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DESEJO, o claro enigma

O desejo, de acordo com as ciências humanas, em destaque a filosofia e psicologia, é o que nos move. Pensando em nossa condição humana de ser, o desejo nos impulsiona e, consequentemente, temos nossas atitudes. Daí a origem do exemplo interessante, bem comum, das figuras que costumamos comparar, são elas: o camarada “cheio de atitude”, que geralmente se dá bem nas histórias, como também tem o “de pouca atitude” – e esse, comumente, se dá mal. Se o relato for no contexto da conquista, do bico doce no xaveco e agasalhar uma mulher com palavras… já era, o colega sem atitude perdeu, não é? Por que é assim que funciona?

Respeitando a ordem de acontecimentos, na nossa mente, e que traduzem na ação, desejar é um tanto primário e instintivo. Como desejar o que é certo? E por que seria certo ou errado?

Um dia destes, estava comprando almoço, feito por uma família que acabara de iniciar o empreendimento de produzir refeições. Família humilde, muito bonita, e que buscava se rearranjar na pandemia. Realidade de muitas famílias, dado o impacto econômico do Covid-19. Assim, trocamos algumas palavras:

– Agradeço o almoço. Vocês são uma família bonita. Parecem chateados, confiem que vai dar certo. Já começaram bem, o cheiro é delicioso!, disse eu.

– Obrigado. Estamos muito chateados sim, mas acreditamos também que pode dar certo, respondeu a mãe.

– Por que estão tão chateados?

– É que estamos com saudades de Gramado(foto).

– Entendi. Vocês viviam lá? Talvez a família seja de lá também. A distância abate vocês?

– Não, não vivíamos. E nossa família é toda daqui, de Jundiaí…

– Então costumavam estar lá sempre? Devem ter atividades por lá, né?

– Também não. Nós fomos lá uma vez só, um tempinho atrás.

– Então, vocês puderam conhecer a cidade de Gramado…     

– Sim, a gente conheceu. Nós queremos estar lá, concluiu ela.

A conversa, para mim, é interessante e me chamou atenção, porque a complexidade do nosso enigma está aí – desejar o que não dá para desejar. Melhor dizendo: desejar algo que no momento não podemos ter, permitindo impacto negativo em nós. Apenas faço o complemento sobre Gramado, dado que pode haver leitores, que não conhecem essa localidade. Gramado é uma linda cidade montanhosa do Brasil, no Rio Grande do Sul. Charmosa, muitos cafés e dos bons, chocolates, aquele clima românico. Cidade tipicamente turística, que pessoas ao redor do mundo vêm para cá conhecer. É a suíça brasileira. Voltando… o desejo não atendido, ou não administrado, nos traz o oposto do desejo, a frustração, assim como trouxe para a família.

Talvez, o querido colega leitor entenda como um tanto óbvio, e agradeço por sua generosidade nesta leitura. Ocorre que, no óbvio, comumente, podemos encontrar coisas não tão óbvias. O índice de infelicidade, pesquisado globalmente, considerando todos os países, aponta que o Brasil é o 2° país mais infeliz do mundo (19,8%), atrás, somente, da Turquia (26,3%), segundo o jornal ‘O Tempo’, de 21/06/21. O Núcleo de Estudos Sobre Felicidade e Comportamento Financeiro, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), aponta que o Brasil é 2° colocado, porque, principalmente, desejamos realizar muitas coisas, além das que podemos, e ficamos aquém do que esperamos (Jornal Estado de Minas, 2014). Portanto, temos aqui na obviedade, doutores, pesquisadores e eruditos se desdobrando para elaborarem algo (e demoram para chegar em conclusões). Desejo, o claro enigma.

Fábio Gallo, doutor em Filosofia, complementa e exemplifica com a amostra do pensamento de Sigmund Freud, relatando que a infelicidade é externa ao homem, dada a distância entre o padrão que se quer e o que verdadeiramente cabe em suas possibilidades (FGV, 2014).  

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Particularmente opinando, e posso estar enganado, há o pensamento comum e pueril entre nós, de que o céu é o limite, e tudo é possível. Coisas são possíveis sim em opinião pessoal, e precisamos muito desejar e sonhar. Se não o fizéssemos, entendo que já poderíamos morrer, porque não estaríamos vivendo. Porém, precisamos avaliar o fator insucesso. Acredito que coisas são possíveis, porém não dá para colocar São Paulo dentro da cidade de Jundiaí. A expectativa, na maioria de nós, é elevadíssima. Como que fôssemos feitos para dar tudo certo, tudo planejado, bonitinho e perfumado (na nossa ideia). E aí, claro, que tem a frustração. É um direito sermos felizes, ué! Poxa vida!

Isso pode remeter nosso pensamento à avaliação: Qual tem sido o “Gramado” dos nossos desejos? Que podemos fazer com ele, ou por ele? Tenha um ótimo dia.

DIOGO GOMES RIZZI

Administrador, filósofo, especialista em negociação. Experiente em gestão de negócios no Brasil, América Latina e Central, Europa e Ásia. Estudioso e apreciador da literatura.

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