Cordão do coração com sinais do cordão umbilical. Meu amigo querido, seminarista Ismael Félix, de Umburanas, Ceará, contou-me que, em sua terra, existe a tradição de se enterrar, próximo à porteira do curral, o coto do cordão umbilical. Uma ideia de pertença. Assim como o cordão liga a criança à sua mãe, seu cordão está ligado à sua terra natal.
Lembrei-me da colocação dele ao saber que a menina, de três anos, viria para a terra de sua avó materna. É uma história de tantas dores! Sua avó integrou a Pastoral da Mulher/ Magdala durante 14 anos e trouxe para o nosso convívio a mãe e a irmã. Fez parte das quatro primeiras que aderiram ao convite para a Pastoral em 1982. Veio quando soube da primeira gravidez. A segunda filha, mãe da pequenina, nasceu doente. Permaneceu no hospital por um longo período. O especialista em moléstias infecciosas a tratava com carinho imenso e a presenteava com mimos. Os olhos dela acendiam, mas o sorriso, embutido. A mãe a carregava nos braços para as consultas. Sofriam na mesma intensidade. Dois ônibus até chegar ao local. Às vezes, retornava no período da tarde, para prosseguir com o remédio via endovenosa. Jamais ouvi reclamos dela. Era da esperança em salvar a filha e se foi aos seis anos dela. A menina colocou no caixão, em um saquinho, pequenos pedaços de papel verde e marrom, além de um botão de rosa. Explicou-me: um jardinzinho para a mãe colocar no jardim do Céu.
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Embora criada com ternura pela tia, não conseguiu trabalhar suas dores da infância e angústias. Com um trecheiro foi embora para a Bahia. A primeira filha nasceu há três anos. Como estivessem em situação de rua e o pai da criança foi assassinado na porta do hospital público, onde a levou para dar à luz, a criança foi acolhida em um abrigo. Passado esse tempo, sem a mãe reunir condições para assumir a filha, antes do processo de adoção para terceiros, ligaram para a tia-avó, que se fez de braços abertos e sussurros meigos, em nome da criança e da irmã. A assistente social voluntária da Magdala, Pérola Maria Dolce, fez o relatório para a audiência online. O juiz aceitou que a menina venha para os laços de sangue.
Imagino que a avó da criança, antes de partir, enterrou, no coração dos seus, uma parte do cordão de sua alma repleta de claridade e bem-querer. E que Deus, por certo, possui uma parte de nosso cordão no Céu e nos aguarda.(Foto meramente ilustrativa/Fonte: www.opiq.ee)
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE
Com formação em Letras, professora, escreve crônicas, há 40 anos, em diversos meios de comunicação de Jundiaí e, também, em Portugal. Atua junto a populações em situação de risco.
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