CATEQUESE DO CONVENCIMENTO: Como ter sossego e paz?

catequese

Fico atento ao início da semana porque, geralmente, ele imprime sua velocidade àquilo que está por vir; e essa semana começou totalmente desgovernada, ocupado da manhã à noite, com minhas aulas na pós-graduação, noites com ocupações nas duas especializações que leciono, atendimentos espremidos entre uma e outra atividade e esse maldito banco BMG, com seus funcionários correndo atrás de bater metas, infernizando a vida do cidadão, que mesmo bloqueando os números, continua a ser importunado. E eles são insistentes, acreditam na catequese do convencimento. Como ter sossego e paz, mesmo estando trancado em nossas casas?

Parece que estamos atrás deles e que a proposta que têm para os oferecer seja redentora, enquanto a verdade é que somos ludibriados por todos os meios e lados: cada vez somos enredados e solapados de nossos bens. Eles começaram a me assediar através da catequese do convencimento antes mesmo de minha aposentadoria sair, com meus dados corretos e com um discurso meloso e chato. Para estes jovens do tal “call center” resta aprender a entender que não é não. Pena que não há meios de desenhar para eles. São inoportunos, inconvenientes, desagradáveis e deselegantes. E o Procon não faz nada, mesmo com queixa.

LEIA:

SANTANDER E CRC: VOCÊ SOFRE COBRANÇAS EXCESSIVAS???

Enquanto isso o outono vai se firmando, começa a trazer as manhãs mais escuras, o início da noite mais rápido e uma temperatura abaixo da amena. No outono temos tempo para ressignificar nossas Vidas e buscar novas ancoragens, novas formas de viver, baseados no Verão que nos deixou. Nem tudo é tão simples e nem tudo é de fácil compreensão. Nem tudo é catequese do convencimento, em especial neste período de pandemia, uma vez que as notícias não são claras nem lineares: temos conflitos de informações e muita incerteza no ar. Incertezas que chegam por meio de notas, de leis, de declarações, nunca favorecendo o cidadão comum. E, na mesma frequência, aquele discurso vazio de empatia. Então, empatia de quem, para quem e onde?

Porque já analisei a respeito disso, com vocês: hoje tudo é empatia. Olhou estranho. Tenha empatia. Grite ‘tenha empatia’. Xingue. Tenha empatia. Amaldiçoe. Tenha empatia. Será que não estamos sendo sonhadores demais? Não seria isto uma catequese do convencimento também? Será que a resposta a tudo isto se resume em atos de empatia? Não estará faltando um certo enquadramento e uma maneira de mostrar que limites existem e devem ser respeitados? E então, a empatia pode se fazer presente? Porque parece-me muito messiânico estas propostas empáticas diante de tudo que seja emblemático na vida de alguém. O difícil, o ruim, o não esperado deve ser entendido, analisado e resolvido. Emanar empatia diante de uma catástrofe é, no mínimo, masoquismo, não encontro outra leitura para tal ato.

Mas consigo entender o tocar da banda, sim: a geração gratiluz vê tudo como obra do destino. E, eu, na minha insignificância, não acredito em destino. Acredito na direção e na proposta que eu imprimo a minha vida. Creio nas mudanças e nas reviravoltas que eu propus para mudar meu rumo, sinto que os reveses da Vida acorrem porque eu fiz a escolha errada ou não aprendi as lições anteriores. Mas sou senhor da minha história, cavo meus espaços e minhas entradas, como cavo meus buracos e meus sepulcros. Entretanto, em tempos difíceis, o messianismo parece florescer e se desmanchar em falas e gestos pouco convincentes, mas de efeito grandioso. Ainda prefiro a realidade, crua e dura, mas certeira e assertiva. Reflexões, não são?

Participei de uma live onde fui entrevistado sobre a depressão e o suicídio, assuntos sobre os quais me especializei após a faculdade e caminhos por onde tenho caminhado com muita frequência. Assustou-me o número de questões e a procura, após a live, visto que as pessoas estão mais diretas e assumem a doença (a depressão é uma doença psiquiátrica que precisa ser bem investigada e tratada). Numa cidade grande, com vários cursos de Psicologia, é de se estranhar que os Centros de Atendimento não estejam lotados de pedidos e de procura por terapia; recomendo com muita certeza este tipo de auxílio, visto que a busca pelo auxílio psicoterapêutico é de extrema urgência. Gostei do nível de discussão e da participação das pessoas que buscam mais conhecimentos sobre o assunto. Devagar vamos saindo da sombra, rumando para o sol que nos aquece e garante um caminho seguro.

OUTROS ARTIGOS DE AFONSO MACHADO

FAÇA MELHOR!

PODE OU NÃO PODE?

A DIFÍCIL ARTE DE TER FÉ NA VIDA

Que a abençoada Ciência seja sempre o Sol que rompe nossos espaços mais sombrios e aquece-nos imprimindo força e coragem para uma caminhada, que está, sim, difícil, mas não impossível. Talvez esta claridade possa nos mostrar pistas e consolidar nossos trajetos, para que nos libertemos, de vez, da ignorância que se espalha pelo país. Fico muito chateado quando ouço de amigos que estão esperando pela vontade de Deus; são amigos que se esqueceram que esse Deus já nos fez livres e inteligentes, dotados de uma vontade que nos permite escolhas e decisões. Resta-nos assumirmos nossa Vida e seguir, decididos, o resto de nossa trajetória.

Em tempo: São 17h31 de terça feira, dia 20, e apenas hoje recebi, até agora, 21 ligações de atendentes do BMG. Isso é coisa de fazer louco. Mas eu sou resistente. Vamos ver quem enlouquece primeiro.(Foto: rezendeevil/Youtube)

AFONSO ANTÔNIO MACHADO 

É docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology. Aluno da FATI.

VEJA TAMBÉM

QUEDA DE CABELOS APÓS COVID. MULHERES RECLAMAM. ASSISTA AO VÍDEO DA GINECOLOGISTA LUCIANE WOOD…

ACESSE O FACEBOOK DO JUNDIAÍ AGORA: NOTÍCIAS, DIVERSÃO E PROMOÇÕES

PRECISANDO DE BOLSA DE ESTUDOS? O JUNDIAÍ AGORA VAI AJUDAR VOCÊ. É SÓ CLICAR AQUI