Arthur Libertini, de 21 anos, nasceu em Jundiaí. Ele morou no Rio Acima e ainda pequeno começou a estudar balé. Não demorou muito e se mudou para Joinville. Lá, foi aluno da Cia. Jovem Bolshoi Brasil. Agora, está arrumando as malas para Rússia. Ele fará parte da Companhia da Ópera de Kazan. Arthur conversou com o Jundiaí Agora. Confira:
Onde morou em Jundiaí?
Morei em um bairro chamado Rio Acima. Tenho boas lembranças desta época. Logo depois, minha família se mudou para Campo Limpo Paulista, onde comecei o fundamental em uma escola chamada “Monlevade”. Minha escola de balé se chamava “Espaço Paulim de Arte”. Ainda criança me mudei para Joinville…

Ainda tem família por aqui? Quando estava em Joinville visitava os parentes com frequência?
Sim. Meus pais e irmãos moram em Campo Limpo. Fiquei estes oito anos longe da minha família. Consegui visitar meus parentes nas férias e feriados prolongados, umas duas ou três vezes por semestre…
Arthur, conte com mais detalhes como o balé entrou na sua vida…
Comecei a dançar por incentivo do meu primo, no estilo hip hop. Minha primeira professora perguntou se eu gostaria de fazer algumas aulas de balé, com o objetivo de ser auxiliar nos espetáculos futuros. Foi assim que conheci o balé e acabei me fascinando! A escola “Espaço Paulim de Arte” realizava um espetáculo no final do ano, onde tive a oportunidade de subir ao palco pela primeira vez. Participei de alguns cursos para aprimorar minha técnica, o que me permitiu alcançar o sonho de chegar até o Bolshoi.
Como chegou à Cia Jovem Bolshoi Brasil?
A formação na Escola Bolshoi tem duração de oito anos. Ao final desse período, alguns alunos têm a oportunidade de conquistar vagas de trabalho na própria instituição, integrando a Cia. Jovem Bolshoi Brasil. A seleção dos bailarinos ocorre no último ano do curso, correspondente à 8ª série.
Quanto tempo ficou nela? Como foi o aprendizado?
Estudei na Escola Bolshoi por sete anos e permaneci um ano na Cia. Jovem. Tive a oportunidade de dançar em diversos estados do Brasil. Essa experiência me proporcionou um grande aprendizado de palco e um importante aprimoramento técnico. A Cia. Jovem é um excelente espaço para os bailarinos iniciarem suas carreiras.
Por que seu sonho era dançar na Rússia?
Durante os oito anos em que estive Escola Bolshoi tive um contato constante com a cultura russa por meio dos professores, da técnica e da convivência com bailarinos que hoje dançam naquele país e sempre me inspiraram. A Rússia é reconhecida como o berço do balé clássico, onde tudo começou, e desde cedo eu sonhava em fazer parte desse universo. Sempre tive o desejo de aprofundar ainda mais meus estudos e minha vivência no balé clássico diretamente na Rússia.

Como a Companhia da Ópera de Kazan surgiu na sua vida?
Eu sempre olhei a companhia com olhar de admiração, os bailarinos brasileiros que já estavam lá me inspiravam. Eu já conhecia a companhia desde criança, e tive a oportunidade da audição e agarrei!
Como foram os testes? Achou em algum momento que não seria aprovado?
Foi uma audição privada. Passei duas semanas em Kazan, participando de aulas e ensaios intensivos. O nível técnico era altíssimo, e senti uma grande pressão. Ainda assim, mantive minha confiança no processo, no meu trabalho e em mim mesmo.
Desde quando faz parte oficialmente da companhia, Arthur? Tem outros brasileiros que dançam com você?
Começo na companhia em maio e vou trabalhar ao lado de três bailarinos brasileiros que já fazem parte do elenco: Wagner Carvalho, Amanda Gomes e Carolina Zaborne.
Além de concretizar um sonho, financeiramente compensa? Um bailarino russo ganha muito mais do que um brasileiro?
Sim, com certeza vale a pena. Os salários são proporcionais na Europa. O valor depende de vários fatores, como o cargo, o número de apresentações e outros aspectos, mas, de modo geral, um bailarino na Rússia recebe mais do que um bailarino no Brasil.
Quais os próximos passos da sua carreira?
Quero aprender a língua russa e absorver tudo o que a companhia puder me oferecer, tanto no aspecto técnico quanto artístico.

Acredita que Jundiaí poderia ser um ‘celeiro’ de bailarinos de alto nível como você? O que seria necessário para isso?
Sim, Jundiaí é uma cidade grande, onde inúmeros talentos nascem todos os dias. No entanto, o balé ainda não é amplamente reconhecido ou valorizado por todos. Muitas pessoas sequer sabem que é possível viver dessa arte. Por este motivo, o balé masculino acaba sendo ainda menos visível. Seria maravilhoso se a cidade também apoiasse jovens talentos a ingressarem na Escola Bolshoi, promovendo pré-seleções e oferecendo patrocínio para que mais crianças possam ter essa oportunidade transformadora que eu tive na minha vida.
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