Empreendemos este pronunciamento com a honra e o orgulho de havermos tomado a iniciativa da vitoriosa luta pela despoluição do Rio Jundiaí, como o mais importante item da primeira campanha do então deputado André Benassi à Prefeitura de Jundiaí.

Com a vitória dessa luta, Jundiaí tornou-se o único município brasileiro com mais de 300 mil habitantes, no qual 100% dos esgotos domésticos e industriais são tratados, inclusive com o aproveitamento da lama para enriquecer o solo nos cultivos de cana açúcar para a produção de etanol e de empreendimentos florestais.

Essa luta possibilitou a construção da maior e mais importante obra de infraestrutura da região no setor de saneamento básico, abrangendo os seis municípios dessa bacia fluvial: Várzea, Campo Limpo, Jundiaí, Itupeva, Indaiatuba e Salto.

Recentemente, tivemos oportunidade de saudar  o ex-prefeito Pedro Bigardi e seu Secretário Desenvolvimento,  Marcelo Cereser, pela sábia decisão de criar o Centro Municipal de Inovação Científica e Tecnológica, iniciativa que nos entusiasmou desde o primeiro instante. Diante das agruras porque passa o Brasil frente à atual crise global, nada pode ser mais importante do que apelar para iniciativas de inovação em ciência e tecnologia.

Isso diz respeito diretamente ao futuro de Jundiaí e do Brasil. E o futuro estará sempre em mãos da juventude atual, a qual deve ser contagiada por essa iniciativa, despertando na mesma aquele vibrante entusiasmo que empolgou populações inteiras na campanha do “Petróleo é nosso!”, na campanha das “Diretas, já!” e nas manifestações de junho de 2013 pelo ajuste das tarifas de transporte coletivo, da mesma forma que aqui em Jundiaí conseguimos envolver as escolas dos diversos níveis, os clubes de serviço e outras instituições na campanha pela despoluição do Rio Jundiaí.

Dependemos da poderosa força da inovação científica e tecnológica como suporte estratégico para promover as forças produtivas sociais e o potencial geral de nossa economia.

Desde o início do século XXI está em curso em todo o Planeta Terra uma nova onda de revolução científica e tecnológica, apresentando novas tendências  e novas características, como o acelerado o surgimento de novas disciplinas, a interdiciplinidade  e a ampliação das fronteiras científicas.

As tecnologias de informação, biologia, novos materiais e novas energias, todas elas em ampla difusão, têm impulsionado a revolução em quase todas as áreas, caracterizando-se por tecnologias limpas, inteligência artificial e onipresença tecnológica.

Semelhante a uma alavanca capaz de mover o Globo Terrestre, a inovação científica tem realizado milagres inconcebíveis, o que tem sido comprovado pelo percurso do desenvolvimento científico e tecnológico da época atual.

Poderíamos nos estender demoradamente a este respeito, mas para encurtar a conversa, lembramos dois saborosos e antigos adágios da gente de Campinas sobre Jundiaí. Um deles dizia: “A língua de Jundiaí que te persiga!” E o outro:  “O vento de Jundiaí que te persiga!”.

O primeiro podemos deixar e lado, mas o segundo merece acurada atenção,  pois, em vez de encará-lo como uma maldição, devemos tomá-lo como uma graça e verificar se não seria o caso de converter  esse vento de Jundiaí em energia eólica, em prol do desenvolvimento sustentável de nossa economia. E já há iniciativas reais nesse sentido, pois faz um bom tempo sempre que vamos da cidade para casa no bairro do Poste, vemos,  aí pelo km 60 da margem direita da Via Anhanguera, em pleno funcionamento, as hélices de uma torre que está produzindo energia eólica para um conjunto residencial recém-construído. Fica aqui o nosso desejo de que elas se multipliquem.

É preciso tirar proveito de nossas riquezas naturais, como estamos tirando do pequeno córrego do Jundiaí-Mirim, para abastecer a grande represa do saudoso e talentoso Ruy Chaves, garantindo água para nossas necessidades humanas e econômicas por mais algumas décadas.

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É preciso fazer um levantamento científico da composição da flora e da fauna da Serra do Japi, a fim de apurar, entre outras, a sua riqueza medicinal, inclusive das flores, da casca e do cerne de nossos tantos ipês amarelos. Não podemos deixar de lembrar, a fim de que seja preservado pelo Centro de Inovação o levantamento já iniciado a esse respeito pelo talentoso engenheiro agrônomo Antonio de Araújo Vieira, em sua obra intitulada  “Serra do Japi. Manejo racional autossustentado”, fruto de 30 anos de estudos e observações in loco sobre essa importante reserva ecológica, último remanescente da Mata Atlântica no Interior paulista.

