Estamos iniciando um novo ano. Muitas mudanças, muitas expectativas, os pais desejosos por seus filhos iniciarem ou voltarem as suas atividades escolares. Mas logo no primeiro trimestre, começa o desespero dos pais: as escolas e seus professores verificam as crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem e as encaminham para avaliações psicológicas, com o pré-diagnóstico de hiperatividade. Vamos entender um pouco deste psicodiagnóstico tão falado como Transtorno de Déficit de Atenção por Hiperatividade, o TDAH.

A característica essencial do TDAH é um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade e impulsividade, mais frequente e severo do que aquele tipicamente observado em crianças em nível equivalente do seu desenvolvimento. Alguns sintomas hiperativo-impulsivos que causam prejuízo devem ter estado presentes antes dos 07 anos, mas também podem ser diagnosticados após esta idade.
Alguns prejuízos devido aos sintomas devem estar presentes em pelo menos dois contextos (por exemplo, em casa, na escola, em atividades sociais, no trabalho). Deve haver claras evidências de interferência no funcionamento social, acadêmico ou ocupacional apropriado em termos evolutivos.
Na infância, pode ser difícil distinguir entre os sintomas de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade e comportamentos apropriados à idade em crianças ativas (correrias e barulho excessivo). O que acaba confundindo a escola.
Critérios Diagnósticos para Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade são:
Se seis (ou mais) dos seguintes sintomas de desatenção persistiram por pelo menos seis meses, em grau mal-adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento:

(a) frequentemente deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros por descuido em atividades escolares, de trabalho ou outras;
(b) com frequência tem dificuldades para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas;
(c) com frequência parece não escutar quando lhe dirigem a palavra;
(d) com frequência não segue instruções e não termina seus deveres escolares, tarefas domésticas ou deveres profissionais (não devido a comportamento de oposição ou incapacidade de compreender instruções);
(e) com frequência tem dificuldade para organizar tarefas e atividades;
(f) com frequência evita, antipatiza ou reluta a envolver-se em tarefas que exijam esforço mental constante (como tarefas escolares ou deveres de casa);
(g) com frequência perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (por exemplo, brinquedos, tarefas escolares, lápis, livros ou outros materiais);
(h) é facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa;
(i) com frequência apresenta esquecimento em atividades diárias;

Se seis (ou mais) dos seguintes sintomas de hiperatividade persistiram por pelo menos seis meses, em grau mal-adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento:

(a) frequentemente agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira;
(b) frequentemente abandona sua cadeira em sala de aula ou outras situações nas quais se espera que permaneça sentado;
(c) frequentemente corre ou escala em demasia, em situações nas quais isto é inapropriado (em adolescentes e adultos, pode estar limitado a sensações subjetivas de inquietação);
(d) com frequência tem dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em atividades de lazer;
(e) está frequentemente “a mil” ou muitas vezes age como se estivesse “a todo vapor”;
(f) frequentemente fala em demasia;

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Impulsividade:
(a) frequentemente dá respostas precipitadas antes de as perguntas terem sido completadas;
(b) com frequência tem dificuldade para aguardar sua vez;
(c) frequentemente interrompe ou se mete em assuntos de outros (intromete-se em conversas ou brincadeiras);
Percebam a palavra frequência! Crianças agitadas apresentam uma ou outra destas características, que fazem parte de seu desenvolvimento cognitivo e psicológico. O que não pode haver é a generalização destas características.

daniela-menicalliDANIELA MENICALLI

Psicóloga clínica, mestre em Distúrbios do Desenvolvimento, com formação há 18 anos. Atualmente responsável pelo Instituto Daniela Menicalli de Psicologia e professora coordenadora na Faculdade Fia – USP.


foto principal: divulgação