Claudio Nucci faz 40 anos de carreira. Você sabia que ele é de Jundiaí???

cláudio nucci

O cantor e compositor Claudio Nucci nasceu no dia 9 de junho de 1956, no Hospital São Vicente, em Jundiaí. Os avós paternos dele eram da cidade e boa parte da infância passou aqui. Depois, já adultou, se apresentou várias vezes na cidade. Ele fez parte do ‘Boca Livre’, banda que fez grande sucesso nos anos 1980. Quando deixou o conjunto e partiu para a carreira solo, lançou o sucesso romântico ‘Quero Quero’ que embalou muitos namoros. Este ano, Claudio Nucci completa 40 anos de carreira e o Jundiaí Agora o entrevistou:

De qual bairro de Jundiaí você é?

Nasci no Hospital São Vicente. Meus avós paternos moravam aqui e eu nunca vivi em Jundiaí exatamente. Mas tenho ótimas lembranças da cidade que sempre frequentei em várias épocas, desde aqueles tempos do trem e do menino vendendo “pipoca, chocolate, bala!”, da visão das enormes antenas de TV nos telhados, das ladeiras imensas, da casa de meus avós da rua Prudente de Moraes, depois na Rua Anchieta, das casas de meus tios e primos.

Teve seus primeiros contatos com a música ainda em Jundiaí?

Aprendi a tocar violão em Jundiaí! Quando meus avós, Antonio e Maria, moravam na rua Anchieta e lá meu pai, José, me ensinou uns acordes que penei pra conseguir fazer aos 10 anos, no violão do meu avô, acendeu-se uma luz pra mim! Também tive algumas aulas de violão com meu tio Toninho, violonista clássico, excelente. E meu tio Dito, que sempre me incentivou, me levava a lugares onde rolava boa música. O bar Zé do Papagaio foi um desses lugares. Lá conheci a família Calazans, supermusical!

Você é da geração do rádio. Quem Cláudio Nucci ouvia naquela época?

Ouvia de tudo: desde modas caipiras, até música francesa, italiana, americana, inglesa, clássica. As rádios eram muito mais culturalmente diversificadas. E eu ouvia absolutamente tudo. Uma salada de influências. É o que sou.

Como era a cena cultura de Jundiaí naqueles anos? Quais locais frequentava numa época em que a cidade não tinha shoppings, teatros…

Na verdade eu gostava das praças, a gente brincava de cantar. Adorávamos passear com meu avô, depois do almoço, num velho ramal desativado da linha férrea da Cia. Sorocaba. A vida sem shoppings era muito divertida!

Ia muito para São Paulo e Campinas para ver as novidades?

Sempre fui “rueiro” mas aos 10, 11, 12 anos de idade não se tem muitas alternativas… Em Campinas, onde vivia, entrei em festivais de música e comecei a compor, mas a vida social se resumia à escola, ao clube, de vez em quando um cineminha e aos amigos da rua. Muito futebol descalço, muito papagaio no céu, bolinha de gude na terra e pião no cimento.

Chegou a ter emprego aqui, Claudio Nucci?

Emprego não, mas já tive o privilégio de trabalhar em Jundiaí em varias oportunidades, cantando sempre.

Você se apresentou em alguma casa noturna, barzinho?

Só frequentei Jundiaí como artista, depois que minha carreira já tinha começado, sempre trazido por alguém do ramo, como por exemplo, o Tom “Fofão” Nando, do “Trio em Transe”.

Imaginava que um dia iria fazer tanto sucesso? Ou era um sonho distante?

Sempre projetei alcançar as pessoas com minha música. E confesso que tive sorte por iniciar no Rio de Janeiro que, na época, era a cena musical mais atuante do Brasil.

Ainda tem família na cidade?

Sim! Primos e tios. Dos tios, em Jundiaí tem a tia Cida, que cuidava de mim para meus pais quando eu era pequeno e lembro bem que ela me levava na “Paulicea” pra tomarmos sorvete; tem o tio João, que, quando eu aparecia cabeludo na casa dos avós, brincava muito comigo dizendo que um dia eu ia ficar careca.. (risos), tem o tio Toninho, que me ensinou a tocar violão e ainda mora na mesma casa pra onde onde eu, recém-nascido, fui viver meus primeiros dias, e tem o tio Dito, que recentemente se tornou meu parceiro, pois escreveu uma bela poesia que eu musiquei. Pra não deixar se falar, tem os gêmeos tio Luiz e tia Maria, que moram atualmente em Campinas.

Vem constantemente a Jundiaí?

Não tanto quanto eu gostaria, mas sempre aproveito muito quando vou. Adoro a cidade, tenho muitos amigos queridíssimos, além da família.

Você deixou a cidade no início da década de 70. Como a enxerga cada vez que chega? Melhorou ou piorou, Claudio Nucci?

A cidade se modernizou, melhorou na infraestrutura viária, se tornou mais próspera, cresceu muito – talvez até mais do que devesse – mas isso não é “privilégio” só de Jundiaí. É uma réplica do mundo globalizado que vivemos. Os interesses econômicos privilegiam o lucro das grandes corporações em detrimento do real bem-estar do ser humano (bem, isso não é só hoje, vem de muito tempo) O mundo está numa encruzilhada: Precisamos acordar para a urgência da sustentabilidade, sob pena de perdermos a vida e a oportunidade de desfrutar desse planeta. Tomara que a turma que tem poder de decisão (bancos, poderosos, empresários, empreendedores, políticos, etc), entenda isso a tempo. Jundiaí é um espelho do mundo, nesse sentido. Tem muita beleza, tem alguma riqueza, mas tem também muita desigualdade, como no resto do estado, do país, do continente, etc. Temos que cuidar mais uns dos outros, pra que as crianças tenham proteção, educação, comida e acesso à real qualidade de vida.

