Os três baluartes na luta pela abolição da escravatura no Brasil são André Rebouças, José do Patrocínio e Luiz Gama. Três grandes negros brasileiros que se engajaram e se tornaram personagens históricas. Entre todas as nações do continente americano, o Brasil foi a última a dar fim ao regime escravista. Sabemos que isso aconteceu quando a Princesa Isabel exercendo as funções de Chefe de Estado no lugar de D. Pedro II, que estava fora do Brasil, sancionou a Lei Áurea. Sabemos também que a abolição feita com a tal Lei Áurea, foi fruto de uma constante luta travada por grupos abolicionistas de diversos matizes. Esses grupos tornaram-se muito ativos ao longo da segunda metade do século XIX e eram integrados por jornalistas, políticos, nobres (a própria princesa), advogados. Aí entram os nossos baluartes.
André Rebouças, assim como Luiz Gama, era baiano e nasceu livre, no ano de 1838. Era filho de Antônio Pereira Rebouças, negro, filho de escrava alforriada e de um alfaiate português, chegando a ser um destacado advogado e político no Império. André recebeu grande formação intelectual e técnica. Era engenheiro e notabilizou-se nessa função por ter empreendido importantes obras: resolução do problema do abastecimento de água no Rio de Janeiro; desenvolvimento de um modelo de torpedo usado na Guerra do Paraguai e construção de uma ferrovia que ligava o estado do Paraná ao Mato Grosso do Sul. É o primeiro dos baluartes da abolição…
O fluminense José Carlos do Patrocínio nasceu em 1853, em Campos dos Goytacazes. Era filho de um vigário com uma escrava(serva do religioso) chamada Mina. Sua infância e adolescência foram exatamente bem diferente da vivida por Luiz Gama. José do Patrocínio nasceu como escravo mas foi criado como liberto. Seu pai, mesmo não o assumido formalmente como filho, deu a ele a proteção necessária para que conseguisse educar-se formalmente e iniciar no mundo do trabalho, começando por funções modestas. Patrocínio ficou conhecido por sua defesa tanto no abolicionismo quanto no republicanismo.
Migrando de sua cidade natal para o Rio de Janeiro, conseguiu ingressar no curso de Farmácia, então ligado à Faculdade de Medicina da capital do Império. Nesse período entrou em contato com o Clube Republicano, que reunia jovens com ideias republicanas. Patrocínio não demorou muito a se articular com personalidades como Lopes Trovão, Quintino Bocaiuva e Pardal Mallet.
Em 1875, José do Patrocínio ficou conhecido por comandar, com Demerval da Fonseca, o jornal satírico ‘Os Ferrões’, que, a exemplo de ‘O Diabo Coxo’, de Luiz Gama, também estava carregado de críticas e ironias contra a sociedade escravocrata. Foi por meio do jornalismo que Patrocínio conseguiu propagar suas opiniões tanto sobre escravidão quanto sobre o regime republicano.
O terceiro dos nossos baluartes é o baiano Luiz Gonzaga Pinto da Gama, nascido em 1830, era filho de um português e de uma negra livre. Gama nasceu livre. Sua mãe Luiza Mahin, participou da célebre Revolta dos Malês, em Salvador, no ano de 1835. Teve que fugir da Bahia deixando o filho com o pai, que, segundo alguns estudiosos da biografia de Gama, o teria vendido como escravo aos 10 anos, mesmo sendo ele livre.
Luiz Gama permaneceu como escravo até os 17 anos, quando conseguiu fugir. comprovou que era livre, alfabetizou-se e começou a estudar como autodidata, tornando-se jornalista e advogado. Foi justamente por meio do jornalismo e da advocacia que lutou contra a escravidão. Na década de 1860 vivia em São Paulo e conheceu personalidades como o caricaturista Angelo Angostini, frequentadores da Loja Maçônica América. Foi por meio dos membros dessa loja que as ideias abolicionistas e republicanos ganharam volume no pensamento de Luiz Gama.
Como jornalista Gama atuou em periódico como ‘O Diabo Coxo’, nos quais defendia, de forma satírica, o fim da escravidão e criticava ferrenhamente a aristocracia rural do Império. Como advogado defendeu, geralmente de graça, inúmeros escravos e negros libertos. Conseguiu a alforria para mais de 500 negros cativos do Brasil. Contudo, Gama morreu em 1882, antes de ver a abolição concretizada.(Foto: www.omatogrosso.com)

LUIZ ALBERTO CARLOS
Natural de Jundiaí, é poeta e escritor. Contribui literariamente aos jornais e revistas locais. Possui livros publicados e é participante habitual das antologias poéticas da cidade.
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