CELEBRIDADES negras do Anhangabaú

celebridades

Tudo muda o tempo todo no mundo. Os feitos são fatos e os fatos são concretos, tanto quanto a poesia de São Paulo. E isso é real tanto quanto qualquer situação que aconteça e se fixe no tempo, a ponto de trazer um passado que foi progressista a seu jeito e que vive nas memórias dos sobreviventes, trazendo doces recordações que jamais serão esquecidas só porque a modernidade, a tecnologia e a má intenção de algumas pessoas que insistem colocar um véu de poeira nas coisas que controladas pelos ventos, que vão e voltam como as nuvens. Está tudo nelas. Este é o grande acontecimento da nossa passagem na Terra, os segredos que a nuvem guarda. Hoje quero falar de pessoas que foram destaques no elegante bairro do Anhangabaú nos anos 70, 80 e 90 e não chegaram a ser celebridades, como se diz hoje em dia. Eram “o máximo” ou “figurinhas carimbadas” porque no país do futebol, tudo a isso se compara.

Vamos falar do senhor Aristides Chagas, na época um alfaiate negro de muito sucesso. Morava no início da rua do Retiro, próximo do prédio que mais parece um robô e da floricultura na esquina com a avenida Nove de Julho. Ele foi responsável pela elegância dos negros, com costura esmerada e de fino corte. Todos que tinham bom gosto o procuravam porque a satisfação era garantida. Aristides era casado e pai de três filhas. O advogado Henrique de Paula Filho era seu genro, casado com sua filha Doris. Gente da melhor qualidade. Celebridades daquela época…

Na rua Rachel Carderelli morava o senhor José de Campos, que era agente do INPS, casado com a senhora Virgínia. Era pai do José Nelson de Campos, um cardiologista formado na primeira turma da Faculdade de Medicina de Jundiaí(FMJ). Renomado e bem situado na cidade, era irmão da Nelly de Campos, dentista também com uma carreira de sucesso. Infelizmente ambos morreram antes do combinado. Mas exerceram suas profissões com generosa dignidade. A casa onde moravam dava fundos para o Córrego do Mato, que com a transformação em avenida Nove de Julho, mudou a fachada e a casa passou a ter duas entradas.

LEIA OUTROS ARTIGOS DE LUIZ ALBERTO CARLOS

REPRESENTATIVIDADE…

AO NEGRO O QUE É DE DIREITO

LEGADO E ORGULHO NEGRO

Todas essas pessoas citadas, estas celebridades, fizeram do bairro um lugar alegre e muito divertido. Participaram de todas as atividades, inclusive as religiosas. Frequentavam a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito(foto) e depois por comodidade e proximidade também, começaram a frequentar a Paróquia de Santo Antônio que trouxe modernidade e progresso. Muitos batizados, crismas, primeiras comunhões e casamentos. Muitas bodas. Procissões e quermesses nas dependências da igreja. Tudo isso numa área privilegiada, amistosa, bons relacionamentos, efervescência e boa vivência. 

Carregado de sentimentos e referências, novas possibilidades para mudar o mundo e sermos melhores no futuro, depois de caírem todas as folhas amareladas do outono. Momentos extraordinários, não têm explicações. É algo que se sente. Faz parte do mundo, além de seguir os meus desejos das conquistas dos negros, para sair da sensação de desconforto. O que é real é verdadeiro e fica.

LUIZ ALBERTO CARLOS

Natural de Jundiaí, é poeta e escritor. Contribui literariamente aos jornais e revistas locais. Possui livros publicados e é participante habitual das antologias poéticas da cidade.

VEJA TAMBÉM

PUBLICIDADE LEGAL É NO JUNDIAÍ AGORA

ACESSE O FACEBOOK DO JUNDIAÍ AGORA: NOTÍCIAS, DIVERSÃO E PROMOÇÕES