CORRIGIR ROTAS…

A vida é um ato de corrigir rotas sem fim. As vezes a correção é necessária porque ela está saindo dos eixos, outras vezes porque já não mais aguentamos aquele trajeto. Outras tantas corrigimos para voltar ao trajeto e velocidade anteriores (que nos deixava cômodos e suaves). Mas em qualquer dos sentidos, estamos sempre corrigindo rotas.

Certo é que nem sempre damos conta das nossas próprias correções: ou por falta de vontade, ou por falta de visão, ou por falta de coragem ficamos repetindo e mantendo os hábitos anteriores que não nos habilitam à avançar na Vida nem a deixar a tristeza de lado. Este imobilismo pode ser bem analisado, quando há o interesse de mudança, permitindo uma mobilização interior que ofereça estratégias de mudanças.

Temos ainda a oportunidade de sermos amigo de alguém que zele por nós e nos ofereça pistas, indicativas de que algo possa ser melhorado, mais adequado, ou menos dolorido (em especial porque já temos o amigo a nos acolher e apoiar nas transformações), entretanto tudo depende da força interior daquele que busca a correção de rota.

Não podemos esquecer a intuição. Muitos de nós temos a intuição da necessidade de mudanças. O único problema da intuição é que as vezes ficamos tão envolvidos e inebriados com nossas ideias que, sem calcular riscos, mudamos repentinamente tudo o que nos inquieta sem dar tempo para assimilar cada uma destas transformações. Tal atitude causa mais danos do que soluções, mas são bem frequentes e marcantes.

Na verdade, bem lá no fundo, o gostoso é quando percebemos que algo não está bem conosco e tentamos pequenos ajustes, de modo a ir processando as transformações de forma consciente e num tempo que não nos cause transtornos. Isso porque toda e qualquer transformação causa dores. O luto é inevitável e verificar que temos algo inadequado que caminha conosco, desde certo tempo, é suficiente para criar melindres e esquisitices. Mas, necessário de ser revisto. Imprescindivelmente.

No processo terapêutico as transformações se fazem por exposição do fato, pela análise e revisão de comportamentos, dos melhores aos piores, e as pendências voltam à tona, para serem revisitadas com olhares mais experientes, uma vez que já são do conhecimento, já está exposta. E e a delícia de se sentir melhorado faz com que novas possibilidades e novas perspectivas sejam vislumbradas. Assim, novos olhares, novos contatos e novas ideias povoarão nosso universo que se expande: a ampliação só se dá quando eu avanço e permito o replanejamento.

Este consentimento (ou aceitação da necessidade de revisão) já acelera as indagações e pré-projetos de mudanças. A consciência já faz sua parte. Daí em diante, ao seu tempo e de acordo com suas necessidades, as adaptações vão se processando e se concretizando. Isto é uma bela mudança de rota: consciente, gradual, assertiva e engrandecedora, que geralmente resulta numa excelente concretização de algo benéfico para si e para os que convivem consigo.

Difícil são os que não buscam se aperfeiçoar. A melhora de si é um fator de muita presença na autoestima das pessoas, garantindo uma margem de fluidez e fortalecimento diante das mazelas e percalços que todos temos; a autoestima fortalecida é um antídoto a toda e qualquer estado de ansiedade que por ventura queira achar ancoro em nossa cabeça. Estar pleno possibilita voar mais alto, ainda que seja difícil estar pleno (difícil, mas não impossível).

MAIS ARTIGOS DE AFONSO MACHADO

MASCULINIDADE

O QUE É PASSIONAL?

CABEÇAS OCAS

CADA UM ENTENDE SOMENTE E APENAS AQUILO QUE É DO SEU INTERESSE

DAS COISAS QUE CREIO…

Corrigir rotas não vem com manual de instrução, não tem conduta semelhante para todos, não tem como “colar”, mas favorece observações de progresso naqueles que buscam se corrigir. E estas observações são valiosas e oportunas pela cumplicidade e acompanhamento: dois ou cinco ou um grupo em mudança se fortalecem mutuamente. Isto é real e prudente, pela segurança em perceber que não se está sozinho: o ombro amigo assegura a travessia e afasta o medo e a ansiedade.

Mas é preciso querer. É preciso tentar. É preciso buscar. Vamos corrigir nossas rotas mais profundas?

AFONSO ANTÔNIO MACHADO 

É docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology.

VEJA TAMBÉM

ACESSE FACEBOOK DO JUNDIAÍ AGORA: NOTÍCIAS, DIVERSÃO E PROMOÇÕES

PRECISANDO DE BOLSA DE ESTUDOS? O JUNDIAÍ AGORA VAI AJUDAR VOCÊ. É SÓ CLICAR AQUI