Ícone do site Jornal Jundiaí Agora | Nada mais que a verdade | Notícias Jundiaí e Região, Jornal Jundiaí Agora, Jundiaí Notícias, Atualidades Jundiaí

CACHEADOS ou lisos???

“Tia, é tão injusto ele ter cabelo liso! Nunca vai deixar crescer…”. Palavras da minha infante sobrinha quando meu filho mais velho nasceu. O cabelo dele liso, com chapinha de fábrica e o dela, enrolado como as molas de um colchão. Ela era pequena, mas, já vislumbrava o trabalhão que o seu cabelo daria no futuro. Perguntas que não querem calar: Por que os cabelos são cacheados? Por que são lisos?

Minhas madeixas estão entre uma espécie e outra. Dependendo do meu humor, assumo totalmente aversão rebelde, porém, quando incorporo a dama comportada, mostro a escova com o secador, rapidamente, para não acostumar.

O tipo de cabelo tem forte componente genético, embora, persista muitas dúvidas sobre a dominância ou recessividade entre os vários tipos.

Existem teorias para explicar esse ou aquele tipo de cabelo. Abordaremos as três mais comuns.

– A da velocidade de crescimento: a papila, onde o pelo cresce, exibe células que se dividem o tempo todo, o que torna as madeixas longas. Se as células se subdividirem ao mesmo tempo e em ritmo constante, o cabelo será liso. Se, por motivos diversos, as células se dividirem rapidamente e de forma desordenada, o cabelo será crespo.

Nessa linha de raciocínio, forçoso acreditar que, o cabelo pode alterar-se ao longo da vida do indivíduo. Não é incomum ouvir mulheres que passaram pela gestação, comentar que o cabelo era de um jeito e, após a maternidade, sofreu modificação.

Enquadram-se nesta situação as pessoas que passaram por tratamento quimioterápico para câncer, por exemplo, ou ainda, adultos jovens (após a adolescência e as oscilações hormonais do período), relatarem a mesma alteração.

– A da forma e posição do folículo piloso em relação à cabeça: a forma dos fios não é totalmente circular, em um corte transversal é possível notar se o fio é mais achatado ou mais abaulado. E essas características são fortemente influenciadas pelos grupos étnicos a que o indivíduo pertence.

Exemplificando: os cabelos lisos nos asiáticos são, quase sempre, redondos e em linha reta, em secção transversal. Já, o fio de ascendência africana é mais achatado e, quanto mais fino a forma do folículo, mais encaracolado é o cabelo. Os de ascendência caucasiana são os que variam grandemente em sua forma, mas geralmente, são arredondados e na maioria, lisos.

– A das ligações de enxofre nos fios: em cada fio de cabelo há milhares de cadeias de alfa-queratina, que possuem átomos de enxofre. Quando dois destes átomos de enxofre se juntam, formam uma ligação de dissulfeto. Quanto maior o número dessas ligações, mais crespo o cabelo será e, quanto menos ligações ocorrerem, mais liso se tornará.

Por isso, a utilização de produtos que promovam reações químicas como unir ou separar as ligações de enxofre, modifica a estrutura do cabelo já desenvolvido, considerando queele será produzido sempre de acordo com o código genético e as outras características acima citadas.

Nota da articulista: ao longo do fio, percebe-se alteração na forma, embora o asiático seja o mais regular e o africano o de menor regularidade, por isso, os cachos têm diversas apresentações.

OUTROS ARTIGOS DE ELAINE FRANCESCONI

ABRAÇOTERAPIA

VOCÊ TEM COMEDÕES?

LITÍGIO RONCADOR

MALHAÇÃO PÉLVICA

ONDE ESTÁ A INTUIÇÃO???

Apesar de muito recente o conhecimento da genética dos fios de cabelo, no PUBMED (biblioteca online de estudos em saúde) apontaram 504 estudos alusivos à matéria,nos últimos 5 anos. Não é pouco!

Apesar da maioria dos experimentos focar na falta de cabelo, um trabalho que remonta ao ano de 2007, aguçou a minha curiosidade, pois, classifica de forma muito detalhada os tipos de cabelo humano (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18078200). Vale a pena se aprofundar no assunto.

Aparentemente, a herança genética segue a dominância do cabelo crespo em relação ao liso, porém, as combinações possíveis entre o extremo liso e o extremo crespo são infinitas.

Um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Médica de Queensland, na Austrália, coletou dados de 5 mil gêmeos, em uma análise de 3 décadas e constatou que, 90% deles herdou o cabelo de suas genitoras, indicando forte herança genética materna.

Isto posto, você ainda se ressente do cabelo?

Fala dele como a sua mãe falaria de você?

“Você cria seu cabelo com todo amor e carinho, pra depois ele crescer, ficar rebelde e sair por aí armado” perdão pelo trocadilho.

Não ressinta, ele faz parte da pessoa maravilhosa que você é.Conflitos? Sempre ocorrerão, a forma como lidar com eles é que faz a diferença. (Foto: cacheia.com)


ELAINE FRANCESCONI

Bacharel em Zootecnia (UNESP Botucatu). Licenciatura em Biologia (Claretiano Campinas). Mestrado (USP Piracicaba) e doutorado (UNICAMP Campinas) em Fisiologia Humana. Professora Universitária e escritora.

Sair da versão mobile