DERROTA do presidente no Congresso

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A radicalização política está presente em todas as sessões do Congresso. Deputados e senadores se digladiam e se acusam de impedir o desenvolvimento do Brasil. Há uma nítida separação entre esquerda e direita e isso transparece não só nos discursos inflamados da tribuna, mas nas entrevistas publicadas na mídia nacional. A emoção suplanta a razão. O confronto de ideias deixa o campo político e parte para ofensas pessoais e acusações de parte a parte. O mais grave é ser rotulado de corrupto, dizem os esquerdistas. Não, dizem os conservadores, pior é ser rotulado como comunista.

Da tribuna do Congresso o que mais se ouve são acusações de populistas, conservadores, comunistas e reacionários. O carimbo ideológico vaza para as colunas dos jornais e para a divulgação dos partidos rivais. Ricos contra pobres, elite contra esfomeados, latifundiários contra sem terra e vai por aí afora. O presidente é habilidoso, sabe jogar com as forças políticas e consegue se manter no poder. Há um clima para golpe de Estado, uma tradição na história política do país com a participação do que os cientistas políticos chamam de “partido verde-oliva”, ou melhor, o Exército nacional.

O ponto alto da disputa é o projeto encaminhado pelo presidente da República. Os comentaristas políticos enchem de otimismo a base do governo e dão como certa a aprovação. Afinal, ele propõe a punição dos ricos em favor da população mais pobre do Brasil. Um verdadeiro projeto Robin Hood, uma vez que quase 40 por cento dos brasileiros vivem em condições miseráveis espalhados pelo interior do país.

Tudo pode mudar se houver uma distribuição das terras concentradas nas mãos dos latifundiários desde a colonização portuguesa, passando de geração em geração. O presidente da República quer que as terras sejam desapropriadas e o pagamento delas seja feito com títulos agrários de vencimento a longo prazo. Afinal, o governo está sem caixa. Deputados e senadores derrotam o governo e impõem que as terras desapropriadas sejam pagas antecipadamente, e em dinheiro!

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O impacto da derrota põe o presidente João Goulart nas cordas. Só uma medida radical pode restaurar o seu prestígio e manter o apoio que trabalhistas, socialistas e comunistas dão ao seu governo. A saída é marcar um grande comício no Rio de Janeiro e anunciar a desapropriação das terras ao longo das estradas federais. Uma vitória popular de curta duração – no final do mês de março de 1964 ele é derrubado por um golpe civil-militar. Começa um novo capítulo da história do Brasil.

HERÓDOTO BARBEIRO

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