O Mind Summit 2025, realizado em São Paulo, reuniu executivos, especialistas e pesquisadores de diferentes países para discutir o futuro do trabalho, da liderança e das relações humanas nas organizações.
Mais do que um evento, o Mind Summit foi um alerta de que a saúde mental e o potencial humano passaram a ocupar o centro das decisões corporativas. Ao longo do encontro, ficou evidente que o cuidado com as pessoas é hoje uma vantagem competitiva e uma questão estratégica para a sustentabilidade dos negócios.
E essa discussão se conecta diretamente com a nova NR-1, que entra em vigor em maio de 2026. A legislação brasileira dá um passo inédito ao reconhecer que saúde mental e segurança psicológica também são temas de prevenção e gestão.
Embora as empresas tenham tido todo o ano de 2025 para se preparar, capacitar gestores e fortalecer ambientes saudáveis, especialistas afirmam que o Brasil ainda não está pronto para aplicar a norma em sua essência.
O alerta é o mesmo que ecoou no Mind Summit: não basta cumprir a lei, é preciso transformar a cultura. O evento reposicionou a saúde mental e a potencialidade humana como alavancas estratégicas de negócios, reforçando a urgência de uma mudança de mentalidade antes mesmo que a exigência legal se consolide.
A pesquisadora, professora da Harvard Business School e autora do livro, Organizações sem Medo, Amy Edmondson, foi uma das vozes mais aplaudidas do evento. Questionada sobre como enxerga os benefícios da nova regulamentação brasileira, Amy respondeu:
“Eu tenho uma reação mista. Por um lado, celebro o reconhecimento, por parte dos formuladores de políticas, de como é importante construir organizações onde as pessoas se sintam psicologicamente seguras o suficiente para dizer a verdade. Acredito que isso é essencial, porque nós, como seres humanos, somos aprendizes e criaturas sociais. Precisamos nos conectar, sermos abertos e honestos sobre o que pensamos, sentimos e ambicionamos. Por isso, celebro o reconhecimento de que isso é importante para as empresas e para o Brasil como sociedade. Por outro lado, me preocupo que, quando transformamos isso em regulamentação, possamos ter consequências não intencionais, como o medo de falar sobre o que ainda falta. Quando reconhecemos que se trata de um processo em construção, é importante que as pessoas não tenham medo de apontar lacunas ou desafios.”
A fala de Amy sintetiza um ponto crucial: segurança psicológica não se impõe por norma, se constrói pela cultura.
O especialista britânico Scott Chambers, em entrevista à Exame, compartilhou percepção semelhante ao afirmar que “o Brasil ainda não está preparado para a NR-1”. E talvez ele tenha razão. Ainda há empresas que tratam o bem-estar como discurso inspiracional, e não como estratégia real de gestão de pessoas.
O consenso é claro: não há inovação sem bem-estar, nem performance sustentável sem segurança psicológica. A nova norma não é apenas uma formalidade; é um convite para repensar comportamentos, revisar práticas e consolidar uma nova mentalidade sobre o cuidado com as pessoas.
Criar ambientes psicologicamente seguros exige exemplo, coerência e escuta ativa. Não há espaço para inovação quando o medo de errar ainda dita o comportamento das equipes. E é por isso que a liderança é o elo central entre o que a lei propõe e o que a cultura realiza.
A aplicação real da NR-1 não começa em 2026, começa agora. Ela acontece toda vez que um gestor escolhe ouvir em vez de punir, reconhecer vulnerabilidades em vez de esconder e abrir espaço para conversas reais sobre propósito, pressão e equilíbrio.
O risco é transformar essa importante mudança em mais um checklist burocrático, quando ela poderia ser o divisor de águas entre o discurso e a prática da liderança.
A comunicação também ganhou destaque no Mind Summit como pilar essencial para o sucesso dessa transição. É por meio dela que se constroem confiança, engajamento e pertencimento.
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Empresas que desejam se preparar precisam desenvolver uma comunicação empática e coerente, onde o que se fala está alinhado ao que se faz. Porque não existe segurança psicológica onde as pessoas não se sentem ouvidas.
A nova legislação não veio para punir, veio para provocar. Para que o cuidado deixe de ser discurso e se torne prática.
O Mind Summit 2025 deixou uma mensagem clara: a saúde mental é pauta de gestão. E as organizações que compreenderem isso primeiro sairão na frente: mais conscientes, mais humanas e, consequentemente, mais sustentáveis. Porque cuidar de pessoas é, e sempre será, cuidar de resultados.(Foto: Nicola Barts/Pexels)
DANY MORAES
Consultora de Projetos de Recursos Humanos e Educação Corporativa. Atua na área de Gente & Gestão há 20 anos, com especializações em Felicidade e Qualidade de Vida no Trabalho, Inteligência Emocional e Líder Coach. Contatos: E-mail: dany.moraes@gmail.com. Instagram: @soudanymoraes. LinkedIn: daniela-moraes-marques.WhatsApp: 11 982659384. Acesse também: @sejaexpandente
SAIBA MAIS SOBRE GENTE & GESTÃO
Gente e Gestão é uma expressão que se refere ao conjunto de práticas, políticas e processos relacionados à gestão de pessoas dentro de uma organização, engloba todas as atividades e estratégias voltadas para o desenvolvimento, motivação, engajamento e bem-estar dos colaboradores de uma empresa. Isso inclui recrutamento, seleção, treinamento, desenvolvimento de carreira, avaliação de desempenho, remuneração, benefícios, comunicação interna, cultura organizacional, entre outros aspectos que impactam diretamente o capital humano e o ambiente de trabalho.
A expressão Gente e Gestão enfatiza a importância das pessoas como um dos principais ativos de uma organização e reconhece que uma gestão eficaz dos recursos humanos é fundamental para o sucesso e sustentabilidade do negócio. E também ressalta a necessidade de uma abordagem humanizada e centrada nas pessoas na condução das atividades relacionadas à gestão de talentos dentro da empresa e a produtividade sustentável. (Foto: Kaboompics.com/Pexels)
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