Os ecobairros estão ganhando espaço no mundo. Eles aparecem como resposta ao estilo de vida urbano predominante, poluidor e causador de impactos ambientais negativos. Os moradores se mobilizam em grupos com o objetivo de melhorarem o meio ambiente onde vivem através do aumento das áreas verdes, cultivo de alimentos orgânicos em hortas comunitárias, composteiras, aproveitamento de água de chuva, destinação adequada de resíduos sólidos e alguns até geram sua própria energia, a partir de painéis fotovoltaicos.
As experiências internacionais mais conhecidas ficam em Adelaide, na Austrália; em Freiburg, na Alemanha; em Londres, no Reino Unido e em Malmo e Estocolmo, na Suécia. Na América do Sul, destacam-se ecobairros em Bogotá, na Colômbia e em Buenos Aires, na Argentina.
No Brasil, o ecobairro mais estruturado fica na zona oeste da cidade de São Paulo, nas vilas Ida, Jataí e Beatriz. Nessas áreas, há muitas nascentes de água, desconhecidas pelos próprios moradores. Eles já conseguiram melhorar a qualidade da água dos córregos dos bairros, criaram uma composteira e diversas ações para melhorar a permeabilização das ruas.
O interessante dessas experiências é o potencial que elas têm de replicação em outros bairros e até mesmo em cidades inteiras. Nessas iniciativas, fica evidente que a mobilização dos moradores é fundamental para que as mudanças positivas aconteçam. Muitos conseguem parcerias com o poder público,iniciativa privada e organizações da sociedade civil, engajando ainda mais gente nessa empreitada que busca e pratica a sustentabilidade.
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A maioria das cidades brasileiras têm um déficit urbano grande decorrente do próprio processo de urbanização, que trouxe desafios significativos para o planejamento urbano, como o esgotamento da infraestrutura, sobretudo dos sistemas de saneamento, transporte e habitação, além da deterioração ambiental.
Talvez por isso, predomine o pensamento que os problemas urbanos atuais não têm solução ou essa deva vir unicamente do poder público. As experiências dos ecobairros têm mostrado que é possível, sim, melhorar a qualidade de vida e alcançar bem-estar socioambiental nas cidades, com esforço, boa vontade e cooperação. (Foto: Facebook VilaJataiAltodePinheiros)
FABIANA BARBI
Socióloga, com mestrado, doutorado e pós-doutorado na área ambiental (Unicamp). Foi assessora de projetos no ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade e professora de Gestão Ambiental na Unianchieta e Faculdades Anhanguera. É autora do livro “Mudanças Climáticas e Respostas Políticas nas Cidades” (Ed. Unicamp, 2015). Acesse: www.fabianabarbi.com.br