A DIFÍCIL ARTE DE TER FÉ NA VIDA: Feliz Páscoa para todos…

A DIFÍCIL ARTE DE TER FÉ NA VIDA

Sempre ouço que sou professor universitário, que produzo pesquisa, que sou pago para buscar o novo e sério, dentro do mundo acadêmico. Coordeno um laboratório de estudos e pesquisas, oriento dissertações de mestrado e doutorado e supervisiono projetos de pós-doutorados, mas sinto-me fascinado pela difícil arte de ter fé na vida. Minha carreira acadêmica não fica arranhada ou diminuída pela minha fé, nem um pouco, visto que são esferas diferentes de meus domínios de desenvolvimento humano.

Entendo, sinto e vivo com todo equilíbrio possível meus compromissos profissionais, meus atendimentos clínicos, minha vida afetiva e encontro espaço para, ainda, para viver com vigor e total entrega à fé que me alimenta e me dá sustentação, num momento tão desgovernado como este que enfrentamos. Em muitas situações, procuro manter-me firme na fé, ainda que tudo diga para eu correr: algumas soluções fogem da racionalidade.

Por vezes, em outras crônicas, cheguei a mencionar meus caminhos pelas religiosidades; hoje, bem mais maduro, tento me respaldar naquilo que creio, nos parâmetros cabíveis e com empenho tal que não faça de mim um místico, tão pouco um iluminado ou ainda ou visionário: como homem desta contemporaneidade, creio e alimento essa minha fé, com isenção de julgamentos pessoais ou públicos. Creio porque tenho convicção e pelo fato de me sentir bem, crendo. Simples, objetivo e sincero. Basta-me isso, sem ter que por a prova minha crença. Isso me afasta de cobranças interiores.

Enquanto passo longa parte do meu dia analisando e buscando fundamentos para questões profissionais, quando me coloco a abraçar a espiritualidade, envolvo-me em questões mais tenras, mais de fundo. São estes os momentos em que me pego pensando na empatia, na doação, na entrega, no acolhimento. Uma pessoa como eu, que sempre viveu entre adultos e pessoas mais velhas, sem irmão ou primos presentes, poder transitar por estes espaços é de uma suavidade imensa. É a possibilidade de vivenciar a minha fé.

E é muito simples. São momentos em que eu me recolho e me predisponho a penas em meus atos e aos atos a mim dirigidos. As minhas reações. Então, me questiono: como estou passando por este isolamento e o  que tem me fortalecido nesse enfrentamento. Questões simples e sem muito devaneio; direta demais. Não, não está sendo fácil nem está tranquilo. Desespero-me, sim. Perco-me, sim. Mas procuro o caminho de volta ao meu equilíbrio e a minha situação inicial, para poder dar continuidade ao meu projeto de Vida.

Não existe uma regra, tão pouco existe uma única saída a todo e qualquer problema apresentado, seja ele de que natureza for, entretanto, essa tal procurado caminho de volta ao estado de equilíbrio e a situação inicial, para que se possa dar continuidade ao projeto de vida, é o momento em que a mente vence o humor e a situação se restabelece, com primor. A fé que deposito neste encaminhamento é a certeza de que a possibilidade de desenvolver meus domínios cognitivo, afetivo e espiritual garantem segurança, leveza e acolhimento em minhas ações.

Nada acontece sozinho nem se resolve sozinho: a visão da vida deve ser polifônica. Precisa atender a todos nossos domínios, para que equilibremos nossas ações e predisposições. Assim fica mais tranquilo pensar em ressignificar qualquer atitude, qualquer acontecimento: não preciso negar nada nem me negar diante de nada; basta-me compreender os propósitos e os interesses para que as coisas se encaixem e passem a fazer sentido. O que eu não preciso é acreditar nos significados do outro, porém, preciso aceitar que as pessoas tenham significados diferentes dos meus.

Quando isto estiver resolvido, já terei caminhado muito. Já terei aprendido muito. Já estarei ressignificando muitos dos contextos que me rodeiam. Sem deixar  de ser eu, sem perder minha essência, sem me enlouquecer, mas ressignificando a essência daquilo que se me apresenta e me ressignificando diante daquilo. Não deixo de ser eu; não deixo de acolher o outro. Seja o outro do jeito que for. Deve estar ai a raiz da felicidade, pois me faz sentir muita leveza e me afasta do olho do furacão.

Mas o que isso tem a ver com a arte de ter fé na Vida? É o seguinte: já passei por vários cantos, vários cultos, vários líderes, várias vertentes e vários santuários. Estudei, conheci, dialoguei com várias crenças e, cada vez mais me surpreendo com uma situação que só encontrei no ramo ligado ao cristianismo (fui claro, acredito) seja a seita qual for: no cristianismo, posso crer na volta. Posso entender o renascer; posso admitir o ressignificar, posso compreender a ressurreição. Posso esperar pela outra vida. Numa outra forma, numa outra dimensão, num outro alcance, com outros engajamentos e circunstancias. Seu líder máximo me garantiu essa possibilidade, coisa que nenhum outro de nenhum outro credo o fez, quer mais?

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E, então, a Páscoa passa a ter uma força poderosa sobre mim: creio nela, por crer n’Ele. Sabem aquela coisa de ter convicção além do saber e do sentir? Sabem a alegria de poder aspirar ao reencontro dos seus queridos mais queridos e de poder, um dia, num tempo, estar com as pessoas mais significativas de sua vida? É isso que sinto, sei e creio. Sem explicar, porque não é operação matemática nem desvio de conduta, que posso me pautar pelo DSM: é fé. E por esta fé eu desejo que todos possam acreditar em dias melhores, em ressignificações e reencontros. Tenham a sua Páscoa fraterna. E suave. E doce. E real. Acreditem que é possível. Aprendam a difícil arte de ter fé na vida. Feliz Páscoa.(Foto: colegiometodista.g12.br)

AFONSO ANTÔNIO MACHADO 

É docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology. Aluno da FATI.

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