Tenho uma amiga de alma grande que se vê, muitas vezes, no caminho de Santiago de Compostela. Conheço-a não faz muito tempo. De nossas primeiras conversas, impressionou-me quando me relatou que se sentia no caminho citado, atenta aos sinais de Deus.
Ouvir sobre esse experiência me encanta. A irmã de minha cunhada, a advogada Márcia Rezek, quando lhe perguntei qual a experiência vivera, disse-me que a de estar com sua melhor companhia, ela mesmo. Creio que seja bem assim, despida de entornos, em comunhão interior.
Santiago de Compostela na Galícia, Espanha, abriga desde o ano de 862 os restos mortais do apóstolo Tiago em sua Catedral. Filho de Zebedeu, nasceu em Betsaida da Galileia e, tal como seu irmão João, era pescador. Incentivava as pessoas a serem pacientes em suas aflições ea buscarem a sabedoria do Céu.
Mas voltando à minha amiga com os acenos no coração, que a fazem refletir sobre sua história.
Contou-me recentemente um sonho de uma noite inteira. Viu-se no Setor Palmito, no Jardim Novo Mundo em Goiânia, onde passou a infância. O bairro tinha fama de violento e perigoso. Lá, pagou uma condução para levá-la ao outro lado do bairro, uma carroça, como antigamente.
Ao descer, quando chegou ao seu destino, viu que puxava a carroça um minúsculo cachorro e não um cavalo. De tanto cansaço, o animalzinho convulsionava. Pegou-o no colo e falou à mulher, que a levara, para cuidar dele, mas ela disse que não tinha afeto por aquele animal e que precisava do dinheiro que ele proporcionava a ela. Acordou quando observava, com tristeza, o cachorrinho desmaiado em seus braços.
Em seus caminhos interiores de Santiago de Compostela, concluiu que a mulher e a carroça são ela mesma e o cachorro seu espírito, ou seja, explora uma alma frágil e dócil, com cargas pesadas, para sustentar seus prazeres e vícios. Ela desgastando sua alma em prol do dinheiro, como a mulher que usava o cachorro por um punhado de trocados.
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Tão profunda a conclusão dela! Quantas vezes nos usamos para conseguir algo material, ou posição, ou fama… Quantas vezes nos distanciamos da verdade por conquistas humanas, ferindo nosso espírito. Falta-nos, como ensina São Tiago, nos momentos de angústia, de falta de discernimento, de confusão interior, buscar a sabedoria do Céu.
Clarice Lispector (1920-1977) escreveu em A Descoberta do Mundo: “Um dia uma folha me bateu nos cílios. Achei Deus de uma grande delicadeza”.
Realmente, Deus é afável e quem se maltrata ou maltrata o outro nubla sua alma e se perde dEle.(Foto: Lisa Fotios/Pexels)

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE
Com formação em Letras, professora, escreve crônicas, há 40 anos, em diversos meios de comunicação de Jundiaí e, também, em Portugal. Atua junto a populações em situação de risco.
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