A enfermeira Isaura Lemos, 64 anos, é jundiaiense e quer ser deputada federal por Goiás. Neste Estado foi deputada estadual por 20 anos. Há sete, Isaura retornou às origens, voltando para o PCdoB. Assim como a também jundiaiense Bel Mesquita ex-secretária nacional de Políticas de Turismo da ex-presidente Dilma Rousseff, a comunista não respondeu aos questionamentos enviados pelo Jundiaí Agora através de suas redes sociais.
No site da deputado, Jundiaí é citada apenas como a cidade onde ela nasceu. Ela é a 11ª filha de uma família católica de 14 irmãos. A biografia de Isaura publicada no site mais parece um roteiro de filme sobre a ditadura militar. Ainda morando com a família, presumidamente em Jundiaí, “Isaura e os irmãos contestavam e debatiam questões políticas, principalmente as relacionadas ao governo militar. Ambiente de contestação permanente, as notícias do momento eram ali tratadas exaustivamente, de modo que a casa da família tornou-se um verdadeiro centro político e cultural daquela época. Somava-se a eles um grupo de seminaristas rebeldes, que sonhava ver o progresso do movimento revolucionário. Tratava-se da Juventude Estudantil Católica da cidade de Campinas (SP)”.
Já adulta, a futura deputada passou a usar o codinome ‘Nina’. E como todo filme, mesmo tendo a política como tema principal, precisa ter uma história de amor. Ela conheceu Euler Ivo numa reunião clandestina de um movimento revolucionário. Os dois se casariam algum tempo depois. Naquele tempo, de acordo com o site, ele – que é ex-vereador – viviam clandestinamente no sertão baiano. Para não ser identificado usava o nome de José Moreira. “Isaura trocou o conforto da família e da cidade e foi morar no sertão, levar vida simples, lavar roupa no riacho, usar fogão à lenha, passar privações”. Seu codinome mudou neste período. Passou a se chamar ‘Lilia’.
A mobilização dos grupos que combatiam os militares começou a se esvaziar no final dos anos 70. Mesmo assim, o casal decidiu ficar no sertão, ajudando doentes. Euler, o ‘Zé Mineiro’ como também era conhecido, conseguia remédios. Ela, pela formação profissional, ajudava a todos. “Mas essa atividade poderia chamar a atenção dos espiões políticos do governo e exigia muita cautela”, diz o site.
A democracia voltou e Isaura se elegeu deputada estadual em 1998. Passou a organizar o PDT em Goiá. Ao tomar posse, criou a Comissão de Habitação e Reforma Agrária, da qual hoje é presidente. Assumiu ainda a presidência estadual do PDT. Voltou ao PCdoB em 2011.
O marido se elegeu vereador em Goiânia. Em 1990, ele conseguiu a reeleição. No ano seguinte, Euler “levantou a bandeira da casa própria para o povo e fundou o Movimento de Luta pela Casa Própria (MLCP), que logo se transformou no maior movimento de massas populares de Goiás, com reuniões de 5 mil a 18 mil participantes”. De acordo com o site, Isaura e Euler passaram a mobilizar milhares de famílias trabalhadoras, excluídas do progresso, para a conquista de lotes, materiais de construção e moradias populares.
Ainda segundo o site, o MLCP ajudou mais de 30 mil famílias a saírem do aluguel. O casal apoiou Lula contra Fernando Henrique Cardoso nas eleições presidenciais. A luta pela casa própria continua sendo o mote preferencial da jundiaiense. Ela usa o slogan “A Deputada da Moradia Agora é Federal”.