Lembraria ainda que este novo Centro tratasse de preservar também, como livro de cabeceira de todos nós, a “História da Agricultura de Jundiaí”, de outro portentoso mestre de nossa agronomia, o engenheiro Júlio Seabra Inglez de Souza.

É preciso tirar maiores proveitos do Rio Jundiaí, pois, já estando em vias de limpeza total, suas águas poderão ser melhor aproveitadas para o consumo animal, para a agricultura, para a piscicultura, bem como para a recreação, o turismo e o paisagismo em suas margens.

Mais ainda, queremos lembrar que, quando empreendemos a campanha pela despoluição do Rio Jundiaí, houve gente que tratava de botar na cabeça dos candidatos às prefeituras dos seis municípios que (não riam, por favor),  “se a ideia do Jayme de tirar os esgotos do Rio Jundiaí vingar, esse rio pode secar”… Mas os seis candidatos foram eleitos e, assim que assumiram as prefeituras, os seis municípios e o governo do Estado (através da Cetesb, então presidida pelo engenheiro Werner Zulauf) empreenderam a ingente tarefa de conduzir os esgotos para estações de tratamento, obras concluídas nos seis municípios em 2013.

Pois não se riam agora desta outra ideia que nos ocorreu há algum tempo: é preciso pensar em transformar o Rio Jundiaí e um curso fluvial navegável para o transporte coletivo. Já aventamos tal ideia, algum tempo atrás em reunião do Comitê dos Rios Atibaia, Jundiaí e Capivari, e o então presidente desse Comitê não teve dúvida em nos alvejar com satírica gozação: “Navegar no Rio Jundiaí? Só se for de piroga…”

Mas todos sabemos que não poucos rios de baixa vazão se tornaram navegáveis em diferentes países, graças à  elevação do nível de suas águas mediante obras de retificação, diques, eclusas e outras mais.

Deixando de lado episódios risíveis, tratemos de pelo menos mais uma questão transcendental (e seriam muitas): já que em nossa Encubadeira Municipal de Empresas temos pelo menos uma iniciativa de produzir robôs, precisamos levar em conta seriamente que a “revolução robótica” será capaz de inaugurar uma “terceira revolução industrial” e se tornará provavelmente uma nova área capaz de alavancar o crescimento econômico, influenciando até mesmo a estrutura manufatureira global.

Por recente pronunciamento do Presidente da China, Xi Jinping, tomamos conhecimento de que a Federação Internacional de Robótica  prevê que “a revolução robótica vai criar um mercado  de alguns trilhões de dólares” e que “a China (nosso principal mercado de compra e venda) deverá ser o maior mercado de robôs do mundo”. Sim, essa mesma  China, onde trabalhamos por 20 anos e cuja indústria, até pouco tempo atrás, se dedicava quase que exclusivamente a suprir de “quinquilharias” as lojinhas de R$1,99 daqui e e de todo o mundo. Uma transformação gigantesca que em poucos anos tornou a China a segunda potência econômica do mundo. E isto graças à inovação científica e tecnológica levada a sério.

A mídia ou a opinião pública internacional já considera que o robô é “a pérola no topo da coroa” da indústria manufatureira.

Para não espichar demais este pronunciamento, pensamos ser indispensável que a nova Administração Municipal, encabeçada por dois Doutores (Dr. Luiz Fernando e Dr. Antonio Pacheco), faça com que este Centro de Inovação tenha um amplo conselho, integrado por muitos jovens talentosos de nossos cursos superiores, pois é preciso que haja uma boa integração do Centro de Inovação com o mundo universitário local e regional, além de amplo relacionamento com esse setor em escala nacional e internacional, a fim de saber o que se faz em inovação científica e tecnológica nos EUA, na Europa, no Japão, nos Brics e também em países menores, como Coréia do Sul, Cingapura e outros mais.

E deixamos para o fim um apelo para que a nova Administração Municipal assuma o mais rápido possível o desenvolvimento do projeto de construção do Centro de Inovação na área de 200 mil metros quardrados que a Fundação Cintra Gordinho doou à Prefeitura para essa finalidade. (foto acima: edge.ascd.org)

 

JAYME MARTINSJAYME MARTINS

Jornalista, ex-chefe de reportagem do jornal Última Hora de SP,  ex-correspondente na China  de O Globo, Estadão, JT, Rádio Eldorado, Rádio Guayba e SBT, Grande Prêmio de Jornalismo Líbero Badaró, da ABI e Revista Imprensa, pela cobertura dos  acontecimentos da Praça da Paz Celestial  de Pequim, em 1979, Diretor de Overchina Consultoria e Edições, jayme.overchina@gmail.com.