Li, no “L’ Osservatore Romano”, em janeiro, a entrevista com a escritora húngara Edith Bruck, nascida em 1931, sobrevivente de Auschwitz, que recebeu, no último dia 20, a visita do Papa Francisco(foto). Durante sua entrevista em janeiro, afirmou: “Memória é vida. Escrever é respiração”. Sua entrevista me reportou ao livro Blue Nights.
Esta obra, Blue Nights, é uma não ficção, publicada no Brasil pela Editora Harper Collins. Terminei de ler o livro há poucos dias por indicação de meu amigo José Renato Nalini, presidente da Academia Paulista de Letras. A autora norte americana, Joan Didion (1934), possui reconhecidos os seus trabalhos como jornalista, ensaísta e romancista tanto nos Estados Unidos quanto em outros países.
Em um curto espaço de tempo, perdeu o marido – também escritor, John Gregory Dunne,e viu sua filha ficar gravemente doente.
Dentre as memórias, desde o casamento de sua filha, na Catedral de São João, o Divino em Nova York, destaca as flores brancas em suas tranças, a tatuagem de jasmim-manga transparecendo sob o tule e os colares havaianos. Nas lembranças tocantes, Didion analisa seus próprios medos, angústias e dúvidas e, ao fazê-lo, compara sua vida ao período das chamadas noites azuis.
Em alguns lugares, como Nova York, onde reside, logo depois do solstício de verão, há um tempo em que os crepúsculos se tornam mais longos e azuis. Ao longo do curso de mais ou menos uma hora, essa cor se aprofunda, tornar-se mais intensa ao mesmo tempo em que empalidece e escurece. Segundo a autora, a noites azuis são o oposto do término da luminosidade, mas são também seu aviso.
Há os questionamentos: Encarar como perda? Encarar como separação? O que significa para nós o termos? O que significa para nós não termos mais? O que significa deixar partir?
Em meio às reminiscências, percebe que pensava somente na proximidade dos dias escuros, sem uma consciência maior das fragilidades, da velhice ao longo da vida e da impossibilidade de superar sozinha determinados obstáculos. Constata que hoje ela sabe o que é fragilidade e medo.
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Repito a colocação da escritora Edith Bruck: “Memória é vida. Escrever é respiração”. Gostei demais do livro, que retrata o ser humano em sua essência e fico, para cada acontecimento, com o crepúsculo azul, que esmaece, perde a luz, mas se recupera em um tempo vindouro.(Foto: www.jrmcoaching.com.br)
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