Li recentemente que as pessoas são melhores quando conseguem dormir bem: maridos tratam melhor suas mulheres; mulheres são melhores mães quando dormem várias horas seguidas (até a Angelina Jolie já deu depoimento sobre isso); crianças e adolescentes aprendem e crescem mais após pelo menos oito horas de sono e a violência e agressividade aumentam em pessoas impedidas de dormir (eu fico bem agressiva, posso confirmar).
Como a revista onde eu li sobre o assunto não era, digamos, nem um pouco científica, embora alguns desses itens já tivessem comprovação, decidi procurar no Pubmed (um site que abriga artigos científicos, do mundo todo, de grande relevância para o meio acadêmico) o que os grandes cientistas do mundo têm falado a respeito do sono, ou melhor, sobre a falta dele.
Utilizando palavras simples como “Sleepproblems” encontrei 17.904 artigos relacionados ao tema, sendo 747 apenas do ano de 2019.
De fato, o assunto ainda está em alta e longe de ser totalmente entendido, mas o que pôde ser concluído, por enquanto, é que diversos problemas orgânicos bem como comportamentais estão relacionados à falta de sono ou à irregularidades do momento de descanso.
O grande foco ainda são as crianças e adolescentes, mas encontrei alguns artigos que são de fato intrigantes.
Em primeiro lugar há que se conhecer um termo importantíssimo para entender esse assunto: cronotipo.
O cronotipo refere-se às manifestações comportamentais do sistema circadiano (que regula todo o comportamento hormonal dos seres vivos) que governa o tempo preferido de sono e vigília. Há três categorias de cronotipo: tipos matutinos (tipo M), tipos noturnos (tipos E) e nenhum tipo (tipo N).
Como variações no tempo circadiano e perturbações do sistema estão ligadas ao desenvolvimento de doenças, a biologia fundamental do cronotipo tem recebido atenção por seu papel na regulação e desregulação do sono e doenças relacionadas (a partir de 2009, os artigos referidos no Pubmed, praticamente duplicaram em número de publicações).
Estudos familiares indicam que o cronotipo é um traço hereditário, direcionando a atenção para sua base genética. Embora as descobertas de estudos moleculares de genes candidatos tenham esclarecido sua arquitetura genética, a contribuição da variação genética para o cronotipo permanece incerta, com poucas variantes relacionadas identificadas.
Isso nos faz concluir que: crianças sonolentas ou agitadas devem seu comportamento não só aos hábitos atuais da família, mas à correspondência genética de seus pais, ou antepassados.
Um estudo da Oxford University associou problemas de comportamento de crianças e adolescentes com a falta de regularidade no sono, bem como mostrou cientificamente algo que observamos na prática: com a idade tendemos a dormir menos e a ter maiores problemas na conciliação do sono.
Outro artigo chamou muito a minha atenção, pois aprendemos ao longo dos anos a respeitar as preferências pessoais, sendo o ritmo de sono, uma das mais importantes para garantir o perfeito funcionamento orgânico, mas fiquei espantada quando li que, o cronotipo noturno (aquele indivíduo que tem preferência por noitadas para festa ou trabalho) tem sido associado a doenças mentais e sintomas do transtorno de humor, uso de substâncias indevidas, ansiedade, depressão, dificuldades de atenção e comportamentos mal adaptativos, como agressão.
OUTROS ARTIGOS DE ELAINE FRANCESCONI
OS SUPER-HERÓIS EXISTEM – ÚLTIMA PARTE
OS SUPER-HERÓIS EXISTEM – PARTE 3
OS SUPER-HERÓIS EXISTEM – PARTE 2
Em um mundo ideal, o cronotipo deveria ser respeitado. Inúmeros artigos apontam para melhor aproveitamento acadêmico em crianças e adolescentes (principalmente) em horário escolar tardio, tendência adotada por vários países da Europa e EUA, bem como para a prática esportiva.
Três artigos de 2019 associaram problemas de sono em adolescentes com uso precoce e abusivo de álcool e maconha, outro, observou que quase 95% das pessoas com tendência suicida apresentavam problemas de sono e por último, e o que todos temiam, uma revisão sistemática concluiu que o uso intensivo de internet afeta sim a quantidade e qualidade do sono.
Fatos cientificamente comprovados.
Nada para se preocupar em demasiado, mas redobrar a atenção aos nossos pequenos, familiares, amigos e companheiros é dever de todos nós.(Foto/cena do filme De Volta Para o Futuro)
Bacharel em Zootecnia (UNESP Botucatu). Licenciatura em Biologia (Claretiano Campinas). Mestrado (USP Piracicaba) e doutorado (UNICAMP Campinas) em Fisiologia Humana. Professora Universitária e escritora.
VEJA TAMBÉM
QUEDA DE CABELOS APÓS COVID. MULHERES RECLAMAM. ASSISTA AO VÍDEO DA GINECOLOGISTA LUCIANE WOOD…
ACESSE O FACEBOOK DO JUNDIAÍ AGORA: NOTÍCIAS, DIVERSÃO E PROMOÇÕES
PRECISANDO DE BOLSA DE ESTUDOS? O JUNDIAÍ AGORA VAI AJUDAR VOCÊ. É SÓ CLICAR AQUI