Em minha última coluna do mês de dezembro, faço um balanço do que vivi, como vereador, até aqui. Falarei do aprendizado e treino que tive. E, diante de tantos acontecimentos, de eleições gerais acaloradas, extremos, intolerância e necessidade de reinvenção partidária, olho para 2018 como um ano de aprendizado e treino da boa política. Sim, porque o que devemos repudiar é a má política, aquela feita pelos próprios interesses e oportunismo. A política é possível e necessária quando feita em sua essência, como já escrevi outras vezes. E ela só é possível por meio de posições condizentes com o que nos pede a população, por meio de trabalho, debate, escuta e atenção às diversas demandas que toda sociedade democrática possui. São diversos os interesses e defendo que devemos manter diálogo para que eles convivam.
Meu segundo ano de mandato foi conduzido dessa forma. Começamos com um processo totalmente participativo para discutir meu projeto de lei sobre o acesso de crianças a alimentos ultraprocessados – uma ideia que surgiu de pesquisas feitas em conjunto com o Procon Jundiaí, o Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC) e o Instituto Alana. Em janeiro, criamos grupo de estudo a respeito do assunto, com profissionais da área e de representantes de setores que seriam impactados pela lei. Seguimos do mesmo modo, abertos, em abril, com realização de audiência pública sobre o projeto. Infelizmente, o texto foi aprovado, mas barrado pelo Executivo. E esse foi um aprendizado. Pois nem sempre precisamos ‘vencer’ com a lei vigente. Claro que é o objetivo, porém, à boa política e ao Legislativo, também cabe a promoção de debates. Neste caso, discutimos ideia na cidade correspondente aos índices crescentes de obesidade infantil que devem ser prevenidos. Plantamos a semente para, quem sabe, termos amadurecimento da política local para abraçar o tema no futuro.
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Também discutimos novamente, como em 2017, a proibição de soltura de fogos, dessa vez, na região da Serra do Japi e de qualquer natureza, com ou sem estampido. O projeto, felizmente, foi aprovado mas sofreu alteração por parte de alguns vereadores e, então: mais um aprendizado – de que podemos avançar em determinados temas, mas aprendendo a respeitar os desafios do caminho e as diferentes visões que inevitavelmente aparecerão. Dificilmente, na boa política, conseguimos impor uma única diretriz. Muitas vezes, isso nos frustra, mas nos faz crescer para entendermos no que ainda devemos avançar para ouvir, de fato, o que nos diz a população. Neste caso dos fogos, por exemplo, enquete da Câmara revelou 71% de favoráveis ao projeto, mas nem todos da Casa aderiram de mesmo modo.
Seguimos aprendendo ao longo do ano: também por demanda já existente e trabalho realizado pela prefeitura, consegui aprovação de meu projeto de lei que instituiu as rotas turísticas de Jundiaí. Em um momento de crise econômica, o fomento ao turismo nos anima e as rotas organizam esses atuais e futuros investimentos. Aprendi que o trabalho integrado entre Legislativo e Executivo nos faz caminhar a passos muito mais largos e o diálogo entre os poderes nos traz resultados.
Tivemos ainda o reforço à campanha do Setembro Amarelo, de prevenção ao suicídio, iniciada em 2017 com lei de minha autoria, e continuada neste ano com ações também integradas à prefeitura, o que permitiu abrangência maior ao assunto. Pelo esporte, repudiamos medida federal que cortava recursos a essa área e conseguimos a reversão deste ato por parte do presidente, certamente diante da pressão de todo o País e da classe atlética. Ainda mantivemos a vistoria e visitas aos complexos esportivos, atendimentos aos pedidos das diversas modalidades, como vôlei adaptado e futebol amador. Nem sempre resolvemos como se espera, mas ouvimos e conduzimos os problemas às alternativas de solução. O poder Legislativo também existe para intermediar e cumpri esse papel ainda na educação, ao receber merendeiras, professores. Ouvimos também os psicólogos da rede pública e levamos seus pedidos ao prefeito.
Trabalhei pela transparência, junto ao presidente Gustavo Martinelli, com projeto de nossa autoria que moderniza o acesso a débitos por parte dos munícipes no site da prefeitura. Mantive o olhar social ao intermediar com a prefeitura realização de eventos solidários do setor automotivo de Jundiaí, que arrecadaram incontáveis alimentos entregues ao Fundo Social de Solidariedade (Funss). Exerci também a fiscalização que me cabe com requerimentos encaminhados à prefeitura sobre condições de saúde, estrutura de UBSs e outros temas. Conseguimos atender a pedidos de mobilidade e trânsito em alguns pontos da cidade, também aprendendo que a coletividade importa, que não há lombada onde mais de um não queiram – foi o caso da conquista no Jardim Sorocabana, onde, após abaixo-assinado, a sinalização de chão foi feita.
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Enfim, apesar de um ano difícil na política nacional, de uma eleição em que representantes da nossa Região não conseguiram cadeiras, em que extremos ficaram fortalecidos, tivemos o cotidiano local de trabalho permanente, insistente por melhorias e respostas a quem me procura. Acredito que, para 2018 e todos os outros anos, minha função como figura pública seja de agregar e não somar aos opostos que não se comunicam. Espero que tenhamos aprendido também com as urnas sobre o momento que vivemos, sobre uma nova onda a que se deposita esperança e que possamos fazer dela uma fonte real de resultados ao País. Aprendendo a cada dia, como resumi aqui, cobrarei sempre posturas de uma boa política, de mim mesmo, e daqueles que pedem de nós a nossa confiança. Que sigamos na prática de construção e diálogo para alcançarmos as melhorias que buscamos.
FAOUAZ TAHA
É vereador na Câmara de Jundiaí pelo PSDB, eleito pela primeira vez nas eleições de 2016. Tem 30 anos. Atualmente é líder do governo municipal na Casa de Leis, além de presidente da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia, Desporto, Lazer e Turismo do Legislativo. Nascido em Jundiaí, Faouaz é formado em Educação Física pela ESEF e tem pós-graduação em Fisiologia do Esporte pela Unifesp. Antes de ser vereador, teve experiência na gestão pública com participação na Secretaria de Esportes
