Hoje é um bom dia. Com o coração animado, escrevo aqui algo não apenas para refletir, mas para aplaudir de pé: neste domingo(27), Jundiaí receberá sua primeira Balada Inclusiva, uma festa pensada com todo o cuidado para o público com deficiência. Um passo que pode parecer pequeno para alguns, mas que é, na verdade, um salto corajoso em direção à inclusão concreta na cidade.
Tive a alegria de conversar com Daniela, organizadora do evento, mãe de PCD e presidente da Associação Maria de Lourdes Guarda. Em poucos minutos de troca, percebi que essa balada nasce da vivência, do amor e da luta cotidiana de quem sente, na pele e na alma, as barreiras invisíveis (e às vezes bem visíveis) impostas pela sociedade. “Entendemos que a inclusão é um processo que deve ser feito aos poucos e de forma leve”, me disse ela. E foi exatamente com esse cuidado que o evento foi concebido: um ambiente com estímulos controlados, sem muito excesso de ruídos ou iluminação, mas com muita alegria, dança, comes, bebes — e até massagem quick, feita pelas mãos de fada da dona Cida, apoiadora da iniciativa.

O DJ Marcos Benni explica que essaa primeira edição dessa balada desenvolvida pela Associação Maria de Lourdes Guarda promete. A programação foi pensada com todo o cuidado do mundo. Contará com a presença do jovem Wesley S.S. Manhã(foto principal), de 22 anos, um DJ apaixonado por música que vive com paralisia cerebral e sonha em se consolidar nas pistas. Ao longo da noite, ele DJ Marcos Benni comandarãio sons adaptados à sensibilidade sensorial do público — uma pista onde se dança com o corpo e com o coração. Cada participante também receberá um kit balada e poderá participar de sorteios de brindes, assim como pode aproveitar a exposição de apoiadores da causa e venda de artesanatos feitos por alunos e famílias da Associação Maria de Lourdes Guarda, gerando renda e visibilidade a um trabalho que tem transformado vidas.
Quando digo que este evento é completo, não minto. Haverá também o Espaço Conforto, um local com almofadas, abadafores anti-ruído, luz baixa…isso se, mesmo com todas as considerações, alguém se sentir desconfortável ali. É um capricho desigual!
Devo dizer: tenho rodado por muitos palcos da cidade. E, infelizmente, é raro encontrar uma casa noturna que tenha estrutura adequada para receber com dignidade pessoas com deficiência. Entradas sem rampas, banheiros inacessíveis, iluminação agressiva, ausência de intérpretes ou mesmo de um simples acolhimento humano. A inclusão não pode ser uma nota de rodapé — ela precisa estar no centro da organização cultural.
Segundo o IBGE, mais de 18% da população brasileira vive com algum tipo de deficiência. E, mesmo assim, são poucos os espaços de lazer verdadeiramente pensados para esse público. Quando falamos de inclusão, falamos de uma mudança estrutural, mas também de afeto, de escuta e de criação de memórias felizes. Uma cidade acessível é aquela onde todos podem dançar, rir, amar — viver.
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A frase que encerra o convite para essa balada não poderia ser mais precisa: “Nenhuma deficiência é impedimento à vida”, como dizia Maria de Lourdes Guarda, homenageada in memoriam. E vida, como bem sabemos, inclui alegria, festa, pertencimento. Que esta seja apenas a primeira de muitas edições. Que a pista de dança seja o ponto de encontro de corpos diversos e corações em festa. E que iniciativas como essa se multipliquem, recebam investimento, ocupem manchetes e, sobretudo, inspirem outras cidades, coletivos e produtores culturais.
Porque o show, como dizem por aí, deve continuar. Mas só vale a pena se todo mundo puder entrar no baile.(Foto principal: álbum de família)
SERVIÇO
Local: Quintal Caxambu
Data: Sábado, 27 de julho
Horário: A partir das 18h
Ingressos esgotados para esta edição. Para reservar os ingressos das próximas edições, contatar (11)99264-2380, via Whatsapp
Para mais informações, seguir @mariadelourdes_associacao no Instagram ou ligar para (11) 99700-7177

ANNA CLARA BUENO
De nome artístico Anubis Blackwood, é drag queen, artista performática e visual, professora de inglês, palestrante e produtora cultural. É membro do coletivo Tô de Drag, o primeiro de arte drag de Jundiaí e região. Colabora com o ‘Grafia Drag’, da UFRGS. Produz o festival Drag Vibes em colaboração com o coletivo, para democratizar a arte drag, mostrar sua versatilidade e levá-la a espaços e públicos novos por meio de performances plurais e muito diálogo.
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