Um enorme museu ao ar livre! Assim é considerada a cidade de Ouro Preto (MG), classificada pela Unesco como Patrimônio Histórico da Humanidade. Entre ladeiras, casarios, monumentos, minas, igrejas e museus, é possível fazer uma viagem aos séculos 18 e 19 e contemplar cenários que remetem ao ciclo da mineração e à Inconfidência. Berço dos grandes gênios do barroco, Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814), e Manuel da Costa Athaíde (1762-1830), as igrejas ouropretanas revelam esculturas e pinturas magníficas, como os anjos esculpidos em madeira, que estão na Matriz Nossa Senhora do Pilar; o altar construído com mais de 400 quilos de ouro e o teto tomado pela arte do mestre Athaíde. Sem falar nas pinturas, que parecem ter vida própria.
Outro atrativo são os altares das igrejas Nossa Senhora da Conceição e São Francisco de Assis, com detalhes em pedra-sabão. Engana-se, porém, quem pensa que a cidade é apenas um lugar para visitar museus e igrejas. Repleta de repúblicas de jovens da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), a noite é animadíssima, com barzinhos e muita música ao vivo. E coloque disposição em seu roteiro. Para visitar Ouro Preto, é preciso andar, andar e andar. Mas, vale o esforço para conhecer tanta beleza.
Segue agora uma sugestão de roteiro, para os aventureiros que procuram diversão aliada à cultura:
Ouro Preto é belíssima logo ao amanhecer, quando a bruma envolve toda a região serrana. Comece seu passeio bem cedinho. Ande pela cidade, observe os prédios coloniais e o nascer do sol. Tome um reforçado café da manhã e prepare-se para caminhar pelas ladeiras. Comece o seu tour pela praça Tiradentes, onde está o marco dedicado a Joaquim José da Silva Xavier – Tiradentes (1746-1792), um dos mártires da Inconfidência. Desça em direção à rua São José, pela rua Conde de Bobadela, a famosa “rua Direita”, por estar localizada ao lado direito do monumento a Tiradentes. No caminho de paralelepípedos, você conhecerá o Casario Antigo, a casa com a menor fachada do mundo e a Casa dos Contos, onde até o próximo dia 22 estará a exposição “A religiosidade na arte de Hélio Petrus”, com quadros esculpidos em madeira, que retratam cenas religiosas, como a “Última Ceia”.
Dê uma paradinha para o almoço e desfrute das delícias da culinária mineira. Depois, visite o Museu da Inconfidência, que abre a partir do meio-dia. Passe pelo Teatro Municipal, o mais antigo do Brasil e siga em direção às Igrejas de Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora do Pilar e São Francisco de Assis. Vale a pena dar uma voltinha no largo de Coimbra, onde é montada uma feira de artesanatos em pedra-sabão. Siga em direção ao Museu do Oratório, que está localizado no anexo da Igreja Nossa Senhora do Carmo, e acompanhe o espetáculo de música erudita sob a direção da organista Elisa Freixo. Veja também o acervo do Museu de Ciência e Técnica, localizado no antigo Palácio dos Governadores. Depois, visite o Museu de Guignard e as casas de Tomás Antônio Gonzaga (autor de Marília de Dirceu), Cláudio Manoel da Costa e Bernardo Guimarães.
Após contemplar tanta beleza, volte para pousada, descanse e prepare-se para aproveitar a noite. Se dispuser de mais alguns dias na cidade, não deixe de conhecer os municípios vizinhos – Mariana, Chico Rei e Passagem. E o Parque do Itacolomi, uma reserva natural com mais de 7548 hectares de belas e misteriosas paisagens.
Culinária mineira irresistível – Quem consegue resistir a um feijão tropeiro, tutu à mineira, lombinho, torresmo na pururuca ou aquele frango com quiabo? Irresistível, não é? A comida mineira é rica em sabor, por isso conquista tantos paladares. Recebeu influências africanas, portuguesas e indígenas. Seus principais ingredientes são: a carne de porco, galinha caipira, quiabo, couve e fubá. E entre os temperos que garantem o inconfundível sabor estão o “ora pronobis”, planta da família dos cactos, e o cheiro verde. A sobremesa não é menos farta e nela está uma das melhores combinações já inventadas: o Romeu e Julieta, a perfeita união do queijo fresco de Minas com a goiabada. Sem contar os doces de leite, mamão e abóbora. Dá até água na boca!
Tradição – Não só a culinária mineira é sucesso em todo o Brasil. Além da famosa cachaça, o licor de jabuticaba também tem bastante destaque. A história da famosa bebida começou com o mineiro Milton Trópia, fotógrafo, que tinha como hobby produzir licores de diferentes sabores. Após sua morte, em 1991, Maria José Trópia, filha de Milton, assumiu a produção do licor de jabuticaba. O grande segredo da bebida é a forma artesanal de sua produção. A jabuticaba é amassada por uma máquina de carne sem corte. Depois disso, o suco permanece três meses em um galão. E finalmente é coado em uma flanela e misturado a uma calda de açúcar.
Opções para chegar à cidade – Quem parte de São Paulo tem duas opções para a chegar à Ouro Preto. A primeira é seguir pela BR-381(Fernão Dias) até o trevo para Lavras. Na cidade de Lavras, pegue a BR-265 (Paulo Menicucci) até a cidade de Barbacena. Logo você encontrará a saída para a BR-040, sentido Belo Horizonte. Siga até Conselheiro Lafaiete e pegue a Estrada Real. Depois de passar por Ouro Branco, a próxima cidade é Ouro Preto. A segunda opção é sair de São Paulo pela BR-381(Rodovia Fernão Dias) sentido Belo Horizonte. A viagem continua pela BR-040, sentido Rio de Janeiro, até o trevo para Ouro Preto, em Alphaville.
Assim que estiver em Alphaville, entre na BR-356 (Rodovia dos Inconfidentes) até Ouro Preto. A diferença das opções é a quantidade de curvas, e não a distância. Informações- Logo na entrada da cidade, na rua Padre Rolim, há um Posto Avançado de Turismo, telefone (31) 3559-3269. Funciona das 8h às 17h – inclusive aos domingos. Site www.ouropreto.com.br.
Estudantes agitam a noite mineira – Ouro Preto é repleta de repúblicas estudantis. Lá se instalam jovens de todas as partes do Brasil, para o ingresso na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). A comemoração mais tradicional dos estudantes é o 12 de Outubro, que celebra o aniversário da Escola de Minas – festa fechada para os ex-alunos de cada república. Mas não desanime: há festas abertas aos turistas também – entre elas os diversos shows de rua que são organizados pelos estudantes. Os barzinhos da cidade são especializados em música ao vivo. Quem gosta de sossego pode optar por aqueles que só tocam MPB
CONCEIÇÃO PACHECO
É jornalista e adora viajar. Acompanhe pelo instagram.com/conceicao_pacheco/
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