Há tantas formas de desconsideração. Essa atitude pode rebaixar a autoestima de algumas pessoas e também provocar atitudes agressivas.
Minha amiga Cláudia Mazia falou sobre a Festa Eletrônica, como aconteceu na Faixa de Gaza, ser uma espécie de provocação. Considera que parte da plateia é otimista tóxica, no sentido de não enxergar além dos acontecimentos com suas consequências.
Dá o seu testemunho: Participei das festas eletrônicas na Europa desde os 19 anos e hoje estou com 48. Mesmo me considerando uma aventureira, festeira e destemida, jamais iria participar de uma festa eletrônica na Faixa de Gaza, em pleno território muçulmano, pois para mim seria falta de entendimento. Sou louca, mas sou das antigas e, nesse caso, prefiro ser uma pessimista do que uma otimista tóxica sem noção. Considera o pai do DJ Alok, nesse caso, insensato por ignorar a Sharia. Para quem desconhece, Sharia é o sistema jurídico do Islã. Um conjunto de normas derivado de orientações do Corão, falas e condutas do profeta Maomé e jurisprudência dos fatwas – pronunciamentos legais de estudiosos do Islã.
Opinou ela que o Islam jamais veria com bons olhos eventos que para a cultura deles é perversão. Comentou, ainda, que as festas do Alok são o inverso de paz e amor, como se divulga, pois os jovens são estimulados a consumir bebidas alcoólicas e drogas sintéticas, para mascarar a realidade. E acrescentou: “Falo isso com legitimidade, pois ainda hoje sofro as consequências das festas eletrônicas que frequentei na minha juventude”.
É ela uma moça da sinceridade – escancara sua história -, da observação e com proximidade junto a “empresários do ilícito” no passado, que não respeitam as pessoas, mas as veem como lucro apenas.
Fiquei pensando nessa questão da desconsideração e do respeito aos hábitos culturais das pessoas, aos seus valores. A sociedade não evoluiu na aceitação daquilo que o outro traz consigo: os sotaques da maneira com que foi formado e de suas escolhas. Desde que não cause mal para alguém, é necessário considerar.
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Essa argumentação de otimismo tóxico – desconhecia o termo – é também interessante para se analisar. Você demonstra que está bem por sair da realidade. Complicado, porque uma hora a verdade se agiganta e a pessoa perde o fôlego. Melhor mesmo, nesse caso, ser pessimista, como ela diz.
Dia desses, uma pré-adolescente, ao me desejar felizes festas, completou: “Você salvou minha vida no ano passado”. Surpreendi-me e perguntei como. Respondeu que impedindo que ela sofresse bullying. Não me recordava mais. Bullying nasce do menosprezo, da desconsideração ao próximo. E menosprezar alguém torna pior quem o faz.
Por um Ano Novo com apreço às pessoas!(Foto: br.blastingnews.com)
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE
É professora e cronista
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