Em meados de junho, uma fala veiculada em um programa de TV matinal de grande audiência reacendeu um debate urgente sobre saúde mental e responsabilidade na comunicação. Ao tratar a Síndrome de Burnout com superficialidade e clichês batidos, a mensagem que ecoou para milhões de lares foi a da invalidação. E quando a dor de alguém é minimizada em rede nacional, o sentimento de solidão e invisibilidade se aprofunda.
Informação cura. Desinformação adoece. Este não é apenas um lema, é a base para a construção de ambientes de trabalho e de uma sociedade mais saudáveis. Reduzir um tema tão complexo — que compromete carreiras, relações e a saúde mental de milhões — a “falta de vontade” ou “preguiça” não é apenas um erro. É um desserviço público.
E a conversa se move dos estúdios de TV para dentro das empresas — para a cadeira de quem lidera negócios, equipes e projetos. O antídoto para a desinformação não está apenas na correção de termos, mas na prática diária de uma liderança consciente e humanizada: aquela que compreende o impacto das suas decisões sobre a saúde física e emocional das pessoas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) não classifica o burnout como um exagero. Ela o define como um fenômeno ocupacional causado pelo estresse crônico no trabalho que não foi gerenciado com sucesso. Note a frase-chave: não foi gerenciado com sucesso. Essa definição desloca o foco do indivíduo que adoece para o ambiente que o adoeceu.
Ou seja: a pergunta não deve ser “o que há de errado com meu colaborador?”, mas sim “o que em nossa cultura, em nossos processos e em nosso modelo de gestão está contribuindo para o esgotamento?”.
A cura para o burnout não está em frases motivacionais rasas ou em dicas genéricas de produtividade e resiliência que só aumentam a carga de quem já não suporta mais. Ela passa por ações concretas como:
🔹 Construir segurança psicológica: criar um ambiente onde as pessoas possam dizer “não estou bem” ou “preciso de ajuda” sem medo de represálias ou rótulos.
🔹 Gerenciar a carga de trabalho com responsabilidade: distribuir tarefas de forma realista, estabelecer prioridades claras e respeitar o direito à desconexão não é luxo — é gestão inteligente.
🔹 Promover autonomia e reconhecimento: pessoas precisam sentir que têm algum controle sobre o que fazem e que seus esforços são vistos e valorizados. A ausência de reconhecimento abre espaço para o cinismo, um dos sintomas centrais do Burnout.
🔹 Liderar com coerência: o líder que fala de equilíbrio, mas responde e-mails às 22h, cultiva uma cultura de ansiedade. Aquele que exige transparência, mas esconde sua própria vulnerabilidade, gera desconfiança. A coerência é a base da confiança.
O episódio na TV foi um lembrete infeliz do caminho que ainda precisamos percorrer, que ele sirva de combustível para nós, líderes, gestores e profissionais de RH — não apenas na forma como falamos sobre saúde mental, mas na forma como atuamos para promovê-la.
Enquanto a desinformação tenta adoecer, temos em nossas mãos a ferramenta mais poderosa de cura: a gestão que enxerga, valoriza e protege pessoas em sua integralidade.
Porque o que adoece não é o cansaço. É a negligência.
E o que cura não é a frase feita — é a liderança consciente em ação.
Acolher, em vez de julgar. Ajustar o ambiente, em vez de culpar o indivíduo. Essa é a essência de uma liderança que não apenas gera resultados, mas que protege e potencializa o ativo mais valioso de qualquer negócio: seu capital humano.(Foto:Kaboompics.com/Pexels)

DANY MORAES
Consultora de Projetos de Recursos Humanos e Educação Corporativa. Atua na área de Gente & Gestão há 20 anos, com especializações em Felicidade e Qualidade de Vida no Trabalho, Inteligência Emocional e Líder Coach. Contatos: E-mail: dany.moraes@gmail.com. Instagram: @soudanymoraes. LinkedIn: daniela-moraes-marques.WhatsApp: 11 982659384. Acesse também: @sejaexpandente
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Gente e Gestão é uma expressão que se refere ao conjunto de práticas, políticas e processos relacionados à gestão de pessoas dentro de uma organização, engloba todas as atividades e estratégias voltadas para o desenvolvimento, motivação, engajamento e bem-estar dos colaboradores de uma empresa. Isso inclui recrutamento, seleção, treinamento, desenvolvimento de carreira, avaliação de desempenho, remuneração, benefícios, comunicação interna, cultura organizacional, entre outros aspectos que impactam diretamente o capital humano e o ambiente de trabalho.
A expressão Gente e Gestão enfatiza a importância das pessoas como um dos principais ativos de uma organização e reconhece que uma gestão eficaz dos recursos humanos é fundamental para o sucesso e sustentabilidade do negócio. E também ressalta a necessidade de uma abordagem humanizada e centrada nas pessoas na condução das atividades relacionadas à gestão de talentos dentro da empresa e a produtividade sustentável.(Foto: atdconference.td.org)
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