DO DESGOSTO ao tratamento, o longo caminho para aceitar a depressão

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25 de outubro de 2019

Tudo começa com um vazio na alma, um olhar distante, uma fadiga incontrolável, noites mal dormidas. Sem perceber, você vai se esquivando das pessoas, evitando participar de festas, negando convites até mesmo para o cinema, que antes era um compromisso fixo em sua agenda. As palavras diminuem, os sorrisos também. Vem a apatia, desgosto, o esquecimento e uma vontade incontrolável de se isolar do mundo. O medo começa a ser recorrente e as lágrimas correm a qualquer momento – seja durante um pensamento ou acontecimento. Às vezes elas surgem do nada, mesmo.

E aí começam a te perguntar o que é que você tem. E o que você não tem é vontade de responder a essas perguntas, que se tornam frequentes, tão frequentes que passam a te irritar – mesmo sendo esta uma prova de preocupação de alguém com você. Nada serve, nada está bom. E, de repente, você passa a sentir o braço formigar, o coração acelerar, a respiração intensificar, numa clara expressão de desespero; do medo de morrer.

Você não sabe, mas são sentimentos mistos de depressão, de ansiedade e de uma série de problemas que de fato existem, que foram desencadeados por algo, mas que tem um complexo fundo emocional. Você já não consegue pensar, sua criatividade desaparece e as tarefas que antes eram realizadas com facilidade passam a ser tão difíceis, que o tornam improdutivo. O coração vive saindo pela boca.

Aceitar que está precisando de uma ajuda profissional é muito difícil. Mais difícil ainda, é aceitar um tratamento para uma doença que muitos ainda acreditam que é apenas frescura, falta de fé ou um ato de querer chamar a atenção. A depressão é o resultado de uma complexa interação de fatores psicológicos, sociais e biológicos. Você pode ter passado por um evento como luto, trauma psicológico, desemprego, término de um relacionamento, e não ter percebido que isso foi apenas o pontapé inicial para uma série de problemas. E, para quem não acredita, há sim uma relação intensa entre a depressão e a saúde física. Quem já passou pelo problema, sabe que em determinado momento a dor gerada pelos sentimentos é sentida na carne. Sim, dói na carne e parece que nada é capaz de curar; que o problema jamais será solucionado… E aí vem o desespero.

Um episódio depressivo pode ser considerado leve, moderado ou grave, dependendo da intensidade dos sintomas.Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 300 milhões de pessoas sofrem com a depressão. Na pior das hipóteses, a depressão pode levar ao suicídio. Estima-se que mais de 800 mil pessoas cometem suicídio/ano, sendo a segunda principal causa de morte entre pessoas com idade entre 15 e 29 anos. A depressão, bem como outras condições de saúde mental está em ascensão; trata-se de um fenômeno mundial. Ainda segundo a OMS, a depressão será a doença mais incapacitante do planeta até 2020. E faltam pouco mais de 60 dias para a gente chegar lá.

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Esqueça o preconceito, acabe com a sua resistência e procure ajuda médica psicológica. Lembre-se: o preconceito pode ser combatido com o conhecimento. Se você não tem a doença, mas tem um amigo com esses sintomas, ajude-o a encarar o problema de frente. Quem cuida da saúde mental tem mais qualidade de vida. E viver bem é fundamental.

VALÉRIA NANI