Um alerta aos crimes sexuais, aliás alerta tenebroso, foi a live, no Instagram, da @comissaoheroisdainfancia no último dia 31 de maio. Dela participaram: a dra. Daniela Duarte, advogada criminalista e presidente da Comissão Heróis da Infância; a dra. Maria Valéria Novaes, delegada de Polícia de Proteção à Pessoa com Deficiência e também da 1ª Delegacia da Mulher; a dra. Mariana da Silva Ferreira, médica legista chefe do Hospital Pérola Byington e o sr. Wilson Domingues, ativista no combate ao abuso sexual infantojuvenil e diretor na Comissão Heróis da Infância.

A fala versou, principalmente, sobre os abusos sexuais dos quais são vítimas crianças com deficiências intelectuais e/ou motoras. Como constatar, denunciar e rede de apoio às vítimas? Segundo a dra. Maria Valéria, em sua delegacia existem profissionais gabaritados que conseguem identificar o que se passa com a crianças e/ ou adolescentes. Eles sempre dão alguma espécie de sinal.

Os organizadores do evento comentaram que muitos casos não são denunciados ou relatados porque mais de 70% dos casos de abuso sexual são intrafamiliar, ou seja, ocorrem dentro ou muito próximo da casa das vítimas e o abusador/a é alguém da própria família. Consideram que, com a pandemia, aumentou a violência dentro de casa e a pornografia infantil. Destacaram que 10% de abusos têm como responsáveis mulheres, porém é mais difícil de identificar, pois as práticas são menos invasivas ou não invasivas. Além disso, o vínculo das mulheres com as crianças, culturalmente, não chama tanto a atenção.

Dentre os fatos relatados, o de uma criança com paralisia cerebral, mas que não perdeu as faculdades cognitivas. Dependente de forma motora, negava-se a ir ao banheiro, o que antes acontecia, e passou a fazer suas necessidades fisiológicas na roupa. Até então, era o avô o único capaz de carregá-la até o banheiro. Trataram-na com agressividade por sua regressão nesse aspecto, até que foi constatado que o avô abusava dela no banheiro. Como a violência acontece na clandestinidade, a vítima, incontáveis vezes, é desqualificada. Muitos agressores se utilizam de anestésicos e lubrificantes. Outros cuidam para não deixarem lesões, com modalidades que não propiciem vestígios. E há aqueles/as que, após mexer com uma criança, lhe dão banho.

Falou-se, ainda sobre os tipos virtuais de violência sexual em que o agressor usa um filtro próprio para adulterar a sua imagem e até sua voz.

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Fez-me lembrar de São João da Cruz que medita sobre “os apetites” que embotam a visão e o comportamento humano.Ele reflete sobre o crescimento na fé, na comunhão com Deus. Seria a purificação dos sentidos, da inteligência, da memória e da vontade, libertando-os de tudo que não é de Deus. No pensamento sanjuanista, os apetites são os apegos ou desejos em estado desordenado que nos impedem de ser verdadeiramente livres. O Santo propõe a educação do desejo e aí uma de suas máximas: “não ao mais fácil, senão ao mais difícil. Não ao mais saboroso, senão ao mais insípido. Não ao mais agradável, senão ao mais desagradável. Segundo São João da Cruz, o problema está no ‘apego”, que poderíamos traduzir como ‘amor de propriedade’.

O abusador é escravo de seus apetites e coloca uma forquilha no pescoço da vítima, pois independente dela possuir deficiência intelectual e/ou motora, não dispõe de condições para se defender.

Então, que fique claro o alerta aos crimes sexuais: que a sociedade faça a sua parte, denuncie.(Foto: www.helsinkitimes.fi)

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE

Com formação em Letras, professora, escreve crônicas, há 40 anos, em diversos meios de comunicação de Jundiaí e, também, em Portugal. Atua junto a populações em situação de risco.

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