Que Jundiaí é conhecida como terra da uva todo mundo sabe. A cidade do interior de São Paulo também se destaca na produção de outras frutas como a tangerina poncã, o caqui, goiaba e o pêssego, e uma grande variedade de legumes e verduras que também são produzidas na área rural da cidade. Agora, a cidade se prepara para dar um novo passo e desenvolver uma outra cadeia produtiva: a do cacau, fruta que já até foi tema da última novela da Rede Globo. O projeto para o início do cultivo já está em elaboração pela prefeitura da cidade. Uma coisa é certa, irá sair do papel. A informação foi divulgada com exclusividade pelo site Agrofly News, em matéria assinada pelo jornalista Fábio Frattini Manzini.
“Queremos iniciar o plantio já no ano que vem, mas não iremos iniciar nada na correria. Estamos elaborando o projeto para fazermos tudo de forma correta e robusta, porque é uma cultura nova para a cidade, e é perene. Temos que acertar no começo, porque qualquer erro no início, pode atrapalhar todo o desenvolvimento”, explica o engenheiro agrônomo Sérgio Mesquita Pompermaier, em entrevista para Agrofy News.
Segundo a diretora do Departamento de Agronegócios da Unidade de Gestão de Agronegócio, Abastecimento e Turismo, Isabel Cristina Fialho Harder, a ideia de se iniciar o cultivo de cacau na cidade surgiu durante o evento sobre a cultura da fruta realizado em julho.
“Jundiaí foi lembrada por conta de suas características edafoclimáticas (solo e clima) propícias para o cultivo da fruta. O cacau é uma fruta que deverá se unir as demais para reforçar o agronegócio e consequentemente o turismo rural”, conta.
Consórcio e duas áreas em mente – O evento em julho foi promovido em comemoração pelo Dia do Agricultor em Jundiaí e a Coordenadoria de Assistência de Assistência Técnica Integral (CATI), órgão da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento, promoveu uma palestra sobre o cacau.
“Vi de perto a experiência do cacau na região de São José do Rio Preto e lá está dando super certo. Lá, a média de produção é até maior que em áreas da Bahia e Pará, onde plantio já é uma tradição”, explica Pompermaier.
A fruta de onde nasce o chocolate precisa de sombra para se desenvolver, lembra. “Os três primeiros anos demanda proteção de sol, de vento. O cacau se adapta melhor sendo sombreado no início do cultivo e por isso precisamos estruturar tudo muito bem”, explica o engenheiro agrônomo.
Assim, em Rio Preto, onde já foi até criada uma Rota do Cacau, a fruta é consorciada com a banana e seringueira.
Em Jundiaí, seria cultivada da mesma forma – em áreas de agroflorestas e em sistemas integrados de produção. “Em Rio Preto se faz consorcio com seringueira e banana e se adaptou muito bem. Estamos ainda estudando qual plantio vai consorciar aqui, mas acredito que a banana seria uma boa opção em Jundiaí.”, explica.
Mesmo na fase de estudo, o engenheiro já tem desenhada duas frente para o início do cultivo. A primeira frente seria implantar um pomar experimental na ETEC Benedito Storani. A ideia é realizar um plantio testando alguns cultivares e diferentes tipos de consórcios, ou seja, com outras frutíferas.
A Escola Técnica Benedito Storani tem tradição em cultivos e conta com diversos setores agropecuários tais como: bovinocultura, suinocultura, avicultura, piscicultura, culturas anuais e perenes, horta convencional e orgânica, além da produção da uva Niágara Rosada. Em fevereiro, por exemplo, no local, com investimento de R$ 16 milhões, foi inaugurado o Centro de Viticultura e Enologia.
Outra frente do cacau na cidade, seria, segundo o engenheiro já colocar em pratica o cultivo em alguma propriedade rural da cidade. “Vamos pesquisar se tem algum agricultor interessado para dar início ao projeto já no campo.”
“Vai dar certo” – Se o projeto está no campo da ideia, uma coisa é certa para Pompemayer: o futuro é promissor para o cacau em Jundiaí.
“Acredito fortemente que em Jundiai dará certo e terá um potencial gigantesco. Temos solo, clima. São duas as visões para eu ter otimismo. O mercado da amêndoa do cacau só cresce, basta ver as cotações. É um mercado muito promissor. Outro motivo que me leva a pensar assim é que a região está no circuito das frutas, dá para plantar, beneficiar aqui e agregar com nosso turismo rural que já é forte e conhecido. Além disso, temos uma série de vantagens como diversificação de cultura em Jundiaí”, explica.
O cacau segundo ele poderia ser mais uma cultura a ser adotada no programa lançado pela prefeitura chamado Colhe e Pague, uma proposta para fomentar o turismo rural e escoar a produção.
A nova proposta tem atraído neste ano turistas de todos os cantos. Eles são municiados com cesta, tesoura ou faca – dependendo do fruto – e partem para a colheita que é repleta de história da propriedade e do fruto/ verdura, diversão e contato com a natureza. Além da colheita, conhecem a história da propriedade e da fruta, além de consumir a própria colheita.
Segundo a prefeitura, o colhe e pague tem como foco a fruticultura, mas é um projeto que também pode ser implantado para o setor de hortaliças.
O propósito é comercializar um produto com mais qualidade e com preço justo, tanto para o consumidor quanto para o produto. “O cacau daria muito certo neste programa. Além de colher, conhecer a fruta, o turista iria levar o chocolate para casa ou consumi-lo aqui mesmo”, concluiu o engenheiro.
Governo estadual já está de olho no cacau – A cadeia e a potencialidade do cacau não fogem dos olhos do governo estadual. Segundo a secretaria de agricultura estadual, a fruta está entre as prioridades da Secretaria de Agricultura que, por meio do programa Cacau SP, que visa trazer desenvolvimento social e econômico para as regiões aptas à produção da fruta no estado.
“O programa trabalha com transferência de tecnologia aos produtores para intensificar os plantios de cacau no estado de São Paulo. Além disso, tem construído pontes com potenciais compradores com a finalidade de facilitar a comercialização e fortalecer a cadeia”, destacou o diretor Cati Regional de São José do Rio Preto, Fernando Miqueletti em entrevista recente a pasta. Esta experiencia em Rio Preto é o foco de Jundiaí.
Em julho, a pasta estadual, com intuito de promover o desenvolvimento e fomentar a cadeia produtiva cacaueira no estado se reuniu com representantes da cadeia produtiva do setor.
A reunião serviu para discutir e alinhar um planejamento estratégico a fim de atender todos os desafios da cacauicultura, desde o campo até as gôndolas do supermercado, e, principalmente, levar o cacau como uma oportunidade de negócio ao produtor rural paulista.
“O estado de São Paulo tem um grande potencial produtivo, já que temos terras para cultivar o cacau, o que nós precisamos de fato é operacionar as parcerias”, frisou na época o secretário de Agricultura, Guilherme Piai.
O governo de São Paulo estima que existam 300 hectares de cacau plantados na região noroeste do estado, além de aproximadamente 200 hectares nas regiões do litoral e do Vale do Ribeira.(Foto: Agrofly News)
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