ATAULFO ALVES E PIXINGUINHA

ataulfo

Um dos primeiros negros(tudo com os negros é o primeiro), a ter sucesso nacional foi o cantor e compositor Ataulfo Alves. Esse protagonismo negro faz parte das colunas sociais nos jornais dos anos 1950 e 1960. Ataulfo, mineiro de Ubá, a mesma terra de Ary Barroso e que nos orgulhou muito porque numa sociedade branca, elitizada, ostentadora de fortunas e nomes descendentes de europeus, foi reverenciado por sua obra. 

Pode até parecer uma futilidade que não atravessa os tempos. Mas existem registros que devem ser respeitados. Ele foi escolhido como um dos 10 homens mais elegantes do Rio de Janeiro daquela época pelo jornalista Ibrahim Sued, que era o colunista do high-society e dos artistas famosos. Artista nem sempre foi tão bem visto e reconhecido neste país. Em sua época, Ataulfo Alves(foto principal/reprodução Youtube) era um clássico. E se tornou aclamado por ter com Mário Lago, criado uma das músicas de maior sucesso no país, ‘Amélia’. 

Aí meu Deus, que saudades da Amelia, aquilo sim é que era mulher. As vezes passava fome ao meu lado e achava bonito, não ter o que comer. E quando me via contrariado, dizia “o que se há de fazer “? Amélia, não tinha a menor vaidade, Amélia que era mulher de verdade…

Outro senhor negro, Alfredo da Rocha Vianna, Pixinguinha(foto acima/www.jornal.unesp.br), que na infância tinha o apelido de ‘Pizindim’ (menino bom), uma herança da avó africana. Ele tinha o hábito de ir a rua no boteco da Portuguesa vestindo pijama. Não tinha a nobreza do Ataulfo, considerado um príncipe, pelas maneiras refinadas e o jeito de vestir. Mas foi cordial o suficiente para ter criado ‘Carinhoso’, com todo romantismo possível:

Meu coração, não sei porquê? Bate feliz quando te vê. E os meus olhos ficam sorrindo, e pelas ruas vão te seguindo, mas mesmo assim, foges de mim. Ah! se tu soubesses, como sou tão carinhoso e o muito que te quero. E como é sincero o meu amor, eu sei que tu não fugirias mais de mim. Vem, vem, vem sentir o calor, dos lábios meus a procura dos seus, vem matar esta paixão, que me devora o coração, e só assim, então: Serei feliz, bem feliz…

Essa era a maneira de se cortejar uma mulher, que admiradas e lisonjeada, usavam de um charme, que lhes garantiam, uma postura feminina ideal de sinhás moças românticas. Promoviam relacionamentos respeitosos e duradouros.

LEIA OUTROS ARTIGOS DE LUIZ ALBERTO CARLOS

TABOM, O POVO QUE VOLTOU PARA A ÁFRICA

CLAREAMENTO

ATAQUES RACISTAS. DEFESAS VAZADAS

Na época tinha a ‘Revista do Rádio’, que dava a temperatura exata a ser considerada nas pesquisas do Ibope, no quesito entretenimento, com programas ao vivo e plateias presentes. Tinha também os ‘Mexericos da Candinha’, a internet da época, cheia de fofocas e intrigas. 

Feminicídio não botava banca. Apesar dos fuxicos(que eram escritos por um homem), a tal Candinha era uma personagem. Não havia julgamentos depreciativos. Tudo era pura diversão. 

LUIZ ALBERTO CARLOS

Natural de Jundiaí, é poeta e escritor. Contribui literariamente aos jornais e revistas locais. Possui livros publicados e é participante habitual das antologias poéticas da cidade.

VEJA TAMBÉM

PUBLICIDADE LEGAL É NO JUNDIAÍ AGORA

ACESSE O FACEBOOK DO JUNDIAÍ AGORA: NOTÍCIAS, DIVERSÃO E PROMOÇÕES