Artistas, intelectuais e profissionais de várias áreas estão realizando um abaixo-assinado, iniciado no dia 19 último, que recebeu o nome de Carta pela Democracia, denunciando casos de censura, segundo eles. O episódio da proibição da exibição do espetáculo ‘O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu’, no Sesc Jundiaí, é citado no documento que conta com 1048 assinaturas até agora (foto acima).
“Esta carta-manifesto foi produzida a partir da mobilização iniciada por artistas e críticos de artes e que teve a adesão de diversos setores da sociedade civil – professores, advogados, engenheiros, psicanalistas, sociólogos, historiadores, cineastas, escritores, arquitetos, designers, jornalistas, fotógrafos, médicos, membros de movimentos sociais, etc – para fazer frente à onda ultraconservadora que ameaça os direitos individuais, civis e sociais neste país”, afirma o documento.
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Além do caso de Jundiaí, a Carta pela Democracia cita também “milícias reacionárias e antidemocráticas conseguiram provocar de maneira abrupta o encerramento da exposição Queermuseu, no Santander Cultural, de Porto Alegre (RS). Em setembro, a polícia retirou a pintura Pedofilia, de Alessandra Cunha, do Museu de Arte Contemporânea de Campo Grande (MS). Vale lembrar ainda que as mesmas milícias iniciaram uma campanha contra o Panorama da Arte Brasileira do MAM-SP, por conta da performance La Bête, de Wagner Schwartz, com apoio irresponsável do prefeito de São Paulo, João Doria. E uma horda de fanáticos liderados pelo deputado João Leite tentou invadir o Palácio das Artes, em Belo Horizonte (MG), e destruir a produção de Pedro Moraleida”.
Para os organizadores do abaixo-assinado, “ficou evidente que militantes de direita, segmentos de igrejas neopentecostais, alguns políticos de grande responsabilidade pública – e sem espírito republicano –, membros da burocracia de Estado no Judiciário, da polícia e do Ministério Público estão atuando em conjunto contra produções e instituições artísticas. Eles censuram exposições, assediam os visitantes e funcionários dos museus e usam de redes sociais para detratar e ultrajar pessoas das quais discordam. Arrogantes, tais fundamentalistas evitam a leitura mais atenta dos trabalhos e saem à caça de indícios de indecência, leviandade, pornografia e heresia. Não há debate intelectual, não há questionamento, só violência e intolerância”.
A Carta pela Democracia pode ser acessada através do www.pelademocracia.com. No site não há informações sobre qual destino será dado ao documento e se há um prazo para acessá-lo.