De Jundiaí ao CHUÍ: A última parte da viagem de Eusébio e Neusa

chuí

Depois que Eusébio dos Santos e a esposa, Neusa ‘Sininho’, viajaram até o Oiapoque, no Amapá, voltaram para Jundiaí. A viagem aconteceu há quase 10 anos. O que o casal fez quando chegou à Terra de Petronilha? Arrumou as malas e pegou a estrada novamente, agora em direção ao ponto mais extremo do sul do país, o Chuí, no Rio Grande do Sul. A primeira viagem rendeu um livro. A segunda também. O Jundiaí Agora entrevistou Eusébio:

Já conhecia o sul do país?

Conhecíamos de passeios através de agências de turismo que é totalmente diferente da viagem que nos propusemos a fazer. Tínhamos como objetivo final chegar na divisa e então íamos concluindo etapas de acordo com o que encontrávamos. Se tinha uma cidade com atrativos, principalmente cachoeiras, ficávamos mais tempo. Se o acolhimento não era assim tão iluminado partíamos depois de descansados.

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Qual foi o trajeto? Por quais cidades passou no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul?

O trajeto de ida foi pelo continente, assim tivemos paradas no Paraná, em Sengés (nome dedicado ao engenheiro ferroviário que construiu o trecho da ferrovia/foto acima), Tibagi (local de descanso de tropeiros), Ponta Grossa e o belo canyon do rio São Jorge, onde a água brota de dentro da rocha, formando uma linda cachoeira. A bela Guarapuava, acolhedora e de belas paisagens incluindo o salto de São Francisco, localizada entre Prudentópolis, Turvo e Guarapuava, sendo a maior cachoeira em altura do sul do Brasil.

Entramos no estado de Santa Catarina conhecendo o local onde ocorreu a batalha do Contestado, conflito armado ocorrido de outubro de 1912 a agosto de 1916, que teve como partes beligerantes posseiros e pequenos proprietários de terras contra os governos dos estados de Santa Catarina e Paraná, além do Governo Federal. O palco foi uma região rica em erva mate e madeira e que acabou por definir as divisas dos dois estados. Acabamos nos empolgando e chegamos para pouso em Curitibanos no período noturno. De Curitibanos rumamos para Urubici(foto acima), onde ficamos por quase duas semanas dada a quantidade de atrativos naturais além do acolhimento na Pousada da Vovó. Partimos para Xanxerê, capital do milho.

Passamos por Chapecó para conhecer o estádio de futebol, a divisa como marco o rio Uruguai e entramos no Rio Grande do Sul, passamos por Ametista e Kaigang de Ivaí. Fizemos com parada em Derrubadas, onde está o Salto Yacumã, maior cachoeira em extensão do mundo, quase dois quilômetros de queda d’água, nos hospedamos em três passos, seguimos para perfazer o trajeto dos Sete Povos das Missões, (aldeamento indígenas fundada pelos jesuítas com a tutela da coroa espanhola/foto acima), tendo como base São Miguel das Missões.

Paramos em São Borjas, Santana do Livramento e Uruguaiana com a divisa no centro da cidade. Em Pelotas visitamos o museu do doce e em uma manhã nublada partimos finalmente para o Chuí onde chegamos com sol e foi possível curtir a estrada, depois a praia e conhecer o farol a beira do Arroyo Chuí(foto acima).

Na semana seguinte partimos de volta para Pelotas, onde conhecemos os casarões dos senhores produtores de charque (carne salgada), Cambará do Sul com direito a aventura de carro dentro do rio das Almas, Torres e seu maciço rochoso maravilhoso(foto acima), além da ponte pênsil, Joinville, Sengés e Jundiaí. Em todos os locais buscávamos conhecer a história da cidade ou região, como a Guerra dos Farrapos com participação de Anita Garibaldi, que pegou em armas no Brasil e na Itália.

Quantos quilômetros separam Jundiaí do Chuí?

A distância, de carro, é de 1.680 km. Como nosso caminho foi pelos caminhos históricos, percorremos entre ida e volta aproximadamente 5 mil km. 

Quanto tempo levou a viagem no total?

Fizemos a viagem de Celta, sem som, sem ar-condicionado e só um dirigindo. Levou mais de quatro meses, ida e volta.

Quais as principais diferenças entre o Norte, Nordeste e o Sul?

São muitas as diferenças encontradas em caminhadas pelo Brasil, nem precisa ser de uma ponta a outra. A parte geológica você sente com a mudança de estado. É impressionante: parece que as divisas acompanham mudanças de solo, bacia hidrográfica e flora, incluindo o cultivo. O Paraná, bacia sedimentar; Santa Catarina, maciços rochosos e o Rio Grande do Sul com a plataforma cristalina, planície que favorece regiões alagadiças.

O Rio Grande recebeu muitos italianos. Encontrou semelhanças com Jundiaí?

Não tivemos este olhar já que o objetivo foi a história e recursos naturais, mas em viagens anteriores conhecemos a vida dos Italianos, que vieram como promessa receber terras e ao chegarem foram levados para áreas de difícil cultivos, transformando-os em verdadeiros desbravadores, principalmente no cultivo da uva, já que a maioria foi para as serras. As videiras estão nas encostas exigindo muito esforço da mão de obra que era familiar o que não acontece com frequência nos dias atuais. Os filhos não querem seguir na roça mesmo mecanizados, mostrando uma população de idosos atuando no cultivo de pequenas propriedades.

Como é o Chuí?

O Chuí, assim como o Oiapoque, são lugares de muita pobreza. As duas cidades limítrofes têm esgoto a céu aberto, urbanização por fazer e, pela presença de grades no comércio e residências, um índice de violência grande. Pela importância turística dos dois extremos deveriam ser melhor cuidadas, além dos atrativos quase abandonados.

Tiveram algum problema? Vivenciaram alguma curiosidade?

Nosso objetivo era conhecer o máximo possível além de nos divertir. Assim evitamos riscos desnecessários, viajando sempre após ter descansado e somente durante o dia. Muitas curiosidades pelo caminho, cada cidade tem uma lenda, uma razão, e um amor muito próprio, incluindo personalidades que ajudaram em sua constituição. No Chuí, o farol. Em Torres, a ponte. Em Urubici, a pedra furada. Em Urupema, a cachoeira que congela. E assim foi.

Já está programando a próxima viagem?

Sim, gostaria de repetir a mesma viagem, ir a lugares que só passamos e entendemos que nada acrescentaria, como Faxinal do Céu, cujo nome já é um atrativo.

Quanto tempo levou para escrever o livro ‘Jundiaí ao Chuí, Chuí a Jundiaí’?

Quando decidi que escreveria foi rápido, demorei para ter vontade de fazer, em menos de um mês estava pronto para impressão.

Quem estiver interessado, como pode comprá-lo?

Os trabalhos não são realizados com objetivo de venda, apenas registrar as vivências antes que a memoria apague. Quem quiser pode pedir através das redes sociais.

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