Quando vem costuma sair? É reconhecido pelos jundiaienses?

Nos shows que faço em Jundiaí tenho sempre muito carinho por parte dos meus conterrâneos. E sempre divulgo a cidade por onde passo.

Aliás, acompanha a carreira de algum cantor(a) ou grupo da cidade?

Bem, o primeiro jundiaiense que acompanho é o Paulinho Calazans, grande músico, grande pessoa. Conheci e participei de um DVD do Trio em Transe, que foi gravado no Politheama. O Coral Divino Canto, regido e organizado pela Cláudia Queiroz também é um grupo querido daqui que eu sigo. E tem outros, tenho certeza, que trilham caminhos musicais a artísticos superbacanas, e que vou querer conhecer, admirar, acompanhar.

Voltando aos anos 70, qual era a reação dos músicos do Rio de Janeiro quando você dizia que era de Jundiaí?

A melhor possível. Sempre contei boas histórias que me aconteceram aqui. Tipo uma vez que meu tio me levou num domingo de manhã, pra uma barbearia antiga, que estava fechada. Deu três batidas na porta de metal, aquelas de enrolar. A porta se abriu fazendo aquele barulho e… lá dentro tava rolando uma baita roda de choro! O barbeiro fazia parte do grupo. Só tinha fera, só craque. Fiquei de queixo caído com tanta qualidade, e pelo inusitado da cena!

A adaptação foi difícil? Sentiu falta da Terra da Uva?

Eu sempre levei Jundiaí, bem como as boas lembranças, junto comigo, pra onde eu fosse. E sempre tive muito mais o desejo de ir, de seguir, do que a nostalgia do passado. As recordações em vez de me provocarem tristeza, sempre me impulsionaram e jogam luz até hoje, nos meus dias. E quanto à uva, eu tomo um vinho, que é pra me lembrar melhor!

Como o Boca Livre aconteceu na sua vida? Esperava tanto sucesso, Claudio Nucci?

A gente nunca sabe o que vai acontecer com uma ideia, uma música, um grupo, um projeto, até que isso seja lançado e submetido ao crivo popular. Com o Boca não foi diferente. Foi tudo natural e mágico aos mesmo tempo. Estávamos no lugar certo, no momento certo. É isso.

Por que o grupo acabou?

Eu saí depois de dois anos de grupo, porque os outros três não aceitavam que eu fizesse carreira solo paralelamente. Em 1999 fui convidado a voltar, com uma outra formação no grupo e fiquei por quase quatro anos. Tudo foi bom. Não me arrependo de nada. E quanto ao término do quarteto, tudo tem que acabar um dia, né? Até o sol.

O Boca Livre tem fãs até hoje. As músicas continuam tocando. Muitos pais mostram o trabalho da banda para os filhos. Como você vê este fenômeno décadas depois da sua saída?

É muito bom que a cultura musical se dê de pais para filhos, entre gerações de admiradores da música, já que o cenário midiático não liga para a memória das coisas, das pessoas. Isso só prova que o projeto Boca Livre foi bom. Continua vitorioso até hoje e eu me sinto vitorioso igualmente por isso.

Claudio Nucci no conjunto Boca Livre: ‘Quem Tem a Viola'(1979)/Canal Recordando/Youtube

Na carreira solo você produziu muito, principalmente temas para novelas. Inclusive ‘Quero Quero’. Como é essa experiência?

Já tive músicas em novelas de várias formas. Porque a gravadora estava lançando e a novela precisava de um tema e os dois se adequaram perfeitamente, ou mesmo por encomenda. Isso deu um tremendo impulso na visibilidade (ou “audiobilidade”) das músicas.

Quero Quero(Tema da novela ‘Plumas e Paetês’ -1980/Vídeo: Marlene Alves – dezembro de 2012/Youtube)

Qual a sua opinião sobre a MPB de hoje, Claudio Nucci?

Brasil é salada, é caldeirão com vários ritmos e estilos de muitas origens, que mexe e remexe coisas do mundo todo. Tem ótimas gerações aparecendo. Muitos produtos híbridos, onde se misturam ingredientes nunca antes imaginados. A única coisa que falta é a gente se apropriar da nossa memória como um legado importante. O mundo descartável é muito chato e torna tudo muito igual. É aquela mesma receita do sistema das grandes corporações: Lucro é mais importante do que as pessoas. Enquanto essa mentalidade permanecer, estamos desperdiçando talentos e só enchendo os bolsos de quem não está nem aí pra nós.

Neste ano você completa 40 anos de carreira fonográfica. Qual o balanço que faz? Mais acertou do que errou? O que faria diferente?

Errar é humano e ser humano é fundamental. Por isso, nesses tantos anos de carreira fonográfica, tudo o que sei é que continuo no gás de produzir mais, aprender mais. Erros e acertos fazem parte. O importante é continuar.

E o que preparou para celebrar esta data?

O álbum “Direto no Coração – 40 Anos de Acontecências” já se encontra em todos os aplicativos de música. Toada, com participação do Paulinho Moska; Quero Quero, com participação do Chico Chico; Sapato Velho, com participação do Pedro Luís. São canções queridas desses 40 anos de lançamentos acontecidos e mais algumas novidades. Vale a pena conferir!

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