Escravas sexuais: Os detalhes da operação da PF que chegou a Jundiaí

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A Polícia Federal realizou, na última quarta-feira(10), a Operação Alícia, destinada a desarticular uma organização criminosa responsável por aliciar mulheres no Brasil e providenciar transporte aéreo para o exterior. Na Espanha, elas eram mantidas como escravas sexuais: eram ameaçadas e viviam em condições degradantes. Foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão por tráfico internacional de pessoas, expedidos pela 2ª Vara Criminal Federal de São Paulo. Agentes da Polícia Federal(PF) estiveram em Jundiaí cumprindo mandados. Não foram divulgadas informações específicas sobre a ação na cidade.

De acordo com o jornal Metrópoles, três aliciadores foram presos: um homem e duas mulheres. Outras duas pessoas foram presas na Espanha. No total, 28 brasileiras que eram mantidas como escravas sexuais e que foram resgatadas pela Polícia Nacional da Espanha, na cidade de Álava, viviam em condições desumanas e eram obrigadas a ter relações com até 15 homens por dia. As brasileiras foram libertadas em junho deste ano, com outras cinco estrangeiras, em uma operação da polícia espanhola. A partir disso, foi possível identificar os aliciadores e outros integrantes da organização criminosa.

As vítimas do grupo, segundo a Polícia Federal, eram garotas de programa em situação de vulnerabilidade, que atendiam em casas noturnas de diferentes cidades. Além de Jundiaí, foram cumpridos mandados em São Paulo, São Pedro(SP), Ubatuba(SP e Rio das Ostras(RJ). Os aliciadores se aproximavam, oferecendo clientes estrangeiros, melhores condições de trabalho e mais recursos. Estima-se que a organização criminosa tenha obtido aproximadamente R$ 40 milhões com o tráfico de pessoas. O montante foi bloqueado judicialmente.

“Quando elas chegavam à Espanha, as condições eram completamente diferentes daquelas prometidas. As passagens aéreas de retorno eram canceladas, o passaporte ficava com a organização criminosa, e as condições eram degradantes”, disse o delegado da PF Daniel Coraça, ao Metrópoles.

Conforme a Polícia Federal, elas não podiam, por exemplo, recusar clientes. Tinham de fazer até 15 programas por dia. Se os clientes fossem viciados e quisessem drogas com as vítimas, elas eram obrigadas a fazê-lo. Tudo isso ocorria sob a ameaça dos criminosos, que tinham ramificação no Brasil. Diziam que conheciam os parentes, a mãe, os filhos. Elas ficavam com medo.

Ainda segundo o delegado, com o objetivo de despistar as autoridades, as mulheres mantidas como escravas sexuais eram transferidas de cidades regularmente pela quadrilha. Elas eram levadas para grandes imóveis alugados, sempre sob a vigilância de pelo menos um dos criminosos. Os “clientes” eram atraídos até o local por meio de anúncios na internet. Até o momento, não há indícios de que eles soubessem das condições em que as mulheres se encontravam.

“Os valores pagos não ficavam com elas, ficavam com a organização. Ficava muito pouco com elas. Como se isso não bastasse, ainda havia uma dívida que a organização criminosa cobrava por hospedagem. “Eles diziam às mulheres que elas tinham dívida de 400 euros por estar hospedada. Então, qualquer lucro que elas tinham era usado para isso, e virava uma dívida enorme, impagável”, explicou o delegado da PF.(Foto: Cottonbro Studio/Pexels/meramente ilustrativa)

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