Interessante analisarmos a história do mundo, as passagens, as vidas das pessoas e suas ações. Nos tempos da ditadura militar que matou tantos civis no Brasil, a emissora de Silvio Santos, o SBT, tinha um quadro, no programa do dono da emissora, chamado “A Semana do Presidente”. Uma espécie de homenagem e retribuição de Silvio para quem mandava no País. A emissora combatia, diretamente, a Globo, que liderava a audiência, mas que muitas vezes trocavam de posição.
Claro que este espaço não está vinculado, especificamente, a programas de televisão ou a ação de comandantes de emissoras. Está muito mais ligado aos personagens que o mundo criou. Um deles, foi Chaves, programa, inicialmente, direcionado às crianças, mas que, diante de tanta ingenuidade e inteligência de seus criadores, acabou ampliando seu público-alvo e envolvendo os adultos.
Não faz muito, Silvio Santos percebeu que não conseguiria competir com as novelas da Globo e preferia esperar as mesmas terminarem, para colocar no ar sua atração noturna. Assim, quando a novela estava ainda no ar e o programa do SBT tinha terminado, Silvio Santos fazia seu telespectador ver programas antigos de Chaves e sua trupe (não sei porque mas me lembrei de Trump…). E o programa foi marcando espaço, ajudando na audiência e mantendo a emissora em segundo lugar.
Acabou a ditadura e vieram os presidentes civis, até chegarmos ao ex-capitão Jair Messias (que de Messias não tem nada!) Bolsonaro. E o apoio do SBT voltou a crescer. A ele se alinharam a Record, por conta dos evangélicos que comandam esta emissora, Band e Rede TV. A Band se afastou um pouco, mas Silvio Santos cresceu diante do comandante do Planalto, tanto que seu genro ganhou cargo no governo federal.
Mas passou o tempo (e tudo passa…) e Jair já foi! Deixou o cargo dois dias antes, não admitiu a derrota nas eleições, não passou a faixa – como aqueles times que não sabem perder… – e foi visitar o país de Trump, que não manda mais nada lá, assim como o Jair não manda mais nada aqui. Digo Trump, porque ele está envolvido na invasão do Capitólio, contestando a eleição que o derrotou e Jair sempre manteve a mesma postura. Até que no dia 8 de janeiro houve a invasão dos palácios dos Três Poderes, em Brasília, de seguidores do Jair, ação parecida com a de Trump. Bolsonaro, claro, não fez nenhum discurso antes da invasão…
Alguém pode perguntar onde Chaves entra aqui? E lá vamos nós relembrar Chaves: pra quem já assistiu ao programa ou já ouviu falar de Chaves sabe perfeitamente de sua frase de sucesso e que marcou seu nome, suas ações e, sempre, desculpas de quem não tem como se desculpar: “Foi sem querer, querendo!”, dizia Chaves, dando a entender que fez porque quis fazer.
E o Jair, o ex-capitão, saiu com esta frase na semana passada e foi eleito o novo Chaves nas redes sociais. Virou meme(foto). Dias após a ação dos terroristas no dia 8 de janeiro, Jair postou em suas redes sociais, um vídeo criticando o voto eletrônico. Sua permanência no ar foi por pouco tempo: alguém ou muitos “alguéns” alertaram o ex-capitão de que aquilo era perigoso para ele e que poderia envolvê-lo com os terroristas de 8 de janeiro. Apesar de estar sempre envolvido, o vídeo foi tirado do ar.
OUTROS TEXTOS DE NELSON MANZATTO
DISCURSO DE ÓDIO E SUAS CONSEQUÊNCIAS
Mas nem tudo termina em pizza: Jair foi chamado à Polícia Federal para falar sobre sua eventual participação na ação daqueles terroristas e sobre o vídeo publicado e retirado do ar. A “explicação” de Jair foi incrível: disse que estava sob efeito de remédios e que não sabia o que estava fazendo e que a postagem foi “sem querer” (querendo). Idêntica ação de Chaves…
Claro que este Chaves não existe mais (até o outro, o Hugo Chaves, ex-presidente da Venezuela e que também não está mais entre nós), mas Jair, ao repetir parte da frase de seus inspirador, pode ter sugerido retirar o Messias de seu nome para se transformar em Jair Chaves Bolsonaro… o que faz tudo “sem querer, querendo…”(Foto: Reprodução/Jornal Extra)
NELSON MANZATTO
É jornalista desde 1976, escritor, membro da Academia Jundiaiense de Letras, desde 2002, tendo cinco livros publicados. Destaca-se entre eles, “Surfistas Ferroviários ou a história de Luzinete”, um romance policial premiado em concurso realizado pela Prefeitura de Jundiaí. Outro destaque é “Momentos”, com crônicas ligadas à infância do autor.
VEJA TAMBÉM
PUBLICIDADE LEGAL É NO JUNDIAÍ AGORA
ACESSE O FACEBOOK DO JUNDIAÍ AGORA: NOTÍCIAS, DIVERSÃO E PROMOÇÕES