Duas mãezinhas de história e sonhos com alguns pontos em comum. Uma, na primeira gravidez, não teve o apoio de que necessitava e o filho pequenino foi para um colo diferente. Viveu, a partir dessa história, em um redemoinho de desgastes emocionais, descuidos por suas dores e por condenações dos que não experimentaram a sua vida. Cavou nela uma ferida que não cicatriza e sangra em suas perturbações. Na atualidade, questiona-se sobre o outro filho, o que continuou com ela: não conseguiu que acertasse o ritmo em descompasso desde criança.
A segunda permaneceu com os filhos, contudo, em um determinado tempo, fez-se presença de ausência ao tentar superar seus problemas maiores no uso de drogas. Perdeu-se do dia a dia em que as crianças e os adolescentes se socorrem dos tombos nos braços da mãe e buscam a direção certa para os voos, em especial os que padecem a ausência da figura paterna. Afastou-se das margens e retomou os passos, no entanto os conflitos são inúmeros.
As duas me dizem que gostariam de aprender a ser mãe. Questiono-me sobre como aprender a educar quando os descuidos, pelos quais passaram, de uma história inteira, superam os cuidados?
Semana passada, o Frei Marcos Matsubara, assessor da Associação dos Carmelos de São Paulo, participou da reunião das integrantes da Pastoral da Mulher/ Magdala. Refletiu sobre o essencial e que somente Deus nos enxerga por inteiro. Como exemplo, citou a imagem de Nossa Senhora de Fátima que havia no local. Dependendo do lado, em que estávamos sentadas, era a visão que tínhamos dela. Ninguém, portanto, pode julgar este ou aquele por um lado que observa. Falou sobre a paciência com o tempo para que algo se realize.
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Essa fala se traduz em sua composição musical: “Nem sempre as coisas acontecem do jeito que a gente quer. (…) / Não feche os olhos para os sonhos olhando só o que se perdeu./ Se a noite escura fere o teu coração, / não desesperes, nem percas a razão: / lembra que Deus te carrega na palma da mão! (…) A paciência tudo alcança/ o amor não cansa e nem se cansa/ nem cansará! (…) Só ressuscita quem assume com coragem sua própria cruz”.
Como diz a Madre Maria Madalena de Jesus Crucificado, OCD, Priora do Carmelo São José: “São muitas lacunas e feridas que ficaram… Mas o Amor de Deus não está amarrado por nada disso”.
Para as duas: misericórdia, oração e esperança.(Foto: www.eusemfronteiras.com.br)
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE
Com formação em Letras, professora, escreve crônicas, há 40 anos, em diversos meios de comunicação de Jundiaí e, também, em Portugal. Atua junto a populações em situação de risco.
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