O brilho do sol é do nosso rei Oxalá, não o do deus dos fariseus. Se foi lá que o sol nasceu, é pra lá que ele voltou. Então o que prevalece é válido no meu cantar. O Ponto, como é chamado, é o cruzamento da mente com o sentimento, cabeça e coração. É o que faz vibrar as energias positivas poderosas, ligações quando pedimos a intervenção do sagrado, apesar da árvore do esquecimento.
Cultura e memórias para nossa retomada. Resistência do nosso povo preto, da raça negra, com nossos ancestrais. O ponto alto. O encantamento. O canto é nossa oração. Cantando rezamos duas vezes, com palavras e harmonias. Histórias e ancestralidade da memória negra e liberdade. O som dos atabaques ecoam e levam nossos pedidos de proteção e assistência até os mensageiros dos orixás.
A árvore do esquecimento não nos tirou as referências religiosas, culturais e política. Por isso fomos para os quilombos e mantivemos nossa liberdade de culto, enquanto os portugueses obrigavam a população negra a ser catequisada. Irmandades pagãs, segundo eles, teriam de ser convertidas. Com o temor a Deus.
A árvore do esquecimento só atiçou nossa memória. O ponto inicial da diáspora fez com que nossos santos viessem conosco. Em nossas mentes. Por isso estabeleceu-se o ritual de “fazer a cabeça”, o nosso religare africano com as deidades. E não adiantou separarem famílias porque a nossa criação é a espiritualidade que se caracteriza pela força da natureza e não pelo fanatismo humano religioso. A espiritualidade está no Ori, na cabeça de cada um.
E essa aproximação dos semelhantes é que de fato forma a nossa grande família espiritual, irmanada na ancestralidade. É ela que garante a nossa existência como cidadãos do mundo, sem a necessidade de descendência nominativa. Somos irmãos de alma, que é o que nos move e sustenta nosso merecimento divino. Com ou sem religiosidade, estamos próximos dos deuses que nos observam e nos iluminam os caminhos.
Para seguirmos um rumo que destino nenhum traça, nossa meta se sustenta. Vamos com a cabeça erguida buscando os objetivos para os quais fomos criados. Desenvolvemos com orgulho e determinação o que as forças da natureza nos ofertaram, tanto quanto as oferendas de agradecimento que lhes devolvemos.
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Enquanto a supremacia branca procura evidenciar riqueza e sobrenomes(que são de pouco valor diante do tempo), nós temos a ancestralidade original e genuína na criação deste universo. Essa ancestralidade ensina a curar os silêncios, devolve a cor original aos embranquecidos, dá o devido valor àquilo que não tem dinheiro que pague e assume o papel de cidadania e responsabilidade do povo preto, de raça negra, na sociedade. E exercitaremos o nosso livre arbítrio do destino cármico, deixando para trás, enfim, a árvore do esquecimento.(Foto: Pikist)

LUIZ ALBERTO CARLOS
Natural de Jundiaí, é poeta e escritor. Contribui literariamente aos jornais e revistas locais. Possui livros publicados e é participante habitual das antologias poéticas da cidade.
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