Os vendedores ambulantes de Jundiaí estão se organizando. No próximo dia 19, às 18 horas, realizarão uma assembleia extraordinária para a fundação de uma associação que representará a categoria. A reunião será na avenida Fernando Arens, 1154, e acontecerá num período em que a Prefeitura vem intensificando o trabalho para coibir a ação dos vendedores, principalmente nos terminais de ônibus, segundo eles próprios. Leonardo Victor, coordenador da comissão que trata da criação da entidade (foto acima), afirma que os ambulantes querem se regularizar e conquistar um cessar fogo com os comerciantes tradicionais e também com a Fiscalização do Comércio da Prefeitura. Por ironia, o anúncio da fundação da associação foi publicado na Imprensa Oficial do Município, o órgão oficial de divulgação do Executivo. A entrevista com Leonardo:
Há quanto tempo você é ambulante? Vocês se sentem perseguidos?
Trabalho nisto há 10 anos. A Prefeitura nunca deu oportunidade de nos legalizarmos. Sempre fomos perseguidos. A Fiscalização do Comércio representa um risco continuo de perdermos a mercadoria. Alguns funcionários públicos, para mostrar serviço para a Secretaria de Finanças, determinaram a intensificação das operações contra a gente nos últimos dias. E alguns fiscais e agentes não estão preparados para lidar com pessoas. Tratam os vendedores como se fossem bandidos. Esquecem que muitos não conseguem emprego e que a crise econômica está piorando cada vez mais esta situação. Muitas vezes somos tratados como baderneiros e somos humilhados.
Por que decidiram criar uma associação?
Resolvemos nos reunir no ano passado e montar esta associação. É algo que já existe em Fortaleza, por exemplo. Lá, os terminais são bem parecidos com os de Jundiaí. São um pouco maiores. E os ambulantes trabalham neles com vários tipos de mercadorias como doces, bijuterias e roupas. Isto só não acontece em Jundiaí por causa de uma lei antiga que não querem mudar. Por isto vamos procurar os vereadores. Já nos reunimos com o vice-prefeito, o dr. Pacheco. Ele gostou do nosso projeto…
E qual é este projeto?
Nossa ideia é criar quiosques organizados e abrir espaços nas ruas. Cada ambulante terá seu ponto onde venderá seus produtos. Queremos um cessar fogo com os comerciantes tradicionais. Queremos a oportunidade de trabalhar de forma legalizada.
Vocês têm ideia de quantos ambulantes existem hoje em Jundiaí?
No começo do ano fizemos um levantamento. Cada terminal tinha 80 vendedores aproximadamente. Com a crise, este número deve ter aumentado. Nós fizemos esta checagem apenas nos terminais e no entorno deles. Ainda não sabemos quantos ambulantes atuam no centro da cidade e também nos bairros. Este levantamento só será feito quando a associação estiver funcionando. Aí, vamos fazer uma pesquisa para conhecer o perfil da categoria em Jundiaí – incluindo terminais, centro e bairros – já que a entidade não cuidará dos ambulantes das cidades vizinhas.
Qual é a renda média de um ambulante?
Acredito que seja em torno de R$ 1.200 por mês. Alguns ganham menos. Isto quando não perdem toda a mercadoria para a fiscalização (fotos acima). Por isto estamos orientando os colegas a abrir o MEI (Microempreendedor Individual), pagar o INSS e deixar tudo certo com a Receita Federal. É preciso ficar claro que queremos nos regulamentar e pagar os impostos.
Hoje, sem associação, vocês trabalham de forma organizada?
Sim. Dentro dos terminais existem ambulantes que trabalham com doces e salgados, outros com refrigerantes e lanches. Também tem os que vendem meias e toucas. Temos os vendedores que atuam das 4 às 8 horas. Estes vendem o café da manhã para quem está nos terminais. Das 8 às 18 horas, outro grupo substitui os primeiros ambulantes. A última turma trabalha das 18 às 23 horas.
Já se sabe quem será o presidente da associação?
Sim. Mas isto será divulgado mais próximo da assembleia…
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