“Bancários são os que mais caem no INSS”, diz sindicalista

bancários

Em Jundiaí existem 1.200 bancários, segundo o presidente do sindicato da categoria, Paulo Malerba. Estes trabalhadores são, de acordo com o INSS, o que mais sofrem com doenças ocupacionais como a ansiedade, burnout, depressão e síndrome do pânico. “Proporcionalmente, este é o grupo de trabalhadores que mais tem afastamentos por conta de problemas de saúde”, diz Malerba(foto abaixo). O Jundiaí Agora entrevistou o sindicalista:

Em Jundiaí, muitos profissionais sofrem com doenças ocupacionais?

Sim. Essa é uma tendência que tem causado grande preocupação no nosso sindicato, no nosso setor. Estes problemas relacionados às mentes dos bancários têm sido muito frequentes. Isto está ligado forma como o trabalho é organizado dentro dos bancos, principalmente as cobranças de metas e resultados, que são intensas. O controle é muito grande e os funcionários vão se sentindo mal com o decorrer do tempo e vão piorando até chegarem a um quadro de doenças que acaba muitas vezes no afastamento deles. Temos, na nossa região, o Itaú com dois a três afastamentos mensais. Em outros bancos também ocorrem afastamentos. São pessoas que acabam ficando vários meses longe do trabalho e, depois, têm dificuldades de voltar ao trabalho devido às doenças ocupacionais.

Quantos casos ocorreram neste ano?

Não temos como informar números porque nem todos os casos são informados ao sindicato. Muitas vezes, o bancário vai ao médico, recebe um atestado de afastamento, cumpre este período ou o tempo é prolongado, caindo no INSS. Nem sempre esta situação chega ao conhecimento do sindicato. O que podemos afirmar é que existe uma tendência de alta no número de afastados. Além disto, alguns destes afastamentos acabam sendo classificados como acidente de trabalho, o que é ainda mais grave.

Há casos em Jundiaí de bancários que acionaram a Justiça por conta dos danos causados pelo ambiente de trabalho?

Temos sim muitas pessoas que procuram o judiciário devido à pressão exagerada, sistemática, que em alguns casos resulta até em assédio moral cometido pelos bancos. Os pedidos de indenização também estão crescendo na Justiça na mesma proporção. É comum, quando há algum fórum de conciliação extrajudicial, também há muita procura. Nestas ocasiões, o bancário faz a denúncia e há a possibilidade de acordo. O Itaú vem apresentando propostas neste sentido para evitar um processos judiciais. Os profissionais têm aceitado as propostas já que têm valores significativos. Quando não há acordo, os casos acabam indo para o Judiciário, que devido ao constrangimento e assédio moral, tem se especializado nestes temas. Muitas vezes os bancos são condenados.

Por aqui temos muitos casos de profissionais deixando a atividade em busca de um trabalho mais saudável?

Sim, isto está ocorrendo. Existem casos de pessoas que são demitidas, refletem e decidem não voltar a trabalhar como bancário. Elas vão procurar outras atividades para ter uma qualidade de vida melhor. Também há profissionais que pedem profissão para construir outra carreira. Isto vem acontecendo também em bancos públicos, como a Caixa Econômico Federal, que lançou um plano de demissão voluntária. Muita gente se desligou da instituição. Com o incentivo financeiro recebido, estas pessoas buscam outras carreiras, prestam concursos. Também há muitos casos de mudança de instituições financeiras. Estes bancários valorizam os salários e benefícios.

Qual é o posicionamento/ações do Sindicato dos Bancários local em relação a este problema? 

Temos feito muitas manifestações públicas, denunciando fechamentos de unidades, cobrando e negociando melhorias. Estamos garantindo novas cláusulas nos acordos coletivos para cada banco. Por exemplo: não pode existir mais rankings dos funcionários que mais venderam. As chefias não podem mandar mais mensagens para os bancários, em seus telefones particulares, fora do horário de trabalho. Também procuramos os Ministério Público do Trabalho para assegurar condições dignas para a categoria. Estamos tentando reduzir os efeitos nocivos. Mas ainda não é o suficiente.(Foto: Agência Brasil)

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