Ele quer ser o candidato a presidência da República com base em São Paulo. É verdade que falta ainda algum tempo para a eleição mas a estratégia é começar o quanto antes possível. Afinal o mandato é curtíssimo, apenas quatro anos. Assim, mal acaba uma eleição presidencial e já se articula outra. O mote da campanha se repete, ou seja o de ser o antipresidente. O período entre uma eleição e outra deveria ser preenchido pela oposição ao governo com propostas diferentes para os rumos do país. Contudo o que mais mexe com o eleitorado, e que eu vai decidir quem será o próximo presidente, são os ataques pessoais e as críticas gerais sobre o plano de governo, seja ele qual for. Não interessa o destino do Brasil, mas sim o desgaste do candidato concorrente. Para isso é necessário recorrer a fatos passados de sua biografia, mesmo que muitos deles sejam mal apurados pelos jornalistas amigos. Essa tática não é novidade na política nacional. Vem desde a época da fundação da República. E tem dado certo.
A corrida para a presidência se torna mais dura quando o opositor é radicado no Rio de Janeiro, oriundo do Exército onde tem grande apoio. A luta entre ele e o candidato apoiado por São Paulo toma dimensões indesejáveis. Aos militares é atribuída a ditadura que perdurou por bom tempo. O candidato militar retoma a retórica que os políticos, ou casacas, são corruptos e representam apenas setores ligados às elites nacionais. Principalmente ao agro negócio responsável pelo saldo na balança comercial do Brasil e na concentração da riqueza e do poder dos proprietários de terras. Estes formam uma oligarquia disposta a pôr um pé em cada canoa, ou melhor, apoiar qualquer candidato desde que defenda os seus interesses. O ambiente político é tenso e muitos acreditam que a qualquer momento o candidato militar possa liderar um golpe de estado e implantar novamente uma ditadura no país. O resultado da eleição é imprevisível, uma vez que o candidato civil tem o apoio da maior economia nacional. São Paulo, a locomotiva do Brasil, como dizem os bairristas.
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O candidato “paulista” à presidência é conhecido nos meios acadêmicos onde seus livros e palestras são sempre concorridos. Apresenta-se como algo novo, alguém capaz de mudar os rumos e aponta com a esperança de modernizar o pais .Contudo não é a juventude universitária que decide a eleição e sim a população espalhada pelo território nacional. Ele ocupou durante pouco tempo um cargo público. Rompeu com o establishment e faz viagens pelos estados no que denomina de Campanha Civilista. O baiano Rui Barbosa enfrenta o Marechal Hermes da Fonseca. A famosa política do café com leite está à beira de um rompimento com as oligarquias estaduais divididas. Mas os militares estão coesos. Arrependem-se de ter permitido a ascensão dos civis quando terminou o mandato de Floriano Peixoto. Deveriam, dizem os mais radicais reunidos no Clube Militar no Rio de Janeiro, manter o princípio comtista de ordem e progresso como está na bandeira nacional, e que pressupõe uma ditadura republicana capaz de mudar a história do país. O embate é duro. A ameaça do golpe existe. Mas o o voto continua aberto, a bico de pena, com os mandatários locais tangendo os eleitores para a urna como uma manada obediente. Tudo deve terminar bem se Hermes vencer o baiano-paulista Rui Barbosa, o futuro Águia de Haia, e chegar à presidência da República.(Ilustração: www2.senado.leg.br)
HERÓDOTO BARBEIRO
Editor chefe e âncora do Jornal da Record News em multiplataforma. Palestras e midia training: www.herodoto.com.br
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