texto aponta o dedo para os chamados “influenciadores”, descritos como “uma legião de semi-alfabetizados emocionais que confundem opinião com pensamento, exposição com expressão e publicidade com propósito”. Harden argumenta que esse fenômeno é um sintoma claro de uma civilização que “perdeu o senso de hierarquia intelectual e estética”.
Algumas plataformas de redes sociais, embora prometam democracia, acabaram por nivelar o espaço público por baixo, priorizando a presença e o ruído em detrimento do mérito e da profundidade.
O ensaio detalha a figura do novo profeta digital: o amador que se sente no direito de ensinar por ter acumulado curtidas, não porque há saber genuíno.
- “O novo profeta digital é o amador que acredita possuir algo a ensinar porque acumulou curtidas. Ele fala sobre tudo, e, ao mesmo tempo, não diz nada.”
- “O que ele vende, contudo, não é conhecimento, mas distração, e não oferece reflexão, mas dopamina.”
O perigo, segundo o autor, ultrapassa a mera superficialidade. O cerne da questão reside na “transformação da ignorância em virtude”. A celebração não é mais da ideia ou do talento, mas da visibilidade e do engajamento.
Esse cenário reflete uma sociedade “cansada de pensar e fascinada por parecer”. Cada publicação é vista como “um altar erguido ao narcisismo, o eu encenando sua própria importância, mendigando relevância num mercado saturado de egos inflados.” O que deveria ser um espaço de diálogo e de construção do espírito crítico se transformou em um “shopping existencial”, onde produtos inúteis e a própria alma são negociados com o mesmo entusiasmo.
A banalização do espírito emerge de uma promessa tecnológica nobre: o acesso universal à voz. Contudo, Harden questiona o resultado dessa democratização: “No entanto, quando todos falam e poucos pensam, o ruído se torna ensurdecedor. As redes sociais democratizaram o microfone, mas não o intelecto.” A ágora (praça pública como espaço de discussão) virou feira, o diálogo virou eco, e a expressão, autopromoção.
O amadorismo medíocre é, em última análise, o “espelho moral do nosso tempo”, que prioriza o desejo de impressionar em vez de compreender, e de ser seguido em vez de ser digno de seguir.
O artigo se encerra com uma ponta de esperança de que um dia a humanidade volte a valorizar a luz que ilumina, que é “a do espírito que se interroga”, e não apenas a luz da tela do aparelho eletrônico. Até lá, o autor lamenta que permaneçamos reféns de uma época de “tanto ruído, e tão pouca voz.”
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Como professor de Direito do Consumidor, vejo todos os dias nas redes sociais uma enxurrada de propagandas enganosas, de falta de ética profissional, de gente vendendo o que não tem condições de entregar, entre outras graves situações, que demandam maior atenção e fiscalização do Poder Público na defesa do interesses difusos e coletivos, bem como de maior participação e denúncias por parte da população em geral.
E nós, como temos usado as redes e como podemos nos proteger e aplicar filtros adequados para tanto charlatanismo, de tanta gente que explora a boa-fé do povo?(Foto: Bruno Peres/Agência Brasil)

CLAUDEMIR BATTAGLINI
Advogado, Especialista em Direito Ambiental, Professor Universitário, Promotor de Justiça (inativo), Presidente da Comissão de Meio Ambiente da OAB Subseção Jundiaí e Vice-presidente do COMDEMA Jundiaí 2023/2025. E-mail: battaglini.c7@gmail.com
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