Senhor presidente: sei que o senhor não é uma pessoa tão popular, que se saísse candidato como “cabeça de chapa” não chegaria onde está. Mas chegou aí porque a Constituição lhe permitiu, graças ao que aconteceu com a “cabeça de chapa” da qual o senhor era o vice. Mas isso é um assunto que não me traz aqui! O que gostaria de lhe dizer é que fiquei preocupado com sua declaração de que, por conta das várias chacinas ocorridas, o Brasil precisa construir mais presídios.
Sei que a solução deveria ser outra, até porque, como disse Darcy Ribeiro, em 1982, “se os governadores não construírem escolas, em 20 anos faltará dinheiro para construir presídios.” Aí, senhor presidente, a gente faz as contas e vê que Darcy Ribeiro afirmou isso há 35 anos então, parece que não se construíram escolas suficientes e não há dinheiro para mais presídios. O que fazer então senhor presidente?
Sei que se os governantes construíssem mais escolas, não haveria necessidade de se construir presídios, mas em nosso País há algo diferente disso tudo: muitos daqueles que estudaram – e muito – estão presos! Percebeu isso senhor Temer? A declaração infeliz de seu ex-assessor de que deveria haver uma chacina por semana, pois isso reduziria o número de presos, não condiz com um governo sério. É hora, senhor Temer, de se idealizar um projeto para resolver o caso dos presos no Brasil. Qual o custo de cada um para o bolso de nós, cidadãos brasileiros?
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Imagino que todos os presos deveriam trabalhar. Os presídios estão superlotados e construir mais significa imaginar que o número de marginais vai crescer. Estes senhores políticos e empresários que estão presos é que deveriam ser encaminhados aos presídios agrícolas, para plantar e colher e ver o que como é bom trabalhar – literalmente – de sol a sol.
Para encerrar, senhor presidente, gostaria de lhe pedir uma reflexão mais ampla sobre a situação dos presos, que cometeram qualquer espécie de crime: a construção de mais presídios não é a solução mais desejada, mesmo que emergencialmente. As facções criminosas devem ser combatidas. O Governo sabe exatamente onde está o foco dos confrontos destas facções que brigam entre si há mais de uma década e nada foi feito para acabar com isso.
A frase do naturalista francês, que viveu no Brasil nos primeiros anos de 1800, profetizou o que foi ocorrer na metade do século passado, quando disse: “Ou o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil!” O Governo de Getúlio Vargas sofreu para combater a saúva. Assim, senhor presidente, quero modificar esta frase afirmando que “Ou o Brasil acaba com o crime organizado ou o crime organizado acaba com o Brasil! (foto acima: Valter Campanato/Agência Brasil)
NELSON MANZATTO
Jornalista profissional diplomado, tendo trabalhado no Jornal da Cidade de Jundiaí, Diário do Povo de Campinas, Jornal de Domingo de Campinas, Diário Popular de São Paulo e Jornal de Jundiaí. Foi editor-chefe dos jornais Diário do Povo, Jornal de Domingo e Jornal de Jundiaí e sempre trabalhou nas editorias de Política e Economia. Também trabalhou em Assessoria de Imprensa. É membro da Academia Jundiaiense de Letras e tem quatro livros publicados: Surfistas Ferroviários ou a História de Luzinete (Vencedor de Concurso Literário), Contos e Crônicas de Natal (com cinco textos premiados), Momentos e No meu tempo de Criança. Mantém um blog literário: blogdonelsonmanzatto.blogspot.com