Algumas organizações de todos os tipos, inclusive governamentais, usam, em muitos casos, a estratégia do décimo homem em seus planejamentos e definição de políticas. Trata-se de escolher uma ou mais pessoas cuja função é discordar de tudo aquilo em que os nove primeiros consultados concordaram. Assim, se nove pessoas convergirem sobre um determinado assunto o décimo deve, obrigatoriamente, discordar, independente de suas convicções, e tomar as providências para o caso das nove primeiras pessoas com as mesmas opiniões estiverem erradas.
No filme Guerra mundial Z, de 2013, dirigido por Marc Foster e estrelado por Brad Pitt, esta situação é claramente retratada quando um “vírus”, vindo da Ásia, ataca progressivamente o mundo inteiro transformando as pessoas contaminadas em zumbis, daí o nome do filme. Buscando a cura o protagonista vai a um país que havia construído muralhas ao redor de suas cidades evitando o contágio. Por que haviam feito o que ninguém mais se preocupara em fazer foi explicado pela estratégia do décimo homem, uma vez que lá, como no resto do mundo, a maioria acreditava que a propagação do vírus não era uma ameaça. Obrigado a discordar o décimo homem tomou todas as providências para evitar o contágio se a ameaça se concretizasse.
Esse exemplo nos ajuda a entender que por aqui, assim como em muitas partes do mundo, não estamos entendendo como a pandemia do Covid-19 deixou tanta gente exposta sem que nenhuma alternativa tivesse sido antecipada para evitar seu alastramento. Será que nunca ouviram falar na estratégia? Ou não acreditam em alternativas profiláticas? Não se tem notícia de nenhum lugar que tenha realmente se preparado para enfrentar a pandemia considerando todos os seus desdobramentos e consequências. Poder-se-ia dizer que tudo aconteceu muito rápido, mas tínhamos notícias dos riscos representados pelo vírus e seu alto grau de contágio a mais tempo do que quando foi oficialmente informado e as primeiras providências foram tomadas. Médicos e cientistas chineses alertaram para o fato muito antes do fim de 2019. Se a estratégia fosse considerada os estudos e a logística de distribuição de vacinas poderiam ter sido antecipados ainda que a gravidade da doença não se confirmasse. Ninguém pensou: e ser for verdade? E se virar uma pandemia? Quais ações podem ser preparadas?
As medidas alternativas ou antecipatórias poderiam, eventualmente, serem absolutamente inócuas, mas não é disso que se trata. Não há qualquer informação de que essas medidas tenham sido consideradas. Assim, estamos continuamente apagando incêndios. Transformando e transtornando a vida das pessoas com medidas emergenciais de efeito duvidoso como restringir os horários de funcionamento que induzem a aglomerações. A sensação é de absoluta falta de planejamento, estamos sempre “correndo atrás do prejuízo”, às vezes literalmente, com resultados inexpressivos. Será que não ocorreu a nenhuma instância decisória considerar seriamente a segunda onda ou manter os hospitais de campanha abertos mesmo sem uso, ou, ainda, aumentar os estoques de oxigênio?
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MEDIDAS FÁCEIS E SEM RESULTADOS
Nos falta quem pense para além da unanimidade, discordando dela, antecipando tudo o que pode ocorrer, mesmo que não ocorra. Tomando todas as medidas e organizando as ações e processos independentemente de seu pleno uso ou necessidade. Talvez não estivéssemos vivendo este cenário desolador. Falta-nos o décimo homem.
FERNANDO LEME DO PRADO
É educador
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