As pesquisas erraram mais uma vez. O embate entre democratas e republicanos se torna um jogo de apostas. Ora o vento sopra de um lado, ora de outro. À margem de avaliações técnicas, se sobrepõe a torcida por um ou outro candidato. Ou seja, a emoção ofusca a visão dos cientistas políticos e jornalistas de todo jaez. Ninguém ignora que o que está em jogo é a liderança dos Estados Unidos no mundo, posto que ocupa desde o final da Segunda Guerra e, pelo menos aparentemente, não há adversário geopolítico que possa contestar a hegemonia da América, rotulada pela esquerda como potência imperialista. O fato é que, gostem ou não do programa dos partidos políticos, o vencedor será cobrado pelo que promete na campanha eleitoral, como acontece desde as eleições presidenciais do século 19.
É compreensível que haja uma dose de emoção na campanha presidencial. Os comícios dos candidatos estão sempre cheios e não faltam banners, bonés, canções e bandeiras americanas. Muita bandeira. Alguns cientistas políticos entendem que em termos de política externa, muito pouco um candidato difere do outro. Historiadores marxistas leninistas dizem que republicanos e democratas são as duas faces de um mesmo sistema. Ou seja, diferem um do outro no varejo, mas jamais no atacado. Se a hegemonia americana está em risco não há divisão, mas a soma dos contrários. Se isso procede ou não, o tempo vai mostrar. O resultado da escolha sempre é representado pela vitória do cidadão americano. Democratas e republicanos são responsáveis, ao mesmo tempo, por enfiar o país em uma guerra e retirá-la de outra. Um exemplo mais evidente é a guerra do Vietnã.
O presidente democrata quer ser reeleito. Na campanha eleitoral diz que o crescimento da economia e a supremacia americana se devem ao seu governo. Pesquisas eleitorais mostram avanço do candidato republicano para pôr um fim na supremacia dos democratas, que se iniciou logo depois da grande crise do capitalismo em 1929. O vice do falecido presidente Roosevelt, Harry Truman, tem a seu favor sua disposição de impedir que a União Soviética continue patrocinando a expansão do comunismo no mundo e nunca escondeu que tenha se arrependido de ter autorizado o lançamento de duas bombas atômicas contra o combalido Japão em 1945. Tudo leva a crer que Truman será derrotado pelo senador republicano Thomas Dewey, afinal os democratas estão há mais de uma década no domínio político. Os democráticos fazem barba, cabelo e bigode. Harry Truman ganha a eleição e tem maioria no Senado e na Câmara dos Deputados. As pesquisas erram. Os jornais erram. O que fazer com o Chicago Tribune e a manchete em letras garrafais: “Dewey derrota Truman”? (Foto: Sora Shimazaki/Pexels)
HERÓDOTO BARBEIRO
Heródoto Barbeiro é professor, âncora do Jornal Nova Brasil, colunista do R7, apresentou o Roda Viva na TV Cultura, Jornal da CBN e Podcast NEH. Tem livros nas áreas de Jornalismo, História. Midia Training e Budismo. Grande prêmio Ayrton Senna, Líbero Badaró, Unesco, APCA, Comunique-se. Mestre em História pela USP e inscrito na OAB. Canal no Youtube Por Dentro da Máquina, www.herodoto.com.br
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