Este é o último ano de Luiz Fernando Machado(LFM) à frente da Prefeitura de Jundiaí. Ele recebeu o Jundiaí Agora para falar sobre as realizações dos dois mandatos, momentos difíceis e, é claro, as eleições deste ano. Transformar Jundiaí na Cidade das Crianças, apesar de críticas, é o maior legado que deixará, afirma. Enfrentar a pandemia foi extremamente complicado e o colocou em rota de colisão com o então governador João Doria e o ex-presidente Jair Bolsonaro. A primeira parte da entrevista:
Na sua opinião, o seu segundo mandato está sendo melhor do que o primeiro?
As circunstâncias de comparação devem ser feitas dentro da mesma lógica. O segundo mandato é mais proativo. No primeiro mandato perdi os dois primeiros anos organizando as contas da Prefeitura, colocando as finanças em ordem. Em termos de volume de obras, em termos de entregas, investimentos, o volume no segundo mandato é muito maior do que no anterior. É claro que a dinâmica de organização dos dois primeiros anos de governo foi de uma Prefeitura depreciada, sem a menor capacidade de honrar os compromissos, 13º atrasado, vale-alimentação atrasado, prestadores de serviço sem receber, funcionários do Hospital São Vicente sem receber. O cenário foi de muita dificuldade nos 24 primeiros meses de gestão.
Qual a sua maior realização no primeiro e no segundo mandatos?
O entendimento que a redução da desigualdade social passa pela infância. Não há nenhuma obra física que consiga ser tão potente quanto aquilo que acreditamos e implementamos: uma cidade que olha para suas crianças com a capacidade de entender que o futuro delas será próspero. Jundiaí admitiu o modelo da Cidade das Crianças. Algumas pessoas até criticam. Mas, elas não têm a dimensão do estudo que foi realizado para transformarmos Jundiaí numa cidade de pessoas prósperas a partir do vínculo com a infância. E não estou citando apenas a educação, que é o elemento central. Todas as áreas estão envolvidas: assistência social, lazer, esportes, qualidade de vida, entregas de piscinas e quadras. Tudo está relacionado ao desenvolvimento completo de uma pessoa.
Então, o modelo da Cidade das Crianças é o seu maior legado?
Sim!
Você deixou de fazer algo nos primeiros quatro anos que será concretizado agora?
Sim. Serão entregues duas novas unidades de pronto-atendimento. Foram necessários sete anos para viabilização dos recursos para estas obras e custeios. São as unidades da vila Progresso e da Ponte São João.
Quando entregar o cargo no dia 1º de janeiro de 2025, você poderá dizer que todas as promessas de campanhas e todos os projetos foram concretizados?
Sim, poderei afirmar isto porque dentro do contexto da publicidade do meu plano de governo versus implementação é possível checar no Observatório da Cidade, no site da Prefeitura. Eu cumpri integralmente aquilo que prometi.
Nestes sete anos de administração, qual o momento mais feliz?
Foram muitos. Tem a reforma do Hospital São Vicente, acompanhada da humanização do atendimento. A entrega do Mundo das Crianças também me deixou muito feliz, que está atrelado a uma política que será um legado para a cidade, para São Paulo e para o Brasil.
E qual foi o momento mais preocupante?
A pandemia de Covid-19, por ser algo desconhecido. Quando foi baixado o primeiro decreto do Governo Estadual declarando que estávamos em estado de pandemia, era algo completamente novo e desconhecido para todos. Lidar com o desconhecido é muito mais difícil. Não havia um manual de crise para aquela situação. A pandemia era um fenômeno estranho, raro, distinto e que nos fez entender o sentido da vida no aspecto de cuidar das pessoas, tomar atitudes responsáveis. Muitas vezes foi necessário não seguir líderes que eu admirava por não existir uma similaridade no modo de ver a sociedade. Eu tive enfrentamentos tanto com o então governador, João Doria, como com o presidente Jair Bolsonaro. Estes enfrentamentos foram típicos de uma liderança que tem personalidade política para saber o que é certo ou errado. Eu concordava com aspectos que os dois defendiam. Ocorre que as pessoas vivem nas cidades. O protagonista, quem tem a responsabilidade de cuidar das pessoas não é o governador ou o presidente. É o prefeito. É ele quem vai criar vagas nos hospitais e colocar equipamentos para atender os pacientes. Um exemplo: o Doria divulgava diariamente o ranking das cidades que mais respeitariam o isolamento social. Eu disse para ele: quando fizer esta divulgação não fale de Jundiaí porque isto é errado. Como se pode comparar Jundiaí, que é um polo industrial e de logística, com Ubatuba, uma cidade turística? É óbvio que o índice de isolamento de Ubatuba seria muito maior do que o nosso. Economias distintas não podem ser avaliadas da mesma forma. O ranking do ex-governador passava a impressão de que Jundiaí não estava fazendo a parte dela para enfrentar a pandemia, o que não era verdade. Eram métodos muito mais midiáticos do que racionais. Assim como o Bolsonaro que no meio do processo de restrição disse que era para liberar tudo. Isto não poderia ocorrer em Jundiaí. Se liberasse tudo, acabaria com o Hospital São Vicente. Não havia mais leito. Um dia posso até disputar outros cargos. Mas aprendi que não existe plano para acabar com a desigualdade social que não passe pelos prefeitos. Com todo respeito ao presidente Lula, ao governador Tarcísio, não existe. É o prefeito que cuida de tudo na prática.
Acredita que foi o seu perfil que chamou a atenção do Doria para auxiliá-lo na campanha para a presidência, a qual ele acabou desistindo posteriormente?
Imagino que este perfil de liderança chamou não só a atenção do ex-governador como de outros, no país todo. Muita gente queria entender como a Prefeitura de Jundiaí pode ter um nível de prestação de serviço tão elevado. Estou chegando no sétimo ano de mandato com índices de aprovação muito significativos. Aliás, são números maiores do que quando fui reeleito. Isto é fruto de uma relação construída com a sociedade. Sabemos que existem um monte de problemas. O segredo é a forma como se constrói a relação com as pessoas e os problemas.
Durante a pandemia houve um momento em que você pensou “o que faço agora”?
Nunca pensei assim. Mesmo em 2012, quando foi para o segundo turno muito fragilizado, as pessoas perguntavam como eu tinha energia de ir para as ruas e pedir votos. Eu não desisto. Neste sentido, tenho um espírito de guerrilha.
Amanhã, LFM falará sobre a escolha de seu pré-candidato e seus planos para os próximos anos.
VEJA TAMBÉM
PUBLICIDADE LEGAL É NO JUNDIAÍ AGORA
ACESSE O FACEBOOK DO JUNDIAÍ AGORA: NOTÍCIAS, DIVERSÃO E PROMOÇÕE