No dia 28 de março de 2020, Jundiaí completará 155 anos de elevação à cidade, o que ocorreu no ano 1865. Muitos confundem essa data com o dia 14 de dezembro, dia de elevação à vila, isso em 1655, 210 anos antes.
Jundiaí era uma Freguesia, termo que correspondia à Paróquia, pois o poder da Igreja ainda se confundia com o poder civil – reminiscência disso é a Freguesia do Ó, na capital paulista.
Consta, em documentos que Jundiaí passou a ser considerada Freguesia com a construção da primeira capela, em 1651, em homenagem à Nossa Senhora do Desterro.
O botânico John Spix e o zoólogo Karl von Martius, alemães que passaram em missão naturalista pelo interior do Brasil, entre 1823 e 1831, escreveram: Havia um povoamento disperso, que foi se condensando e justificava a necessidade de uma capela para os ofícios divinos, dada a distância que seus habitantes tinham que percorrer para os preceitos religiosos em Santana do Parnaíba (fundada em 1580). Seus moradores são donos de muitas mulas. Com a construção dessa capela, o povoado tornou-se Freguesia.
Com as tropas de mulas que partiam para Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, houve a expansão da produção, tendo a Freguesia passado a fazer parte do mapa administrativo do Brasil, recebendo, então, o nome de Vila Fermoza Nossa Senhora do Desterro de Jundiahy, em 1655.
Depois de ser elevada à categoria de Vila, um ano depois, em 1656, foi instalada a primeira Câmara de Vereadores, regida pelas ordens régias da Coroa de Portugal. O Brasil ainda era uma colônia. A Câmara, então, elegeu um alcaide(o que hoje corresponde a prefeito) na pessoa do comerciante Estevão Maciel, com o soldo de 10 patacas por mês. Os vereadores eram voluntários que trabalhavam pela ordem da Vila.
Nessa época, o território se estendia até o sul do Rio Grande (divisa com Minas Gerais). As hoje, 11 cidades vizinhas, pertenciam a Jundiaí, estendendo-se até Campinas. Em 1797, o bairro denominado Mato Grosso do Sul foi elevado à categoria de vila, com o nome Vila de São Carlos, sendo, hoje, a cidade de Campinas.
Com um alcaide e com uma Câmara de Vereadores, a Vila Fermoza Nossa Senhora do Desterro de Jundiahy criou certa autonomia e se expandiu.
Ficou com essa denominação durante 210 anos. Com o crescimento da Vila, houve desenvolvimento e necessidade de mudanças político-administrativas. Então, fez-se premente a sua elevação à cidade, isto em 28 de março de 1865.
O apogeu do desenvolvimento de Jundiaí se deu com o ciclo do café, o “ouro verde”, como era chamado. Existiam, em nossa região, nada menos do que 57 fazendas cafeeiras, com centenas de hectares, o que dava notória força política aos seus proprietários, muitos deles intitulados “coronéis” e “barões”.
Elevada em 1865, 155 anos depois, tudo está mudado, não há mais alcaides, barões ou coronéis – como títulos de poder. A área geográfica é de 432 km². Há 19 vereadores muito bem pagos e um prefeito que não ganha só 10 patacas! Temos 418.962 habitantes (IBGE 2019), há 130 escolas municipais, 27 escolas estaduais. As particulares são cerca de 60. Temos a Faculdade de Medicina, Escola Superior de Educação Física, Universidade Paulista (Unip), Faculdades Padre Anchieta, Faculdades Anhanguera e Faculdade de Tecnologia (FATEC). Ilustração: Geraldo Tomanik/acervo Sebo Jundiaí
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Atualmente, Jundiaí é conhecida como “Terra da Uva”, graças aos imigrantes italianos que desenvolveram o cultivo dessa fruta em nossa cidade. Neste ano, o número de visitantes à tradicional Festa da Uva chegou a 210 mil! Um sucesso extraordinário! O progresso desta cidade acolhedora é inevitável! Viva a cidade de Jundiaí com seus 155 anos!
JÚLIA FERNANDES HEIMANN
É escritora e poetisa. Tem 10 livros publicados. Pertence á Academia Jundiaiense de Letras, á Academia Feminina de Letras e Artes, ao Grêmio Cultural Prof Pedro Fávaro e á Academia Louveirense de Letras. Professora de Literatura no CRIJU.
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