CORNO ELÉTRICO: o jornalismo além dos limites do aceitável

CORNO

O soldador Ailton Soares, de 38 anos, pendurou-se em fios da rede elétrica, no final da tarde de 11 de novembro, e ameaçou se matar, tendo como argumento a suspeita de ter sido traído pela esposa. Ele balançou na fiação, mas a única coisa que conseguiu foi cair e ir pra casa. Porém, o improvável aconteceu: ele se matou, na manhã de terça-feira (12), ao ver-se ridicularizado pelo repórter Felipe Macedo, da Rede Massa SBT de Londrina (PR), e pelo apresentador Marcão do Povo, no Primeiro Impacto, telejornal do SBT. Além de muito deboche, o homem foi chamado de corno elétrico, virando alvo de piadas. Profissionais em busca de popularidade e audiência, que praticam um jornalismo além do aceitável.

Já vai longe o tempo em que se fazia um jornalismo sério, ético e comprometido com a verdade, onde se explorava fatos relevantes, ouviam-se os dois lados e não havia qualquer comentário além daquele feito por especialista da área em questão. Quando muito, extrapolando os padrões da época, o apresentador se manifestava rapidamente, de forma séria e coerente.

Se o homem pendurou-se na rede elétrica, colocando em risco a própria vida e o bem estar de outras pessoas, que poderiam sofrer com uma pane na geração de energia, é óbvio que estava precisando de ajuda e não de ‘profissionais’ que zombassem de seu estado em um programa de televisão visto por milhares de pessoas.

O chamado desserviço ganhou status de crime e a esposa do soldador, Simone do Nascimento Soares prometeu recorrer à Justiça. Ela também teve sua imagem denegrida em comentários vulgares.

Foram mais de seis minutos de muita chacota e humilhação de seres que se dizem profissionais da comunicação, que parecem não levar a sério o poder que têm as suas palavras, principalmente quando ditas a milhares de pessoas.

Sim, são formadores de opinião, independentemente de critérios éticos e de comprometimento com a verdade. Fazem um jornalismo tosco, fora de padrão e desrespeitoso, achando-se os donos da verdade. Difícil acreditar que uma emissora de televisão mantenha gente assim no ar, simplesmente pela briga por audiência.

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É fato que ao constatar o problema vivenciado pelo soldador, esses ‘profissionais’ poderiam tê-lo ajudado. Ele poderia a qualquer momento tirar a própria vida, como o fez. Mas dá muito mais ibope tripudiar o ser humano.

Gostaria, de verdade, de saber se esses dois seres humanos conseguem colocar a cabeça no travesseiro e dormir em paz. Gostaria de saber até quando teremos de conviver com esse tipo de espetáculo do horror. Embora, mesmo sendo jornalista, eu não assista a esse programa, sei que ele chega a muitos lares, inclusive, de familiares meus, seus…

E a sensação de impotência fica evidente, pois pessoas são colocadas à margem e, sem saber como sair do problema, buscam a pior alternativa. É triste constatar, que os bons profissionais estão virando raridade e que o jornalismo ético é praticamente uma utopia.


VALÉRIA NANI

É jornalista pós-graduada pela PUC-Campinas e trabalha como assessora de imprensa. Foto principal: ouropel.blogspot.com

 


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