Se você é líder, profissional de RH ou empreendedor, já deve ter ouvido — ou dito — a frase: “está difícil contratar”. O tal apagão de mão de obra virou manchete, pauta de reunião e até desculpa para resultados abaixo do esperado. Mas será que estamos olhando para o lado certo do problema?
A realidade é mais complexa: o que estamos vivendo não é apenas uma escassez de pessoas, um apagão, mas sim uma crise silenciosa de valorização, coerência e evolução. Existem vagas, mas também existem pessoas, muitas delas qualificadas, que não querem mais qualquer vaga.
Enquanto os indicadores apontam para uma das menores taxas de desemprego dos últimos anos (6,2%, o trimestre até maio deste ano, a menor da série histórica desde 2012, segundo o IBGE), empresas de diversos setores relatam dificuldades crescentes para contratar. A equação parece não fechar. Mas ela fecha, se considerarmos as variáveis certas.
Não é (só) sobre diploma. É sobre coerência entre o que se exige e o que se oferece. Jornadas exaustivas, salários defasados, ambientes tóxicos e modelos engessados já não encontram aderência, especialmente entre as novas gerações. E o recado é claro: não falta mão de obra, falta atratividade.
Hoje, propósito, saúde mental e flexibilidade deixaram de ser bônus para se tornarem pré-requisitos. As pessoas não querem só um salário. Querem pertencer, ser ouvidas, reconhecidas. E essa demanda não é modismo, é um ponto de inflexão.
Em um cenário de rotatividade altíssima – o Brasil está entre os líderes mundiais em turnover – o segredo da retenção está no invisível: clima, cultura, liderança.
Empresas que negligenciam o ambiente de trabalho, que enxergam pessoas como números, que oferecem “benefícios padrão” e cobram performance extraordinária, estão criando um terreno fértil para o apagão e para o arrependimento. Segundo a Gallup, empresas que valorizam o reconhecimento reduzem em até 30% a rotatividade. E aquelas com culturas positivas têm desempenho financeiro até 24% maior. Coincidência? Eu diria: causa e consequência.
Até 2030, três em cada 10 profissionais no mundo serão da Geração Z. E eles chegam com uma pergunta simples e poderosa: para quê tudo isso? Essa geração já entendeu que a vida é curta demais para ambientes que adoeçam. Eles querem impacto, propósito e, sim, tecnologia — mas não qualquer tecnologia.
Mais de 76% da Geração Z já usam inteligência artificial no dia a dia, segundo pesquisa da EY/Microsoft. Eles não têm medo da IA. Pelo contrário: querem usá-la para automatizar o que é repetitivo e abrir espaço para o que realmente importa — criatividade, colaboração, estratégia.
Mas há um alerta: IA sem humanização é só automação.Essa mesma geração espera empresas que invistam em seu desenvolvimento contínuo, que enxerguem potencial antes do resultado, e que promovam o aprendizado como jornada — não como cobrança.
O apagão de talentos não será resolvida com mais currículos, nem com “contrata-se com urgência”.
Ela será superada por empresas que tenham coragem de mudar. Coragem para rever seus modelos, escutar de verdade, cultivar ambientes saudáveis e entender que o talento não se retém com controle, mas com cultura.

DANY MORAES
Consultora de Projetos de Recursos Humanos e Educação Corporativa. Atua na área de Gente & Gestão há 20 anos, com especializações em Felicidade e Qualidade de Vida no Trabalho, Inteligência Emocional e Líder Coach. Contatos: E-mail: dany.moraes@gmail.com. Instagram: @soudanymoraes. LinkedIn: daniela-moraes-marques.WhatsApp: 11 982659384. Acesse também: @sejaexpandente
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Gente e Gestão é uma expressão que se refere ao conjunto de práticas, políticas e processos relacionados à gestão de pessoas dentro de uma organização, engloba todas as atividades e estratégias voltadas para o desenvolvimento, motivação, engajamento e bem-estar dos colaboradores de uma empresa. Isso inclui recrutamento, seleção, treinamento, desenvolvimento de carreira, avaliação de desempenho, remuneração, benefícios, comunicação interna, cultura organizacional, entre outros aspectos que impactam diretamente o capital humano e o ambiente de trabalho.
A expressão Gente e Gestão enfatiza a importância das pessoas como um dos principais ativos de uma organização e reconhece que uma gestão eficaz dos recursos humanos é fundamental para o sucesso e sustentabilidade do negócio. E também ressalta a necessidade de uma abordagem humanizada e centrada nas pessoas na condução das atividades relacionadas à gestão de talentos dentro da empresa e a produtividade sustentável.(Foto: Gemini)
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