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Bumba Meu Boi “invade” a Alemanha na estreia do filme BETÂNIA

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22 de fevereiro de 2024

No último domingo(18), a equipe do filme Betânia surpreendeu os organizadores e o público do Festival de Cinema de Berlim, a Berlinale, ao cantarem e dançarem numa performance com o Bumba Meu Boi, que também pode ser visto na tela durante o longa do diretor Marcelo Botta, conhecido pelo seu trabalho na MTV. Ao término da estreia do filme, após este ser aplaudido por vários minutos, com muitos espectadores em pé, a equipe subiu ao palco dando mais um show com a inesperada apresentação da música e do boi. A 74ª edição da Berlinale vai até o próximo dia 25.

Marcado também pela diversidade musical e mostra de diversos aspectos culturais do Maranhão, a obra foi feita em vários vilarejos do estado e também exibe, em diversos momentos, os famosos e exuberantes Lençóis Maranhenses. “Todo o elenco é de lá, até o casal de franceses que se perde nas dunas em uma das cenas mora lá há anos”, explicou o diretor de São Paulo que fez questão de recrutar os atores, entre profissionais e amadores, na região e escreveu até personagens para exaltar talentos, como o Ribamar, que foi incorporado por Tião Carvalho, compositor e músico local.

Mesmo trazendo tantas riquezas naturais e culturais, o longa tem como ponto forte outras temáticas: a força feminina, a luta local, a destruição da natureza, a dificuldades diárias.

Betânia é o nome de um vilarejo e da personagem principal, vivida por Diana Mattos, uma senhora de 65 anos que fica viúva e continua a luta para criar o neto e seguir a vida com dificuldades como falta de energia, precariedade de recursos e a vida sem o marido. Parteira aposentada, a senhora Betânia foi inspirada em Maria do Celso, segundo relata o diretor que foi ao estado pela primeira vez para fazer um documentário em 2018 e se apaixonou pela história de mulheres fortes, da cultura local e pela natureza.

O filme com 120 minutos de duração traz uma mistura de gêneros, pitadas de comédia, drama e musical, foi exibido na seção Panorama e concorre ao prêmio de melhor filme se for o escolhido pelo público.

A equipe mostrou ainda uma alegria e harmonia singular, e repetiu o show na recepção realizada na Embaixada Brasileira de Berlim no dia seguinte, na segunda, dia 19, quando fecharam o evento novamente com performance do Bumba meu Boi e muita música, fazendo todos os presentes entrarem no espírito maranhense.

Cidade; Campo – Dividido em duas partes, cada uma com cerca de sessenta minutos, a diretora de Campinas Juliana Rojas explicou para a plateia presente na Akademie der Künste (Academia de Arte) que os filmes tinham muito a ver com a sua história pessoal e mesmo não sendo necessariamente relacionados, terem personagens e enredos diferentes, trazem histórias de perdas, de dramas e recomeços. A estreia mundial foi nesta última segunda na sessão Encounters.

Na primeira parte, o filme fala da história de uma mineira, a Joana, que perde tudo após a ruptura de uma barragem, fazendo um paralelo com as histórias de Brumadinho e Mariana. A personagem principal se vê obrigada a deixar a fazenda do pai, onde foi criada, para ir atrás da irmã que mora em São Paulo e recomeçar a vida num bairro da periferia da capital.

Na segunda parte do longa, que foi filmado no Mato Grosso do Sul, é o casal Flávia e Mara que decide sair da cidade para viver na fazenda do pai da Flávia, que acaba de falecer.

A ideia de uma vida tranquila e romântica no campo é logo derrubada pelo duro dia a dia com os animais e as plantações. Além disso, as duas descobrem segredos do pai da Flávia até então desconhecidos e entram em aventuras inesperadas.

O filme feito por uma equipe praticamente de mulheres passou por várias dificuldades de produção, inclusive por causa da pandemia, e sua estreia nesta semana foi imensamente comemorada pelos participantes.(Fotos: Divulgação)